E A REGENERAÇÃO
1-O QUE ACONTECEU COM VOCÊ.
1.1-Teus pecados foram perdoados.
A
parte mais importante, é a ação do Espírito Santo, é Ele quem convence o homem
dos seus pecados (Jo 16:8,9).
Confessando nossos pecados a Deus e deixando nossas práticas
pecaminosas, alcançamos a misericórdia do Senhor (Pr 28:13), porque Ele, o Senhor
Jesus, é fiel em perdoar I Jo 1:9).
Ef.2:3-5 (JFA) ... e éramos por natureza filhos da ira, como também os
demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos
amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com
Cristo (pela graça sois salvos).
Uma
boa maneira de entender o significado da misericórdia é perceber como ela se
relaciona com a graça:
Misericórdia - não receber aquilo que você merece / punição impedida,
contida
Graça
- receber aquilo que você não merece / favor sem mérito algum de nossa parte.
Misericórdia é, por exemplo, um juiz chegando a decisão de que você é
culpado, resolver impedir, conter qualquer castigo. Graça é receber algo que
você nunca poderia imaginar. Um presente inexplicável.
(Esdras 9:13-14) "Depois de
tudo que nos tem sucedido por causa das nossas más obras, e da nossa grande
culpa, ainda assim tu, ó nosso Deus, nos castigaste menos do que os nossos
pecados merecem... Voltaremos agora a violar os teus mandamentos...?
(1
Tim. 1:13) "A mim que outrora fui
blasfemo e perseguidor e injuriador; mas alcancei misericórdia, porque o fiz
ignorante-mente, na incredulidade.
(1
Tim 1:15-16) ..."que Cristo Jesus
veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou o principal. Mas, por
isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus
mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele e
receber a vida eterna".
(Heb.
4:16) "Cheguemo-nos, pois, com confiança
ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de
sermos socorridos no momento oportuno”.
1.2- VIDA TRANSFORMADA
Quando confessamos nossos pecados e se arrependemos, somos Justificados.
(Rom.3:23-27) "pois todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua
graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Deus o propôs para a propiciação
pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados
dantes cometidos sob a tolerância de Deus; para demonstração da sua justiça
neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé
em Cristo Jesus. Onde, pois está a jactância? É excluída. Por qual lei? Das
obras? Não, mas pela lei da fé".
Jactância - orgulho, arrogância, altivez,
ostentação
(Rom
11:30-32) "Assim como vós (ímpios)
também outrora fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia,
pela desobediência deles (judeus), assim também estes agora foram
desobedientes, para igualmente alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós
demonstrada. Pois Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim de para
com todos usar de misericórdia".
O CONCEITO DE REGENERAÇÃO
A Doutrina da Regeneração, dentro da Teologia
Sistemática, está classificada no campo da Soteriologia (estudo sobre a
salvação), e já foi conceituada das seguintes formas:
“A regeneração é a comunicação da vida divina à
alma (Jo 3.5; 10.10, 28; 1 Jo 5.11, 12), como a consessão de uma nova natureza
(II Pe 1.4) ou coração (Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26), e a produção de uma nova
criação (II Co 5.17; Ef 2.10; 4.24)”. (THIESSEN, 1987, p. 263)
“Portanto, regeneração é uma ressurreição
espiritual: o começo de uma nova vida. Às vezes a palavra expressa o ato de
Deus. Deus regenera. Às vezes designa o efeito subjetivo de seu ato. O pecador
é regenerado. Ele se torna uma nova criatura. Renasce. E isso é sua
regeneração. Essas duas aplicações da palavra estão tão estreitamente
interligadas que não produzem confusão.” (HODGE, 2001, p. 1031)
“A regeneração é o ato de Deus pelo qual a
disposição governante da alma se torna santa e pela qual, através da verdade,
assegura-se o primeiro exercício dessa disposição santa. A regeneração, ou o
novo nascimento, é o lado divino da mudança do coração que, vista do lado
humano, chamamos conversão. É Deus voltando a alma para ele mesmo; enquanto a
conversão é a volta da alma para Deus, a qual é tanto a conseqüência como a
causa.” (STRONG, 2003, p. 518)
Os conceitos acima expressam a opinião quase
universal dos teólogos acerca da regeneração, reproduzida nos tratados de
Teologia Sistemática mais atuais, como no caso de Grudem (1999, p. 584), que
define regeneração como: “Regeneração é um ato secreto de Deus pelo qual ele
nos concede nova vida espiritual. Isso é às vezes chamado de “nascer de novo
(na linguagem de Jo 3.3-8).
