Conhecendo o Pentateuco

 

Conhecendo o Pentateuco

 


Uma teologia da Bíblia ou de suas partes tem de examinar cuidadosamente o cenário da composição original ––– a época, o lugar, a situação e o autor ––– e a questão da forma e função canônica final. A teologia do Pentateuco tem de tomar conhecimento das circunstâncias históricas nas quais foi criado e, mais importante, dos interesses teológicos que motivaram a sua origem divina e humana, além de sua forma e função precisas. Até que entendamos tais princípios básicos, é impossível entender e corretamente articular a mensagem teológica dos escritos de Moisés. 

O nome Pentateuco reflete o tamanho da composição, visto que consiste em cinco rolos. A própria tradição judaica usa um termo mais preciso e informativo, a saber, Torá ou Toráh, que quer dizer “instrução”. Este nome sugere que o propósito dos escritos mosaicos era educar Israel acerca do significado geral da criação e da história, e acerca da função específica destas dentro dessa estrutura cósmica.

Chama-se "Lei de Moisés" ou Pentateuco (em hebraico Humash, Hamishá, Humashé Torah ou simplesmente Torah), Já em grego, é proveniente de duas palavras gregas penta, “cinco”, e teuchos “estojo ou instrumento”, posteriormente foi usada para designar “receptáculo” –– lugar onde se guardava os rolos de papiro, ou seja, conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia, que são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Os nomes que derivam do grego estão relacionados com o conteúdo, enquanto que as denominações hebraicas são constituídas pela primeira ou principal palavra do início de qualquer livro – que remonta ao século III antes de Cristo, e por fim, “rolo” ou “volume”.

 

"O livro em cinco volumes." Os judeus lhe chamavam "A lei" ou "A lei de Moisés",

porque a legislação de Moisés constitui parte importante do Pentateuco. 

Todos os exemplares das Sagradas Escrituras principiam com o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia). Os judeus chamam-no “a lei” (Tora). É provável que o Pentateuco originalmente fosse apenas um livro, divido em cinco capítulos,

correspondente aos livros de Gênesis a Deuteronômio. Segundo o Dr. Scofield, em alguns textos da Bíblia hebraica, o Pentateuco termina depois do verso 12 do cap. 34 de Deuteronômio com as seguintes palavras: “Sê forte! Os cinco quintos da Lei foram completados. Louva Deus, grande e terrível!”. A separação dos capítulos, tomados por livros, é por muitos atribuídas aos tradutores de Alexandria (72 sábios israelenses – 6 de cada tribo – que, em Alexandria, traduziam o Antigo Testamento do hebraico para o grego, tradução esta conhecida por Septuaginta).

 

A. Autor – O Pentateuco é de autoria de Moisés, servo de Deus, inspirado pelo

Espírito Santo para escrever os cinco livros.

 

B. Período de Abrangência. – Os fatos registrados no Pentateuco engloba um período de mais de vinte e cinco séculos (2.500 anos).

 Gênesis – Da criação até a morte de José, abrangendo um período de 2.315 anos, isto é, 4.004 a 1.689 a. C.

 Êxodo – Os acontecimentos registrados em Êxodo abrangem um período de 216 anos, cerca de 1.706 a 1.490 a.C. começa com um povo escravizado, habitando na presença da idolatria egípcia e termina com um povo redimido habitando na presença de Deus.

 Levítico – O livro abrange o período de menos de um ano da jornada de Israel no Sinai.

 Números – 39 anos de jornada do povo de Israel no deserto, desde cerca de 1.490a 1.451 a.C.

 Deuteronômio – Dois meses na planície de Moabe, no ano 1.451 a.C.

 

O Pentateuco é a primeira parte do Antigo Testamento e da Bíblia. Abarcam os livros conhecidos como Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. É também conhecido como Lei, por ser a Constituição do povo de Israel. Além disto, é de importância vital, tanto para o Judaísmo quanto para o Cristianismo. Os judeus sempre tiveram o Pentateuco em alta estima. Por ocasião do aparecimento dos samaritanos, estes aceitaram como única autoridade canônica, apenas o Pentateuco rejeitando o restante do Antigo Testamento. Assim surgiu o Pentateuco Samaritano. Da mesma forma, a seita dos saduceus também aceitava apenas o Pentateuco como inspirado divinamente. Se os fariseus aceitavam todo o Antigo Testamento como inspirado, sem sombra de dúvida, conferiam um lugar especial ao Pentateuco. Os judeus modernos em nada diminuíram o apreço pelo Pentateuco. Trechos dele são lidos todos os sábados nas sinagogas de forma que todo o seu conteúdo seja lido em um ano. Existe, inclusive, uma festa no calendário judaico marcando o término de um ciclo anual de leitura e, conseqüentemente, o início de outro - Simchat Torah (“Alegria da Lei”). Em cada casa judaica, existe uma mezuzá afixada no umbral da porta, que consiste em um pequeno pergaminho contendo Deuteronômio 6.4 - 9; 11.13 - 21 enrolado em uma capa. Aliás, Deuteronômio 6.4 (“Ouve, Israel, o

SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”) é recitado diariamente pelos judeus como uma oração - a Shemá, além de ser reconhecida como a confissão de fé judaica por excelência. Digno de nota é a oração especial que o judeu faz ao ler o Pentateuco:

“Bendito és tu, Senhor Nosso Deus, Rei do Universo, que nos escolheu dentre todos os povos e nos deu sua Lei. Bendito és tu, Senhor, aquele que dá a Lei. Bendito és tu, Senhor Nosso Deus, Rei do Universo, que nos deu a Lei da Verdade e plantou a vida eterna em nosso meio. Bendito és tu, Senhor, aquele que dá a Lei”.

Este carinho pelo Pentateuco pode ser visto também no Cristianismo. Desde os

primórdios da Igreja, o Pentateuco sempre foi considerado uma das partes mais

importantes do Antigo Testamento. Na Reforma Protestante sempre se partia dele para qualquer discussão sobre ética. Para Martinho Lutero, por exemplo, o Decálogo (os Dez Mandamentos) constituem a excellentissima doctrina (doutrina excelentíssima).

Também Calvino e as confissões reformadas edificaram seus postulados éticos a partir do Decálogo. Contudo, muitas falácias têm surgido em torno da autoria, estrutura e até mesmo integridade deste livro.


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