O modelo predominante no período profético era
a palavra vinda diretamente do Senhor ("assim diz o Senhor") que os
profetas anunciavam e ilustravam em sua próprias vidas: uma prostituta como
esposa (Oséias); nomes dos filhos (Is 7.3, 8.3); cinto (Jr 13.1-11); o vaso do
oleiro (Jr 18.1-17); a botija quebrada (Jr 19.1-15); a morte da mulher de
Ezequiel (Ez 24.15-27).
Após o exílio, desenvolveu-se a homilia
primitiva, em que passagens das Escrituras Sagradas eram lidas em público ou
nas sinagogas (Ne 8.1-18).
Por volta de 500-300 a. C., os gregos Córax,
Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram a retórica, aperfeiçoada pelos
romanos na forma da oratória (principalmente Cícero, em cerca de 106-43 a. C.).
Jesus, no entanto, pregou o evangelho do reino de Deus com simplicidade,
utilizando principalmente parábolas (Mt 13.34s.; Mc 4.10-12, 33, 34) e
aplicando textos do Antigo Testamento à Sua própria vida (Lc 4.16-22). Uma
análise do livro de Atos revela cinco elementos básicos comuns às mensagens
apostólicas: o Messias prometido no Antigo Testamento; a morte expiatória de
Jesus Cristo; Sua ressurreição pelo poder do Espírito Santo; a gloriosa volta
de Cristo; e o apelo ao ouvinte para que se arrependesse e cresse no evangelho.
A maioria dos cristãos antigos, portanto,
seguiu o exemplo da sinagoga, lendo e explicando de modo simples e popular as
Escrituras do Antigo Testamento e do Novo. Não se percebe muito esforço em
estruturar um esboço homilético ou um tema organizador. A homilia cristã apenas
(segue a ordem natural do texto da Escritura e visa meramente ressaltar,
mediante a elaboração e aplicação, as sucessivas partes da passagem como esta
se apresenta). C. W. Koller, Pregação Expositiva sem Anotações (São Paulo:
Mundo Cristão, 1984), p. 21.
As primeiras teorias homiléticas encontram-se
nos escritos de Crisóstomo (345-407 A. D.), o mais famoso pregador da igreja
primitiva. A primeira homilética foi escrita por Agostinho, em De Doctrina
Christiana. Agostinho dividiu-a em de inveniende (como chegar ao assunto) e de
proferendo (como explicar o assunto). Na prática, esta divisão sistemática
corresponde hoje às homiléticas material e formal.
A Idade Média não foi além de Agostinho, mas
produziu coletâneas famosas de sermões, atualmente publicadas em forma de
livros devocionais. (A homilética era quase a única forma de oratória
conhecida.) O maior pregador latino da Idade Média foi Bernardo de Claraval
(1090-1153). Graças a Carlos Magno (768-814), a pregação era feita na língua do
povo e não exclusivamente em latim.
A grande inovação da Reforma Protestante foi
tornar a Bíblia o centro da pregação. Os discursos éticos e litúrgicos foram
substituídos pela pregação evangélica das grandes verdades bíblicas, versículo
por versículo. Martinho Lutero e João Calvino expuseram quase todos os livros
da Bíblia em forma de comentários que, ainda hoje, possuem vasta aceitação
acadêmica e espiritual. Os líderes da Reforma Protestante deram à pregação um
novo conteúdo (a graça divina em Jesus Cristo), um novo fundamento (a Bíblia
Sagrada) e um novo alvo - a fé viva.
Enquanto Lutero enfatizava o conteúdo da
pregação do evangelho (a justificação pela fé), Melanchthon ressaltava o método
e a forma da pregação. Como humanista convertido, Melanchthon escreveu, em
1519, a primeira retórica evangélica, seguida de duas publicações homiléticas,
em 1528 e 1535, respectivamente. Melanchthon sugeriu enfatizar a unidade, um
centro organizador, um pensamento principal (loci) para o texto a ser pregado.
A pregação evangélica deveria incluir: introdução, tema, disposição, exposição
do texto e conclusão.
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