A NATUREZA DA REGENERAÇÃO
Hodge (Idem, p. 1053), ao falar da natureza da
regeneração, afirma que “a mudança não se dá nem na substância nem nos meros
exercícios da alma, mas naquelas disposições, princípios, gostos ou hábitos
imanentes que subjazem a todos os exercícios conscientes, e determinam o
caráter do homem e de todas as suas ações”.
Grudem (Idem, p. 586) declara que a regeneração
nos afeta como pessoas integrais, ou seja, cada parte de nós é afetada pela
regeneração (2 Co 5.17).
A regeneração é um evento único e instantâneo
(GRUDEM, Ibdem). É uma mudança instantânea operada secretamente por Deus em
nós, e só se conhece em seus resultados (STRONG, Idem, p. 522).
AS IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA DOUTRINA DA
REGENERAÇÃO NA VIDA DO LÍDER E OBREIRO
É preciso entender que algumas condições ou
práticas não sinalizam, nem garantem a realidade da regeneração na vida do
crente e do obreiro:
- Nascer num lar cristão
- Ter uma linguagem e uma conduta moral íntegra
- Ter conhecimento bíblico teológico
- Ter uma boa habilidade de comunicação e oratória
- Ter habilidades de liderança e administração
- Saber pregar ou ensinar
- Falar em outras línguas
- Promover ou contribuir para o crescimento da
igreja, de uma congregação, de um órgão ou departamento
A regeneração deve ser uma experiência
vivenciada por aqueles que almejam ou já exercem o santo ministério. As
implicações práticas da regeneração na vida do obreiro se manifestam da
seguinte forma:
- A regeneração é o primeiro requisito para ser
obreiro, visto que para ser obreiro é preciso antes ser um cristão autêntico,
nascido de novo (Jo 3.3)
- A regeneração é uma experiência pessoal e
sobrenatural com Deus, como muitas que o obreiro deve ter em sua trajetória
ministerial (Lc 3.22; At 9.1-9)
- A regeneração possibilita a habitação do
Espírito Santo na vida do obreiro, lhe proporcionando consolo, socorro,
direção, etc. (Jo 14.16-17)
- A regeneração possibilita o revestimento de
poder, necessário para potencialização de nossas realizações (Lc 4.14; 24.49;
At 1.8; 10.38)
- A regeneração possibilita a concessão dos
dons necessários para o exercíci0 do santo ministério (Rm 12.1-8; 1 Co 12.11;
Ef 4.11; 2 Tm1.6-11)
A) JUSTIFICAÇÃO
VISÃO GERAL
Justificação é a maneira pela qual Deus traz os pecadores para um novo
relacionamento com Ele. Esta aliança com Deus se torna possível através do
perdão dos pecados.
Desde
a Reforma Protestante, quando Martinho Lutero declarou que a justificação vinha
somente pela fé (não pelas obras), essa idéia assumiu uma importância especial
na história da teologia. A igreja católica medieval enfatizava o papel do
comportamento do cristão na obtenção da salvação. Lutero, dando uma nova ênfase
às cartas de Paulo, afirmou que todos são pecadores, mas que somente pela fé na
obra expiatória de Cristo na cruz temos a salvação. Segundo ele, uma vez que
colocamos nossa fé em Cristo, estamos “justificados” diante de Deus, que não
nos vê mais como pecadores, embora continuemos a pecar. Para Lutero, o cristão
é ao mesmo tempo pecador e santo.
