Elias e a carruagem de fogo

 

Elias e a carruagem de fogo


 

Você já imaginou como seria ser levado ao céu por um carro de fogo? Essa foi a experiência incrível que o profeta Elias viveu no Antigo Testamento. Elias foi um dos maiores profetas de Israel, que enfrentou a idolatria do rei Acabe e da rainha Jezabel, e realizou muitos milagres em nome de Deus. Mas como foi o seu arrebatamento?

 

O contexto histórico do arrebatamento de Elias

O arrebatamento de Elias está registrado em 2 Reis 2:1-18. Esse capítulo marca a transição entre o ministério de Elias e o de Eliseu, seu discípulo. Elias viveu no século IX a.C., durante o reinado de Acabe e Jezabel em Israel. Esse foi um período de grande apostasia, em que o povo se desviou do culto ao Senhor e se entregou à adoração de Baal e Aserá, deuses cananeus da fertilidade. Elias foi enviado por Deus para confrontar essa situação e chamar o povo ao arrependimento. Ele realizou vários atos proféticos, como a oração que fez cessar a chuva por três anos e meio (1 Reis 17:1), o confronto com os profetas de Baal no monte Carmelo (1 Reis 18:20-40), a unção de Hazael, Jeú e Eliseu como instrumentos de juízo divino (1 Reis 19:15-18) e a ressurreição do filho da viúva de Sarepta (1 Reis 17:17-24).

Elias também enfrentou muita perseguição e oposição por parte de Jezabel, que tentou matá-lo várias vezes (1 Reis 19:1-3; 2 Reis 1:1-18). Por isso, Deus decidiu tirá-lo da terra sem que ele experimentasse a morte. Ele enviou um carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, que separou Elias de Eliseu e o levou ao céu em um redemoinho (2 Reis 2:11). Esse foi um ato sobrenatural e extraordinário, que demonstrou o poder e a glória de Deus sobre a vida de seu servo fiel.

 

O cenário geográfico do arrebatamento de Elias

O arrebatamento de Elias aconteceu na região da Transjordânia, isto é, do outro lado do rio Jordão em relação à terra de Israel. Esse rio é um dos mais importantes da Bíblia, pois foi palco de vários eventos significativos, como a travessia dos israelitas sob a liderança de Josué (Josué 3:14-17), o batismo de Jesus por João Batista (Mateus 3:13-17) e a cura do leproso Naamã (2 Reis 5:1-14). O rio Jordão também simboliza a fronteira entre a vida terrena e a celestial, pois era necessário atravessá-lo para entrar na terra prometida.

Antes de ser arrebatado, Elias fez uma viagem com Eliseu por quatro cidades da Transjordânia: Gilgal, Betel, Jericó e Abel-Meolá. Essas cidades tinham uma importância histórica e religiosa para Israel, pois estavam relacionadas à conquista da terra, à aliança com Deus e à profecia. Em cada uma delas, Elias encontrou grupos de profetas que sabiam que ele seria levado ao céu naquele dia. Eles perguntaram a Eliseu se ele sabia disso, e ele respondeu que sim, mas que não queria falar sobre o assunto (2 Reis 2:3, 5, 7). Eliseu estava determinado a acompanhar Elias até o fim, pois queria receber uma porção dobrada de seu espírito (2 Reis 2:9).

 

À margem do rio jordão

Em Abel-Meolá, Elias e Eliseu chegaram à margem do rio Jordão. Elias pegou seu manto, enrolou-o e feriu as águas, que se dividiram ao meio, permitindo que eles passassem a pé enxuto. Esse foi um milagre semelhante ao que Moisés e Josué fizeram no mar Vermelho e no próprio Jordão, respectivamente (Êxodo 14:21-22; Josué 3:14-17). Isso mostrou que Elias tinha a autoridade e o poder de Deus para abrir o caminho para a terra prometida. Depois de atravessarem o rio, Elias perguntou a Eliseu o que ele queria que ele fizesse por ele antes de ser levado. Eliseu pediu uma porção dobrada de seu espírito, isto é, uma medida maior da unção e do ministério profético de Elias. Elias disse que isso seria difícil, mas que se Eliseu o visse sendo arrebatado, ele receberia o que pediu. Caso contrário, não receberia (2 Reis 2:9-10).

Foi então que aconteceu o arrebatamento de Elias. Enquanto eles caminhavam e conversavam, um carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, apareceu e os separou. Elias foi levado ao céu em um redemoinho, enquanto Eliseu observava e gritava: “Meu pai, meu pai! O carro de Israel e seus cavaleiros!” (2 Reis 2:11-12).

