Jesus e Bartimeu

 

Jesus e Bartimeu

 


O contexto da cura do cego de Jericó

Os três relatos bíblicos sobre a cura do cego de Jericó são muito úteis para entendermos o contexto em que aconteceu esse milagre. Os três relatos naturalmente possuem algumas diferenças entre si. Mas não há qualquer contradição entre eles.

Na verdade, as três narrativas bíblicas se complementam.

Tudo aconteceu quando Jesus Cristo estava seguindo viagem rumo a Jerusalém acompanhado de seu pequeno grupo de seguidores. Ele havia partido da Pereia, através do Jordão, e Jericó estava em sua rota. Essa cidade havia sido fortificada e estruturada pelo rei Herodes e seu filho Arquelau. Além disso, em Jericó também funcionava um tipo de centro administrativo romano e era um lar luxuoso para os cobradores de impostos que trabalhavam para o Império.

Essa cidade nova e moderna para a época ficava um pouco mais ao sul da antiga Jericó tomada pelos israelitas no tempo de Josué. De Jericó até Jerusalém, o Senhor Jesus e seu grupo ainda teriam que percorrer cerca de vinte e dois quilômetros.

Sendo uma cidade bela e importante, era comum que mendigos se reunissem em suas proximidades para mendigar – especialmente na passagem entre a velha e a nova Jericó. O evangelista Mateus informa que em Jericó Jesus curou dois cegos. Já Marcos e Lucas concentram suas narrativas apenas na história de um deles, a quem Marcos chama de “Bartimeu, filho de Timeu”. Alguns estudiosos sugerem que o fato de Marcos ser o único a denominar o cego de Jericó talvez signifique que Bartimeu tenha se tornado conhecido dos cristãos primitivos.

Marcos também diz que Jesus curou o cego Bartimeu quando saía de Jericó. Já Lucas diz que o cego foi curado quando Jesus se aproximava de Jericó. Muitas possibilidades de responder essa questão já foram apresentadas.

Alguns intérpretes consideram que a expressão utilizada por Lucas indica apenas que Jesus estava nas proximidades da cidade. Outros sugerem que Mateus e Marcos tenham se referido à cidade antiga, enquanto Lucas se referiu à cidade nova. Há ainda outras possibilidades, mas o mais importante é entender que o objetivo principal dos textos bíblicos é enfocar o milagre efetuado por Jesus.

 

QUEM ERA BARTIMEU

Bartimeu não havia nascido cego, foram os romanos que o cegaram!

Havia a Jericó antiga, construída pelos cananeus que estava em ruínas. Era lá que ficavam os pobres, os mendigos, e os que não eram bem vindos na nova Jericó! A Jericó nova era muito mais moderna e bem organizada. Foi construída por Herodes o Grande onde tinha o seu palácio de inverno. A distância de uma Jericó para outra era de 4 Km. 

O que temos a respeito deste possível herói, nos faz pensar na seguinte frase: " que eu torne a vê", o emprego do verbo, não surge que tenha nascido cego: voltar a enxergar pressupõe uma pessoa que dantes possuía visão perfeita, no texto acima descrito a referência ao Historiador Flavio Josefo aponta uma possibilidade para que o fato tenha ocorrido e o herdeiro/ descendente tenha sofrido um castigo severo para evitar que através de Bartimeu pudesse levantar um motim e até mesmo uma revolta que pudesse colocar em cheque ou em risco o domínio romano sobre a Palestina. Flavio Josefo foi um historiador judeu, que adotava certo rigor científico, mas não cria no Senhor Jesus como o Messias, dizer que a afirmação narrada não confere com a verdade dos fatos é ariscada, endossa-la de mesmo modo, assim a pondero que há possibilidade de ser verdade, faço-o com a devida reserva.

Por fim: ninguém pediria para tornar a vê se nunca tivesse enxergado ou visto, mas isto ainda está distante do fato de ser filho de um herói de guerras, ou mesmo filho de um general e de ter tido seus olhos perfurados pelos romanos.

Bartimeu usava uma capa que era seu Alvará de Licença! A capa servia para declarar sua posição de mendigo, sua deficiência, ou quem sabe a capa servia para esconder seu passado tenebroso. Quantos de nós também nos escondemos atrás de uma capa! O nosso orgulho, a nossa posição privilegiada também pode nos cegar. Mas havia algo de bom no ar, Bartimeu tinha ouvido falar sobre os milagres de Jesus e reconhecia que Ele era o Messias esperado e que só Jesus poderia curá-lo.

O texto diz que saindo Jesus de Jericó, uma grande multidão lhe acompanhava. Eram os moradores daquela cidade que estavam felizes com os milagres que Jesus tinha feito.  Mas no meio da multidão estavam seus discípulos e muitos que creram! Essa multidão servia de empecilho para que Bartimeu não se aproximasse do Senhor. Aprendo aqui, que quem é pedras viva não se intimida diante das dificuldades em chegar até Jesus.

