As pérolas, os cães e os porcos

 

As pérolas, os cães e os porcos

 


 

Jesus disse: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as suas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem” (Mateus 7:6). As interpretações desses versículos variam e, às vezes, são completamente estranhas ao seu contexto. Algumas até o aplicativo literalmente, dizendo que é pecado dar as sobras da mesa (já abençoadas através da oração) ao cão doméstico. Mas mesmo uma leitura superficial do contexto, a qual é a mensagem mais espiritual já transmitida ao homem, mostra que Jesus não se refere a cães de estimação ou porcos literais. Sua mensagem é claramente espiritual.

Jesus usa animais aqui, como em outros lugares, para representar as características específicas de certas pessoas. Do mesmo modo, ele chamou Herodes de raposa (Lucas 13:32) e os fariseus de “serpentes, raça de víboras” (Mateus 23:33). Seus seguidores frequentemente eram chamados de ovelhas (João 10:27). Esta prática também é comum em outros livros da Bíblia. Pessoas teimosas e sem entendimento são comparadas a cavalos e mulas (Salmo 32:9). Líderes que abusam de suas posições são chamados de lobos (Atos 20:29; Ezequiel 22:27) e leões (Sofonias 3:3). O diabo é descrito como leão (1 Pedro 5:8), dragão e serpente (Apocalipse 12:9).

O que Jesus queria ensinar quando falou para não dar aos cães o que é santo? No Velho Testamento, aos sacerdotes era permitido comer de certos sacrifícios oferecidos ao Senhor (Êxodo 29:33; Levítico 2:3). Seria impensável para eles jogarem essa comida sagrada para algum cão vadio. O cão não seria capaz de apreciar o valor disso. Da mesma forma, um porco jamais pode apreciar a beleza e o valor de uma pérola rara. É baseado nestes fatos óbvios que Jesus advertiu sobre o erro de jogar o que é sagrado aos cachorros ou porcos. Seu comentário não se trata da alimentação dos nossos animais de estimação!

Há cães espirituais neste mundo, ou seja, pessoas que simplesmente não apreciam o valor das coisas espirituais. Jesus disse que não se deve forçar o evangelho sobre essas pessoas. Por mais que queiramos guiar uma pessoa ao Senhor, não podemos obrigar ninguém a obedecer a Deus. Jesus usou uma linguagem mais clara para falar do mesmo assunto quando invejoso os apóstolos para pregar: “Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudiu o pó dos seus pés” (Mateus 10: 14).

Hoje em dia, precisamos fazer a mesma coisa quando ensinamos o evangelho. Para aqueles que são famintos e sedentos de justiça, recomendamos dar todas as oportunidades para aprenderem a vontade de Deus. Mas aqueles que já demonstraram sua falta de interesse nas coisas espirituais não devem e não podem ser convocados a obedecer. Admoestações constantes, mesmo bem intencionadas, não transformarão um cão em um cordeiro.

precisamos ser cuidadosos aqui. Podemos discernir a atitude de uma pessoa somente depois de tentar ensiná-la. Não devemos desistir de alguém antes da oportunidade de ouvir o evangelho. Só Deus sabe o que realmente está no coração. Podemos avaliar somente pelos frutos produzidos (Mateus 7:17-20).

Este princípio nos ajuda em saber como lidar com familiares e amigos que simplesmente não têm interesse na palavra de Deus. É normal o cristão desejar a salvação das pessoas mais queridas na sua vida, mas nem todas estas pessoas aceitam a palavra. Quando percebemos a futilidade de nossos esforços, deixamos a porta aberta para quem nos procura, mas vamos oferecer a mesma oportunidade para outras pessoas. Paulo desejava a salvação dos judeus (seus parentes na carne – Romanos 9:1-4), mas viu a exclusão de muitos deles e levou a mensagem do evangelho às pessoas de outras nações (Atos 13:44-49).

Uma lição final desta instrução de Jesus: não seja cão ou porco! Mostre para Deus um coração aberto para valorizar e receber sua santa palavra!

 

Por: Dennis Allan

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