No
grego, “justificação” e
“justificar” são também termos
jurídicos, isto é, referem-se à corte da lei e ao ato de absolver ou acusar
alguém por crime. Tem a ver com inocência ou virtude de uma pessoa. Porém, mais
amplamente, se refere a qualquer relacionamento.
O CONCEITO DO VELHO TESTAMENTO
No
Velho Testamento, justiça se refere a relacionamento e às obrigações desse
relacionamento. Em alguns lugares, uma pessoa é considerada justa porque mantém
um “justo relacionamento” com outra. Outras vezes alguém é justo porque faz
certas coisas que são devidas para o outro com quem se relaciona (Gênesis
38:26). Porém, mais importante, esses termos são usados para descrever Deus,
que é justo. Ele reina com justiça (18:25) e seus julgamentos são verdadeiros e
justos (Salmo 19:9). Tanto o inocente quanto o culpado conhecem a justiça de
Deus. Os inocentes sabem que serão absolvidos e os culpados que serão punidos
porque a lei de Deus prevalece.
No
Velho Testamento, a justiça de Deus é descrita de tal forma que dá maior ênfase
à Sua intervenção em favor do seu povo aliado. Por exemplo, Abraão é
considerado “justo” porque responde com fé à aliança oferecida por Deus
(Gênesis 15:6). Abraão não podia se auto-justificar, mas pela aliança feita
Deus o declarou “justo”. Para Deus ninguém se justifica por si próprio (Salmo
143:2). A esperança da humanidade é que Deus se lembrará de sua aliança. A
justiça vem do favor ou graça de Deus, que lida com seu povo de acordo com sua
bondade amorosa (Isaías 63:7).
NO NOVO TESTAMENTO
Quase
toda a discussão sobre justificação no Novo Testamento se encontra nas cartas
de Paulo, principalmente Romanos e Gálatas, onde ele procura explicar o que a
obra de Cristo significa para a humanidade pecadora. Ele afirma que somos
justificados pela fé, não por observar perfeitamente a lei – de fato, Paulo
olha essa última idéia como uma mensagem anticristã que requer a maior
condenação (Gálatas 1:6-9).
A
palavra e obra de Cristo deveriam nos lembrar que justificação é um dom de Deus
através do sangue de Jesus Cristo (Hebreus 13:20).
A LEI NÃO É CAPAZ DE LEVAR UMA PESSOA À
JUSTIÇA, NEM FOI FEITA PARA ISSO.
Justificação está separada da lei (Romanos 3:21). Gálatas 3:15-25 nos
explica claramente a função da lei, que veio 430 anos depois da aliança de Deus
com Abraão. Independente de qual tenha sido o seu propósito, ela não foi dada
para nos fazer justos. “Porque se fosse promulgada uma lei que pudesse dar
vida, a justiça, na verdade seria procedente de lei” (Gálatas 3:21).
A
obra expiatória de Cristo para a justificação das pessoas tem a ver com
aliança, não com lei. “Justiça” é, portanto, uma palavra relacional – nós nos
tornamos justos pela fé e somos trazidos para um justo relacionamento com Deus.
A lei traz julgamento, ela nos confronta com nossa incapacidade de suportar o
pecado (Atos 13:39, Romanos 8:3). Através da justificação o crente está livre
da condenação (Romanos 8:1).
Paulo menciona Abraão em Romanos e Gálatas para mostrar que a aliança
tem sido sempre a única esperança da humanidade. Deus mantém sua aliança,
embora seu povo a viole todos os dias.
Nos
escritos de Paulo, Deus é justo e o único que justifica. O pecado demanda
julgamento e está relacionado com ele. O plano de Deus para trazer pessoas para
o seu relacionamento é o ministério e morte de Cristo, que foi dado como
propiciação para expiar pelos nossos pecados (Romanos 3:21-26).