 

O CLAMOR DE BARTIMEU

O evangelista Marcos narra um milagre operado por Jesus quando deixava a cidade de Jericó: a cura do cego Bartimeu, o cego de Jericó.

Quando Bartimeu ouviu que era Jesus de Nazaré que passava, começou a clamar dizendo: – “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. A narrativa deste milagre decorre do fato de Bartimeu ter ouvido que era Jesus de Nazaré que passava.

Há dois pontos dignos de análise nesta narrativa:

a) O cego ouviu que era Jesus de Nazaré que passava, e;

b) O cego clamou por Jesus, Filho de Davi.

Por que o cego clamou dizendo: – “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim”, em vez de clamar: “Jesus de Nazaré, tem de misericórdia de mim!”? O texto deixa explícito que Bartimeu ouviu que Jesus de Nazaré passava. Há algo significativo no fato dele ter clamado ‘Filho de Davi’, e não ‘Jesus de Nazaré’?

Analisemos! Se Bartimeu fizesse referência à pessoa de Cristo como ‘Jesus de Nazaré’, estaria admitindo, com base no que era divulgado pelo povo, que Jesus era o filho de José, aquele que residia em Nazaré, uma cidade da Galileia ( Lc 1:26 ). Ao admitir que Cristo era ‘Jesus de Nazaré’, Bartimeu estaria somente vinculando a pessoa de Cristo ao carpinteiro José, marido de Maria, ou que Cristo era um profeta.

A bíblia nos aponta que a concepção do povo era:

a) Jesus é o filho do carpinteiro José, e;

b) Jesus é um dos profetas.

“E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas” ( Mt 16:13-14 ); “E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?” ( Jo 6:42 ).

Mas, afirmar que Jesus é o Filho de Davi é admitir que as Escrituras se cumprem especificamente na pessoa de Jesus.

Quando o cego Bartimeu clamou dizendo: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”, num mesmo brado estava rogando e admitindo que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus que havia de vir ao mundo conforme o previsto nas Escrituras.

Na declaração daquele homem cego havia inúmeras implicações. Se homem de Nazaré, era o Filho de Davi, era o Filho de Deus e tinha direito a se assentar no trono de Davi seu Pai. Admitir que Cristo era o Filho de Davi era o mesmo que confessar que Cristo era o Messias prometido nas sagradas escrituras pelos profetas, nascido da descendência de Davi segundo a carne e Filho de Deus, pois o seu próprio pai na carne, em espírito, O chamou de Senhor dizendo:

“DISSE o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés” ( Sl 110:1 ; Mt 22:43 ).

 

A CAPA

Muitas especulações no seguimento em questão da capa de Bartimeu, alguns estudiosos trazem a ideia, que pela organização do Governo Romano, aquela capa era passada para todos os mendigos dando-lhes o direito de pedir esmolas, mas sem nenhuma fonte da informação, mas podemos afirmar que com ela, ele se protegia do sol, da chuva, escondia o rosto por vergonha, medo e desprezo. Uma capa velha e suja que também estendia ao chão para atirarem sobre ela as ofertas. A capa de Bartimeu, ao mesmo tempo que era representação de pobreza, também era sua riqueza e proteção, era tudo que ele tinha, ao lançar a capa fora Bartimeu assegura-se de que Cristo agora sua garantia de segurança e proteção, Jesus é tudo o que ele precisa.

 

O QUE APRENDEMOS COM BARTIMEU?

A história da cura do cego Bartimeu nos ensina muitas lições importantes. Então neste estudo bíblico citaremos algumas delas.

1. Uma lição sobre confiança

Em primeiro lugar, a cura do cego de Jericó nos ensina que uma situação difícil é um convite para a confiança irrestrita no Senhor; não um motivo para duvidar do seu poder e misericórdia. Na sociedade judaica, Bartimeu estava no nível mais baixo em sua posição na vida. Mas ao invés de culpar o Senhor por sua desgraça, o cego de Jericó “enxergou” em Cristo a sua restauração.

2. Uma lição sobre perseverança

Em segundo lugar, a história de Bartimeu nos mostra que muitas vezes aquilo que já é difícil pode se tornar ainda pior. Ele era um cego que dependia de esmolas para sobreviver. Se não bastasse isso, quando ele esteve diante de sua única oportunidade de restauração uma multidão tentou fazê-lo calar. Mas ele não se intimidou e gritou por Jesus ainda mais. Nesse ponto Bartimeu se tornou um exemplo prático do valor da fé perseverante.

