A Loucura de Nero Tinha Nome

 A Loucura de Nero Tinha Nome (Nerópolis)




O Cristianismo teve seu nascedouro no Judaísmo, sendo que os primeiros cristãos, na sua maioria judeus, não criam que faziam parte de uma nova expressão religiosa, apenas criam que o Messias aguardado pelo Judaísmo já tinha vindo na pessoa de Jesus Cristo, da mesma maneira que o judeus ortodoxos não viam o Cristianismo como uma nova religião, mas uma manifestação heterodoxa dentro do Judaísmo, por este motivo os judeus foram os primeiros perseguidores do Cristianismo. O Império Romano via esta questão como um conflito entre os judeus, e deixava para os mesmos a resolução destas questões.

Sendo Galião procônsul da Acaia, os judeus levantaram-se unanimemente contra Paulo e conduziram-no ao tribunal, dizendo: "este indivíduo procura persuadir os outros a adorar a Deus de maneiro contrária à Lei". Paulo ia abrir a boca, quando Galião retrucou aos judeus: "Se se tratasse de delito ou ato perverso, ó judeus, com razão eu vos atenderia. Mas se são questões de palavras, de nomes, e da vossa própria Lei, tratai vós mesmos disso! Juiz dessas coisas eu não quero ser". E despedi-os do tribunal.

Os romanos só interviam para restabelecer a ordem quando este conflito gerava um tumulto demasiado: A cidade toda agitou-se e houve aglomeração do povo. Apoderaram-se de Paulo e arrastaram-no para fora do Templo, fechando-se imediatamente as portas. Já procuravam matá-lo, quando chegou ao tribuno da coorte a notícia: "Toda jerusalém está amotinada!" Ele imediatamente destacou soldados e centuriões e arremeteu contra os manifestantes. Estes, à vista do tribuno, e dos soldados, cessaram de bater em Paulo.

Com a expansão do Cristianismo entre os gentios, estes passaram a ser maioria na cristandade, por consequência o Cristianismo faz uma ruptura final com o Judaísmo, e passa a ser considerado por Roma como uma religião independente.

O rápido crescimento do Cristianismo chamou a atenção do poder Imperial, seu conteúdo doutrinário era contrário a ordem social estabelecida, pois se negavam a participar do culto ao Imperador e aos deuses romanos, culto este considerado essencial para o bem estar do Império, adorando a Jesus Cristo como Rei Eterno, seu ensinamento de igualdade entre os homens colocava escravos e livres em igualdade, pois o escravo podia tornar-se líder da igreja. Não havia dentro da igreja a divisão: senhor e escravo, os dois eram tratados de forma igual.

Suas reuniões à portas fechadas levantavam suspeitas de conspiração contra o Estado, eram acusados de incesto, de canibalismo e de práticas desumanas, a ponto de serem acusados de infanticídio em adoração ao seu Deus. A saudação com o ósculo santo (beijo) foi transformado em forma de conduta imoral.

Por estes motivos: o Cristianismo parecia um ensino desleal e perigoso para o Estado e para a sociedade. Assim, os cristãos foram acusados de anarquistas, sacrílegos, ateus e traidores. O governo, então, hostilizava o Cristianismo porque o considerava uma ameaça ao Estado supremo.

Nero (37-68 d.C.), assumiu o poder em outubro do ano 54 d.C., se tornando o primeiro Imperador romano a perseguir o Cristianismo, no início de seu reinado fez várias leis que favoreciam os mais pobres e necessitados, mais gradualmente se deixou levar por suas vaidades, sendo que dez anos após assumir o reinado sua popularidade era baixa, sendo desprezado por boa parte da população e também pelos intelectuais, classe que ambicionava pertencer mesmo sem ter os dons necessários para isso.

Na noite de 18 de julho do ano 64, a cidade de Roma foi consumida por um grande incêndio, que durou seis dias e sete noites, destruindo dez dos quatorze bairros da cidade, o próprio Imperador abriu seus jardins para abrigar os que haviam ficado sem refúgio.