O
pecado tem a ver diretamente com a morte Daquele que não tem pecado, que Se
tornou pecado por nós de modo a nos permitir compartilhar da justiça de Deus
(II Coríntios 5:21).
Para
Paulo, então, a justificação vem somente pela graça de Deus. Tornou-se
acessível pela obra de Cristo, presente de Deus. Assim, podemos confessar que
Cristo morreu “por nós” (Romanos 5:8; I Tessalonicenses 5:10), ou “pelos nossos
pecados” (I Coríntios 15:3). Recebemos essa graça somente através da fé
(Romanos 3:22; 5:1). O entendimento básico da pessoa justificada é que seu
relacionamento com o Deus vivo nada tem a ver com boas obras. É tão somente um
presente do amor infinito de Deus.
A justificação vem pela fé. Mas o livro de
Tiago nos lembra que a fé sem obras é morta (Tiago 2:17).
O
Novo Testamento sempre afirma que os verdadeiros seguidores de Cristo são
conhecidos pelos seus “frutos”, isto é, o resultado de sua fé. Esta é a razão
pela qual católicos, ortodoxos e alguns grupos protestantes consideram a
justificação uma idéia perigosa: alguns crentes tendem a acreditar tão
fortemente na sua justificação pela fé que se esquecem de seguir os mandamentos
de Jesus.
Assim, devemos estar alertas para não enfatizar tanto a idéia da
justificação pela fé de tal modo que falhemos em atender o chamado de Deus para
renovação dos nossos corações. Uma pessoa justificada deve mudar seu
comportamento para com os outros e com Deus. Justificação deve sempre ser
seguida de santificação.
Nos
Evangelhos, a idéia de justificação aparece na parábola do fariseu e do
cobrador de impostos que foi ao templo orar. O fariseu chamava atenção para os
seus atos piedosos e sua superioridade moral. O cobrador de impostos, humilhado
por um profundo senso de seu próprio pecado e indignidade, somente chorava por
perdão. Este homem, de acordo com
Jesus, voltou para sua casa justificado (Lucas 18:14). Esta parábola deveria
lembrar-nos da oposição de Jesus às pessoas que superestimam sua piedade, que pensam
de si mesmas como “as melhores” dentre as pecadoras. (7:36-50). Somente o que
se humilhar diante de Deus será exaltado (Mateus 18:4; 23:12). Somente o
pecador ouve a palavra de graça (Lucas 5:32; 15:7, 10; 19:7). Os que se julgam
indignos encontram cura (Mateus 8:8).
É
importante lembrar que a justificação vem pela fé, porque o homem tende a se
apoiar no seu próprio comportamento para se salvar. Mas o cristão deve lembrar
que o justo vive pela fé (Romanos 1:17; Hebreus 10:38; 11:7).
B) SANTIFICAÇÃO
O CONCEITO DE SANTIFICAÇÃO
O termo
“santo” deriva-se do hebraico qadosh,que nos transmiste a idéia de “santidade”,
ou seja, a natureza essencial daquilo que pertence ao domínio do sagrado e que,
por esse motivo, difere daquilo que é comum ou profano (HARRIS; ARCHER; WALTKE,
1998, p. 1990). No grego, o termo utilizado é hagios, que significa basicamente
“separado” (entre os gregos, dedicado aos deuses), e por conseguinte, nas
Escrituras, em seu significado moral e espiritual, separado do pecado e,
portanto, consagrado a Deus, sagrado (VINE, 2003, p. 970).
Observemos, dessa forma, alguns conceitos sobre
santificação:
“Falando de modo geral, portanto, podemos
definir santificação como separação para Deus, imputação de Cristo como nossa
santidade, purificação do mal moral, e conformidade com a imagem de Cristo.”
