Ogum (em iorubá: Ògún; em castelhano: Oggún; em francês: Ogoun; em fom: Gu) é um vodum loá e orixá do ferro, guerra, agricultura, caminhos, caça, tecnologia e protetor de artesãos e ferreiros. Ogum ou Ogulê (em iorubá: Ògún) é, na mitologia iorubá, o orixá ferreiro, senhor do ferro, da guerra, da agricultura e da tecnologia. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura e para a guerra.
Na África, seu culto é restrito aos homens, e
existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filho mais velho de Oduduwa, o
fundador de Ifé, identificado no jogo do merindilogun pelos odus etaogunda, odi
e obeogunda, representado materialmente e imaterial no candomblé através do
assentamento sagrado denominado igba ogun.
Nomes
Ogum (em iorubá: Ògún) possui vários nomes iorubás no candomblé, a citar: Ogulê, Ogundelê, Ogundilê (Ògundélé), Ogundilei, Ogum-de-lei, Ogundemenê (Ògúndemonlé). Entre os fons, é chamado Gu.
No vodu haitiano, foi desmembrado numa família de loás[4] que tem Ogum como prenome: Ferreiro (em francês: Ferraille; lit. "ferragem"), Balinjô (Balindjo), Badagris, Panamá, Olixá (em iorubá: Olis̩a), Ossanguê (em francês: Ossangoué; em iorubá: Ossangwé) Axadê (em iorubá: Aṣade), Trovão (em francês: Tonnerre), Xangô (em iorubá: S̩ango), Batalá (Bhathalah), Guerriê, Chatarrá, Chal. Na umbanda, como uma série de entidades, aparece como Beira-Mar/Marinho (quiçá de mariuô), Malê, Dilê (Oggun Nile da santeria), Nagô, Iara (em iorubá: yára; lit. "rápido", "ativo"), Matinada, Metá, Naruê, Oiá, Rompe-Mato, Xoroquê, Mejê ou Mejejê (Ògún méjeje). No batuque, como o orixá Avagã.
Pungo Dibudi na regla kimbisa do Santo Cristo
da Boa Viagem, Sarabanda, Vento Mal (Viento Malo) e Cabo em Guerra (Cabo en
Guerra) no palo, Acutorio Orgulê (Acutorio Orgullé ararás, Noi (Noy), Nou e
Ajuagum (Ajuaggún) no cabildo gangá, Iboru e Bocú nos ritos ijexás. Abo
Ichokún, Alagwede, Soude, Corona Apanada e Oguedai (Cuba); Aganju (Linguessou
ou Linguesú) (Haiti e República Dominicana), Jiyán Petró e Pier Basicó (Rep.
Dominicana), Onsú, Neguê e Belié Belcánascido. Em Trindade e Tobago, os Oguns
são Olobá (Ologba), Olopelofonte (Olopelophon), Oromelai (Oromelay), Olomené e
Oloremai (Oloremay).
Vodu haitiano
Badagris era originalmente uma divindade iorubá, adotada pelos aradás, cujos atributos são o ferro, a guerra e o relâmpago. Segundo Louis Maximilien, Ferreiro é filho de Badagris e amante de sua madrasta Erzulie e foi sincretizado com São Jorge; Balinjô também é associado a Jorge. Panama é o protetor das palmeiras e é descrito usando chapéu de abas largas com tecido de folhas de palmeira. Olixa é tido como cruel e mau humorado, enquanto Ossangué faz curas milagrosas. Guerriê porta gorro vermelho e uma espada.
Santiago Maior no vodu haitiano e santeria de Porto Rico No Brasil, é associado a Santo Antônio
João Batista com Ogum Trovão do vodu haitiano e
Ogum da santeria de Cuba. Na santeria, Ogum ainda é associado a São Pedro.
Religião iorubá
Na religião iorubá, é citado como o primeiro orixá a descer ao reino de Ilê-Aiê ("Terra"), com o objetivo de encontrar uma habitação adequada para a futura vida humana e, consequentemente, recebe o nome de Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra." Foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos iorubás.
Considerado senhor do ferro, da guerra, da
agricultura e da tecnologia, Ogum era o filho mais velho de Odudua. Este último
era o rei fundador da cidade de Ifé, e Ogum assume o título de rei regente da
cidade quando seu pai perde momentaneamente a visão.
Arquétipo
De acordo com Pierre Verger, o arquétipo de
Ogum é o das pessoas fortes, aguerridas e impulsivas, incapazes de perdoar as
ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus
objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que, nos momentos
difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido
toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos
de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das
pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros
por uma certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à
sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas.
Representatividade
Por causa deste contexto, compreende-se a
popularidade de Ogum. Especula-se que ele tenha sido a primeira divindade
cultuada pelos iorubás na África Ocidental; além disso, era um dos deuses em
que os escravos africanos recorriam. Os seguidores de Ogum podem jurar a
verdade em tribunais "beijando" um pedaço de ferro ou metal, enquanto
que os motoristas carregam um amuleto de Ogum para evitar acidentes de
trânsito.
Em outras mitologias
Ogum é conhecido no candomblé como o orixá
ferreiro. Ele é irmão de Exu, com quem é considerado dono de todos os caminhos
e encruzilhadas, e identificado no jogo do merindilogum pelos odus etaogundá,
odi e obeogundá, representado materialmente e imaterial através do assentamento
sagrado denominado Ibá de Ogum. Já na santeria, ele é um dos quatro orixás
guerreiros, representando o solitário hostil que vaga pelos caminhos. Além
disso, Ogum é o dono dos montes junto com Oxóssi e dos caminhos, este último
junto com Eleguá.
Cultura popular
Ogum é homenageado na música de sucesso "Ogum", gravada originalmente por Zeca Pagodinho, em 2008, homenageando também São Jorge, com quem é sincretizado.
Em 2022 o rapper brasileiro Criolo lançou a
canção "Ogum Ogum" em parceria com a cantora cabo-verdiana Mayra
Andrade, com quem performou no Rock in Rio naquele ano.
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