Essa expressão era uma forma de reconhecer Elias como o líder espiritual de Israel, que defendia a nação contra os inimigos com a palavra de Deus. Eliseu também rasgou suas próprias roupas em sinal de luto pela perda de seu mestre.

 

O significado teológico do arrebatamento de Elias

O arrebatamento de Elias foi um evento único na história bíblica, pois ele foi um dos poucos personagens que não morreram, mas foram levados diretamente ao céu por Deus. O outro caso foi o de Enoque, que andou com Deus e não foi mais visto, pois Deus o tomou para si (Gênesis 5:24; Hebreus 11:5). Esses dois exemplos mostram que Deus tem poder sobre a morte e pode preservar seus servos fiéis da corrupção do pecado. Eles também apontam para a esperança da ressurreição e da vida eterna para os que creem em Jesus Cristo, que venceu a morte na cruz e ressuscitou ao terceiro dia (1 Coríntios 15:20-23).

O arrebatamento de Elias também tem um significado escatológico, isto é, relacionado aos últimos acontecimentos da história humana. Alguns estudiosos interpretam que Elias voltará à terra antes da segunda vinda de Cristo, para preparar o caminho para o Senhor, assim como João Batista fez na primeira vinda (Malaquias 4:5-6; Mateus 17:10-13). Outros entendem que Elias já cumpriu esse papel em João Batista, que veio no espírito e no poder de Elias (Lucas 1:17). De qualquer forma, o arrebatamento de Elias é um sinal de que Deus tem um plano para a salvação da humanidade e para o julgamento dos ímpios.

 

A aplicação prática do arrebatamento de Elias

O arrebatamento de Elias nos ensina algumas lições práticas para a nossa vida cristã hoje. Vejamos algumas delas:

– Devemos ser fiéis a Deus em meio a um mundo corrompido pelo pecado.

Elias foi um exemplo de coragem e fidelidade ao Senhor em uma época em que a maioria do povo se afastou dele e seguiu outros deuses. Ele não se intimidou diante das ameaças e das perseguições, mas proclamou a verdade de Deus com ousadia e autoridade. Ele também orou fervorosamente pela vontade de Deus e confiança. Assim como Elias, devemos permanecer firmes em nossa fé, mesmo quando confrontados com a hostilidade do mundo ao nosso redor. Isso significa resistir às tentativas e influências que buscam nos afastar da verdade de Deus, mantendo-nos íntegros em nossas convicções cristãs.

 

Outra lição útil é a importância da oração perseverante.

Elias não era apenas ocasional, mas sua vida era permeada pela comunhão constante com Deus. Ele buscou a orientação divina e expressou suas preocupações, desejos e ações por meio da oração. Isso nos lembra da necessidade de cultivarmos uma vida de oração consistente, buscando a vontade de Deus em todas as áreas de nossa existência.

Além disso, o arrebatamento de Elias destaca a soberania e o poder de Deus sobre todas as situações. Mesmo diante das dificuldades aparentemente insuperáveis, Deus interveio de maneira extraordinária para livrar Elias. Isso nos encoraja a confiar em exceções divinas, mesmo quando enfrentamos situações aparentemente impossíveis. Lembramos que, assim como Elias, somos servos de um Deus que é capaz de realizar milagres e transformar nossas adversidades em testemunhos de Sua graça.

 

Outra lição prática é a importância de cumprirmos fielmente a missão que Deus nos confia.

Elias recebeu instruções específicas de Deus, e ele obedeceu de maneira diligente. Da mesma forma, devemos buscar discernir a vontade de Deus para nossas vidas e nos empenhar em cumprir os propósitos divinos com zelo e dedicação.

 

Por fim, o arrebatamento de Elias nos lembra da transitoriedade desta vida terrena.

Assim como Elias foi levado da Terra de maneira extraordinária, sabemos que este mundo não é nosso lar definitivo. Devemos viver com a perspectiva do céu em mente, priorizando as coisas eternas e buscando agradar a Deus em tudo o que fazemos.


Em resumo, o arrebatamento de Elias oferece não apenas um relato fascinante do passado, mas também valiosas lições práticas para orientar nossa jornada cristã hoje. Que possamos aprender com sua coragem, fé, perseverança e compromisso com Deus, aplicando esses princípios em nossa busca por uma vida cristã autêntica e significativa.

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