(THIESSEN, 1987, p. 270)
“A Obra da livre graça de Deus, pela qual somos
renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, e habilitados a morrer
mais e mais para o pecado e a viver para a justiça.” (HODGE, 2001, p. 1182)
“É a operação contínua do Espírito Santo, pela
qual a santa disposição concedida na regeneração mantém-se e se fortalece.”
(STRONG, 2003, p. 605)
A santificação pode ser entendida como um ato
imediato ou posicional (1 Co 1.2; Ef 1.1; Cl 1.2; Hb 10.10) e um processo que
continua por toda a vida (2 Co 7.1; Hb 12.14,23).
As
palavras "santificar", "sagrado" e "santo" são
traduções da mesma palavra grega. Elas significam estar separado para um
serviço especial. Na Bíblia muitas coisas além de pessoas são apresentadas como
santificadas – os móveis do Tabernáculo (Ex. 40:10, 11,13); uma montanha (Ex.
19:23); comida (1 Ti. 4:5). Torna-se até possível para um crente santificar a
Deus no seu coração (1 Pe. 3:15). Portanto, santificar, ou tornar sagrado, não
significa purificar ou tornar sem pecado, mas separar alguma coisa para Deus e
o serviço a Deus.
Em
relação ao Cristão, santificação ou santidade significa estar separado do
pecado e para Deus. Existem três aspectos distintamente diferentes desta
santificação: passado, presente e futuro. Todo Cristão está autorizado a falar,
"fui santificado; estou sendo santificado; ainda serei santificado."
Santificação passada
Significa que o crente já foi posicional-mente separado em Cristo (At.
20:32; 1 Co. 1:2; 1:30; 6:9-11; He. 10:10, 14). No novo nascimento, cada crente
está sendo eternamente santificado em Cristo, é retirado do poder do diabo para
dentro da família de Deus (Jo. 1:14; Ga. 4:4-6), do reino do diabo para dentro
do reino de Cristo (Col. 1:12, 13); da velha criação para a nova criação (2 Co.
5:17). Esta santificação é uma realidade eterna e está baseada numa nova
posição spiritual que o Cristão tem em Jesus Cristo. Os crentes de Corinto não
estavam sem pecado, e apesar disso foram chamados de santos e foi escrito que
foram santificados (1 Co. 1:2, 30). Neste sentido, o Cristão pode dizer,
"ESTOU santificado em Cristo."
Santificação presente (atual)
Indica
o processo pelo qual o Espírito Santo gradualmente muda a vida do crente para
dar vitória sobre o pecado. Esta é a santificação prática. Trata-se do
crescimento cristão, deixando o pecado do lado e vestindo dedicação a Deus (Ro.
6:19, 22; 1 Th. 4:3, 4; 1 Pe. 1:14-16). [Nota do tradutor: A palavra inglesa
“godliness” aparentemente não tem tradução própria em português. Ela significa
algo parecido como “ser semelhante, ser um reflexo de Deus”. O dicionário
somente indica “piedade, dedicação a Deus”.]
Este
processo atual de santificação nunca acaba nesta vida (1 Jo. 1:8-10). O Cristão
precisa resistir ao pecado até ser levado deste mundo através da morte ou na
volta de Cristo. Neste sentido, o Cristão pode dizer, "ESTOU SENDO
santificado pelo poder de Deus."
Santificação futura
É a
perfeição que o crente vai desfrutar na ressurreição (1 Tes. 5:23). Na vinda de
Cristo, cada crente receberá um corpo novo que estará sem pecado. O Cristão não
terá mais de resistir ao pecado ou de crescer para a perfeição. Sua
santificação estará completa. Ele estará inteira e eternamente separado do
pecado e para Deus. Neste sentido, o Cristão ESTARÁ santificado na volta de
Cristo.
Precisamos tomar cuidado para não confundir
estes aspectos diferentes da santificação ou santidade.