Os historiadores antigos não são unânimes em afirmar que Nero foi o mandante do incêndio de Roma, para o historiador romano Suetônio (69-122d.C.), o Imperador objetivava a destruição da cidade, pois queria construir uma cidade mais moderna e bela com o seu nome: "Nerópolis" e que o incêndio foi contemplado por ele do alto da torre de Mecenas, extasiado - confessava - com a "beleza do fogo"; e cantou com a sua roupagem de teatro, A Ruína de Ílion, provavelmente um poema de sua autoria.

Os historiadores modernos acreditam que o mais provável é que o fogo tenham nascido por um acidente - e não provocado por Nero. A única certeza é que houve realmente um incêndio arrasador, que começou entre 18 e 19 de julho do ano 64 d.C. e destruiu boa parte de Roma, causando grande quantidade de mortes, embora o número total não seja conhecido. Um dos motivos do mistério é que os registros sobre o incêndio foram escritos várias décadas depois - não há testemunhos deixados por pessoas que tenham presenciado o fato. A teoria que põe a culpa em Nero parte da seguinte idéia: ele queria fazer uma grande reforma urbana na cidade, pondo bairros inteiros abaixo para erguer construções mais modernas. Aí, para apressar essa repaginação na metrópole, Nero teria mandado tascar fogo geral! A outra teoria - a do fogo acidental - é de que as chamas surgiram em algum dos cubículos de madeira do imenso "camelódromo" que ficava ao lado do Circo Máximo, o maior dos hipódromos romanos. Nero pode não ter feito essa loucura, mas também foi acusado de matar a mãe!


 Algumas hipóteses para o incêndio:

1. A maioria dos historiadores acredita que o incêndio que destruiu Roma surgiu perto do Circo Máximo, um hipódromo romano. Nas redondezas, havia um "camelódromo": centenas de cubículos de madeira ocupados por astrólogos, prostitutas e cozinheiros, que usavam o fogo para cozinhar e iluminar o ambiente

2. Na noite de 18 ou 19 de julho do ano 64 d.C., o calor do verão em Roma era intenso e as chamas de um desses cubículos se alastraram. Por causa do clima quente e da enorme quantidade de madeira, o fogo se espalhou, atingindo lojas de materiais inflamáveis da área

3. Para piorar, estaria soprando em Roma um forte vento no sentido sudeste, que teria atiçado as chamas e feito com que o fogo se espalhasse com rapidez pela cidade, deixando pouco tempo para que as pessoas fugissem pelas ruelas estreitas e tortuosas

4. A área mais povoada de Roma era ocupada por precários prédios de até cinco andares, feitos de madeira, tijolos e alvenaria. O fogo teria se disseminado primeiro por esses prédios e, em seguida, teria avançado para os setores mais ricos, destruindo as sólidas construções onde vivia a nobreza

5. Horas depois do início do fogo, uma gigantesca nuvem de fumaça cobria toda a cidade. Pessoas que tiveram suas casas arrasadas e testemunharam a morte de parentes entraram em desespero: em vez de fugir, elas preferiram se suicidar, jogando-se às chamas

6. Nas ruas, pessoas tentavam combater o incêndio jogando água com baldes. Algumas caíam mortas por asfixia ou morriam ao ser pisoteadas. Alguns relatos dizem que as tentativas de apagar o fogo foram impedidas por bandidos, interessados em saquear as casas abandonadas

7. E Nero nessa história? Segundo boatos, o imperador romano teria subido ao teto de seu palácio e começado a tocar sua lira, enquanto apreciava os efeitos do fogo. Outros relatos desmentem essa versão, argumentando que Nero chegou a participar de brigadas para conter o incêndio - e que as chamas destruíram até o seu palácio

8. Para conter o incêndio, grandes áreas de Roma foram demolidas para eliminar do caminho do fogo tudo o que pudesse alimentá-lo. As versões são de que o incêndio durou entre cinco e sete dias. As áreas destacadas em vermelho e laranja foram gravemente afetadas pelo desastre. Apenas a região em verde escapou de sofrer danos.


