Batuque

 

Batuque



Batuque é uma forma genérica de denominar as religiões afro-brasileiras de culto aos Orixás do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, de onde se estendeu para os países vizinhos tais como Uruguai e Argentina. O Batuque é fruto de religiões dos povos da Guiné, Benim e Nigéria, possuindo raízes diferentes e somente pouco relacionadas com as Nações do Candomblé.

O Batuque possui os lados Oyó e Ijexá, mas tendo como as principais nações do Batuque a Cabinda e o Jeje. Hoje, o Batuque possui milhares de casas e inúmeros praticantes e adeptos.

 

História

A estruturação do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no início do século XIX, entre os anos de 1833 e 1859. Tudo indica que os primeiros terreiros foram fundados na região de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notícias, em jornais desta região, matérias sobre cultos de origem africana datadas de abril de 1878 (Jornal do Comércio, Pelotas). Já em Porto Alegre, as notícias datam da segunda metade do século XIX, quando ocorreu a migração de escravos e ex-escravos da região de Pelotas e Rio Grande para Capital.

Os rituais do Batuque seguem fundamentos principalmente das raízes da nação Ijexá, provenientes da Nigéria, e dá lastro as outras nações como os Jejes do Daomé (hoje Benim), Cabinda e Oió, também na Nigéria.

O Batuque surgiu como diversas religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, criado e adaptado pelos negros da diáspora africana à época da escravidão. Um dos principais representantes do batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã.

 

Etimologia

Há um debate etimológico quanto ao nome desta tradição religiosa. De um lado, a defesa de que o nome "Batuque" fora dado por brancos, sendo que os africanos e afro-brasileiros o chamavam de "Pará", sendo "Pará", então, outro nome pelo qual é conhecido o Batuque. De outro lado, cita-se pesquisas etnográficas realizadas por Roger Bastide na década de 1950 sobre a religião africana no Rio Grande do Sul afirmam que "Pará" é uma forma de chamar tão somente o Peji ou quarto-de-santo, sendo o culto em si aos Orixás chamado unicamente de "Batuque".

 

Descrição

O culto, no Batuque, é feito exclusivamente aos Orixás, sendo o Bará o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, pois este é o orixá da comunicação, e encontra-se seu assentamento em todos os terreiros. Os principais Orixás cultuados no Batuque são: Bará (é o mesmo que é chamado de Orixá Exu no Candomblé), Ògún, Oyá-Iansã, Ṣàngó, Ibeji (que tem seu ritual ligado ao culto de Ṣàngó e Ọṣun), Odé, Otim, Obá, Ọ̀sányin (Ossanhe), Xapanã, Ọṣun, Yemọjá, Nanã (como qualidade velha de Iemanjá), Òrsànlá e Ọ̀rúnmìlà (ligado ao culto de Oxalá).

Há também divindades que nem todas as casas cultuam como: Gama (ligada ao culto de Xapanã), Zina, Zambirá e Xanguin (qualidade rara de Bará com maior ligação ao culto de Nação Cambina). Há casas que cultuam juntos Lebá e Orixá Exu como entidades distintas, ainda que sejam a mesma mas de culturas diferentes. Apesar de muitas destas divindades serem originariamente voduns (como Xapanã e Zambirá), os iorubás também os cultuavam como Orixás. Os seguidores do Batuque se identificam com a nação Nagô (Iorubás). Entre os Orixás não há hierarquia, um não é mais importante do que o outro, eles simplesmente se completam cada um com determinadas funções dentro do culto.

As entidades cultuadas são as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem rituais e rezas muito parecidos, as diferenças entre as nações é basicamente em respeito as tradições próprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas. O Ijexá é atualmente a nação predominante, encontra-se associado aos rituais de todas nações.

Apesar de se assemelhar muito ao Candomblé Queto, o batuque possui seus próprios rituais para feitura e desligamento, jogos de búzios, cozinha ritualística, assentamentos, paramentação, ferramentas de cada divindade, orins, disposição dos orixás dentro do quarto de santo e divindades que são cultuadas dentro do templo e fora dele. Os cultos à Orixás do Batuque são oriundos de várias partes da África, e suas forças estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc., onde também invocam as vibrações de seus Orixás.

Todo ser humano nasce sob a influência de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e a proteção deste Orixá que está naturalmente vinculado e rege seu destino, com características individuais, em que o Orixá exige sua dedicação, onde este poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um Babalorixá ou Ialorixá.


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