3. Uma lição sobre visão espiritual

Consequentemente, em terceiro lugar, o cego Bartimeu nos ensina que a cegueira física nada tem a ver com a cegueira espiritual. Ele era fisicamente cego, mas espiritualmente enxergava mais do que aquela multidão. Ele clamou pela compaixão de Jesus chamando-o de Filho de Davi. Embora não saibamos o quanto ele compreendia do caráter messiânico da pessoa e ministério de Cristo, seu clamor foi uma confissão clara de que Jesus era Aquele de quem as Escrituras testificavam.

4. Uma lição sobre disponibilidade

Em quarto lugar, Bartimeu nos ensina que devemos estar prontos para responder ao chamado do Senhor. Quando soube que Jesus o chamava, Bartimeu ficou de pé num salto e se desfez de qualquer coisa que pudesse lhe atrasar em ir ter com seu libertador. Aos gritos ele havia chamado pelo Senhor, e agora era o Senhor quem o tinha chamando. Ele sabia que aquela era a chance de sua vida.

5. Uma lição sobre comunhão com o Senhor

Em quinto lugar, a cura do cego Bartimeu revela como o Senhor Jesus busca se relacionar com aqueles que clamam por Ele. Obviamente Jesus sabia o que Bartimeu queria, mas mesmo assim lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?”. Como diz William Hendriksen, Jesus não apenas queria curar aquele homem, mas também desejava ter uma comunhão pessoal com ele.

6. Uma lição sobre o poder de Deus

Em sexto lugar, o milagre sobre os olhos de Bartimeu nos diz muito sobre a grandeza do poder de Deus. O texto bíblico diz que após a palavra do Senhor Jesus, imediatamente o cego de Jericó enxergou. Não houve qualquer tensão; não houve qualquer dificuldade. Num momento Bartimeu era um homem completamente cego, e no momento seguinte ele era um homem com a visão perfeita.

7. Uma lição sobre humildade e sensatez

Em sétimo lugar, Bartimeu também nos serve como um exemplo de alguém humilde e que tem consciência de seus defeitos. Primeiro, ele clamou pela misericórdia do Senhor. Isso indica seu senso de realidade. Ele reconhecia e entendia sua miséria. Segundo, quando Jesus lhe perguntou o que ele queria, ele pediu apenas o que realmente lhe era necessário.

Curiosamente o mesmo capítulo registra que Jesus fez uma pergunta parecida a Tiago e João. Mas os dois discípulos fizeram um pedido egoísta e audacioso ao Senhor. Eles pediram posições de grande poder e autoridade no Reino de Deus, como se eles fossem merecedores disso. Inclusive, o pedido deles gerou indignação nos demais discípulos (Marcos 10:36-41).

Mas a resposta de Bartimeu foi muito diferente. Antes de tudo, ele pediu por misericórdia, deixando claro que ele não merecia a ajuda de Jesus. Se o Senhor olhasse para ele e escutasse seus gritos, isso seria pura graça. Então quando teve a oportunidade de contar para Jesus o motivo de seu clamor, ele realmente apresentou aquilo que era sua verdadeira necessidade, não seu capricho.

8. Uma lição sobre o verdadeiro caráter da fé

Em oitavo lugar, Bartimeu não foi apenas alguém que acreditou em milagres. Sua fé não era simplesmente uma fé superficial movida por sinais e alimentada por ambições pessoais. Crer em milagres é uma coisa, mas crer n’Aquele cujo poder é a única fonte dos verdadeiros milagres, é outra.

Bartimeu não gritou sobre o que ele queria receber, mas gritou sobre quem ele acreditava ser Aquele que poderia transformar a sua vida. Ele não dizia: “Quero ser curado!”, mas dizia: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. Sim, ele creu genuinamente no Filho de Davi. Ele clamou por sua compaixão e foi restaurado, não apenas fisicamente, mas também espiritualmente. A prova disso foi sua reação após ser abençoado por Jesus: ele glorificou a Deus!

Aquele que confia verdadeiramente no Senhor compreende que nenhum milagre é um fim em si mesmo, mas que é um meio através do qual Deus deve ser glorificado. A glória de Deus sempre é a finalidade última de todo milagre genuíno.

9. Uma lição sobre a divindade de Cristo

Por fim, em nono lugar, a cura do cego Bartimeu é mais um lembre-te acerca da divindade de Cristo e de como Ele cumpriu com perfeição as Escrituras. O milagre em Jericó ocorreu nos momentos finais de seu ministério terreno. O cego Bartimeu foi curado durante a viagem em que Jesus seguia para Jerusalém onde encontraria a inevitável cruz.

Mas mesmo em seus últimos dias antes de ser traído, preso e crucificado, Jesus deu atenção a um pobre homem cego que mendigava a beira do caminho. Assim, uma vez mais se cumpriu a profecia do profeta Isaías: “Então os olhos dos cegos serão abertos” (Isaías 35:5). Bartimeu foi um desses cegos.


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