O historiador Tácio, que provavelmente se encontrava então em Roma, conta vários dos rumores que circulavam, e ele mesmo parece dar a entender a sua opinião, pela qual o incêndio havia começado acidentalmente num depósito de azeite.

Em meio a desordem e ao sofrimento a população exigia que o culpado por tal catástrofe fosse encontrado e punido, então logo começou a propalar-se que o imperador, em seus desatinos de poeta louco, havia incendiado a cidade para que o sinistro lhe servisse de inspiração.

Mesmo fazendo todos os esforços para inocentar-se, enquanto não encontrasse um culpado, a população continuaria suspeitando de sua pessoa. Quando o incêndio terminou, foi observado que dois dos bairros que não haviam queimado, eram zonas da cidade em que havia mais judeus e cristãos, então se aproveitando do clima de hostilidade já existente contra os cristãos, o imperador, por conveniência, passa a acusá-los. Suetônio afirma que Quanto aos cristãos, espécie de homens afeitos a uma superstição nova e malígna, infligiram-se-lhes suplícios.

O historiador pagão Tácito (55-120 d.C) relata o que aconteceu: Apesar de todos os esforços humanos, da liberalidade do imperador e dos sacrifícios oferecidos aos deuses, nada bastava para apartar as suspeitas nem destruir a crença de que o fogo havia sido ordenado. Portanto, para destruir esse rumor, Nero fez aparecer como culpado os cristãos, uma gente odiada por todos por suas abominações, e os castigou com mui refinada crueldade. Cristo, de quem tomam o nome, foi executado por Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. Detida por um instante, esta superstição daninha apareceu de novo, não somente na Judéia, onde estava a raiz do mal, mas também em Roma, esse lugar onde se narra e encontram seguidores de todas as coisas atrozes e abomináveis que chegam desde todos os rincões do mundo. Portanto, primeiro forma presos os que confessaram (ser cristãos), e baseadas nas provas que eles deram foi condenada uma grande multidão, ainda que não os condenaram tanto pelo incêndio mas sim pelo seu ódio a raça humana. (Anais, 15:44).

 

Enquanto o povo gritava: Christianos ad leonem! (Os cristãos aos leões!), estes eram presos e conduzidos para as arenas.

Apesar de acreditar na inocência dos cristãos as palavras de Tácito refletem a hostilidade que a população romana tinha pelos mesmos, o historiador demonstra que o castigo imposto pelo Imperador era excessivo sendo feito não por uma questão de justiça mas para satisfazer seu próprio capricho.

Além de matá-los (aos cristãos) fê-los servir de diversão para o público. Vestiu-os em peles de animais para que os cachorros os matassem a dentadas. Outros foram crucificados. E a outros acendeu-lhes fogo ao cair da noite, para que a iluminassem. Nero fez que se abrissem seus jardins para esta exibição, e no circo ele mesmo ofereceu um espetáculo, pois se misturava com as multidões, disfarçado de condutor de carruagem. Tudo isso fez com que despertasse a misericórdia do povo, mesmo contra essas pessoas que mereciam castigo exemplar, pois via-se que eles não eram destruídos para o bem público, mas para satisfazer a crueldade de uma pessoa. (Anais 15:44)

O historiador cristão Eusébio de Cesaréia (263-340 d.C.) afirma que durante esta perseguição Paulo foi decapitado em Roma, e Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, pois pediu para si esse sofrimento. Para fugir da perseguição os cristãos começaram a se refugiar nas catacumbas de Roma. Embora tenha sido cruel, esta perseguição ficou restrita a cidade de Roma, não alcançando as províncias do Império.

No ano 68 após uma revolta popular, e ter sido deposto pelo senado, Nero se suicida, seguindo então um período de desordem, tão grande que os historiadores chamam o ano de 69 "o ano dos quatro imperadores". Por fim Vespasiano pode tomar as rédeas do estado e logo o sucedeu o seu filho Tito, o mesmo que no ano 70 havia tomado e destruído Jerusalém. Em todo este período, o Império parece ter esquecido os cristãos, cujo número continuava aumentando silenciosamente.

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