Os urubus e os sabiás

 

Urubus e sabiás

 


  “Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. 

E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. 

Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. 

Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

        — Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

     — Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

        E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...”.

        MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá.

 
Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes. (Tiago 1:17)
 
O Senhor incentiva-nos a desenvolvermos nossos talentos e habilidades. Isso freqüentemente exige paciência, autodisciplina e esforço diligente. À medida que progredimos, percebemos mais plenamente nosso potencial e nos tornamos mais capazes de ajudar outras pessoas.

Reflexão: É obrigação nossa nos capacitar-nos e condicionar-nos mediante a uma vocação já definida. No entanto, não é a capacidade humana que nos adequa ao exercício na obra do Senhor, Ele chama e capacita. Paz de Cristo


Por: Rubem Alves

Editado por: Joel Silva


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