OS MEIOS DE SANTIFICAÇÃO
Em termos de santificação posicional, tal
condição é possibilitada pela vontade e graça de Deus (Hb 13.12; Fl 2.13). Como
processo, na busca da santidade, o homem dispõe dos seguintes meios:
- O sangue de Cristo (1 Jo 1.7)
- O Espírito Santo (1 Co 6.11; ; 1 Pe 1.1-2)
- A Palavra de Deus (Jo 171.17; Ef 5.26)
A Santificação não se trata da erradicação
absoluta do pecado (1 Jo 1.8-10), de alguma forma de legalismo (Mc 7.5-13) ou
ascetismo (tentativa de subjugar a carne e alcançar a santidade por meio de
privações e sofrimentos).
AS IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA DOUTRINA DA
SANTIFICAÇÃO NA VIDA DO OBREIRO
A santificação na vida do obreiro implica:
- Na separação do profissionalismo ministerial
que faz da igreja uma empresa, do Evangelho um negócio (2 Co 2.17)
- Na separação dos modismos e ventos de
doutrina (Ef 4.14)
- Na separação dos modismos litúrgicos
(contextualização x secularização; essência x estética)
- Na separação do formalismo acadêmico
- Na separação do anti-academicismo
- Na separação do abuso dos dons espirituais (1
Co 14.37-40)
- Na separação do partidarismo ministerial (1
Co 3.1-8)
- Na separação da politicagem eclesiástica (At
1.15-26)
- Na separação do autoritarismo na liderança e
no governo da igreja (Mt 18.1-3; 23-35)
- Na separação da rebelião (Nm 16.1-3 ss)
- Na separação da coisificação e do ativismo
ministerial (Jo 21.17; At 6.1-6; Ef 4.11-12; 1 Pe 5.1-4)
C) PERSEVERANÇA
Diante do que já foi anunciado uma pergunta precisa ser feita: “Aquele
que
foi justificado, adotado, santificado
persistirá para sempre neste estado?”. Ou melhor:
“Será um cristão sempre um cristão?”. Ou ainda:
“Existe possibilidade de se perder a
salvação?”.
Historicamente a resposta para a questão em pauta sempre correu para
dois lados distintos: o sim (arminianos) e o não (calvinistas). Diante da
lógica é obvio que aquele que é recipiente da salvação, que é iniciada e
perfeita por Deus, permanecerá salvo pela graça de Deus. Contudo, não é a mera
lógica que sustenta o fato da Perseverança dos Santos, pois existe grande
número de evidências bíblicas que testemunham a favor da indestrutibilidade da
salvação como igreja em Cristo Jesus.
(1Pe.1.3-5) é um exemplo
desses: “...Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou
para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos
céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para
a salvação preparada para revelar-se no último tempo...”
(Romanos 8.38-39) também testemunha esse fato:
“...Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os
poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor...”
O próprio Cristo testemunhou essa verdade
quando falou que aqueles que o Pai lhe dá, irá até ele e Ele de modo nenhum os
jogará fora (Jo.6.37). Neste mesmo trecho é anunciado por Ele que a vontade de
Deus Pai é que todo o que crer tenha a vida eterna e seja ressuscitado por Ele
no último dia (v.39, 40, 44; cf. Jo.10.27-30).
Em
Efésios 2, o conceito correto da salvação é exposto, e no v.4 nota-se
que aquele que é salvo é feito assentar nas
regiões celestiais com Cristo. Assim, como
este poderia ser retirado de onde está, uma vez
que tal atividade é realizada a
semelhança da experiência de Cristo,
testemunhada pouco antes (1.20)? Se o cristão
pode ser derrubado de sua posição de assentado
nas regiões celestiais, o mesmo
espera-se de Cristo, o que é ilógico.
Outro
detalhe que é comumente esquecido é que a vida eterna é eterna,
no sentido de que não tem mais fim. Assim, como
alguém que tem uma vida sem fim
pode morrer? Dessa forma, podemos crer, diante
da clareza das escrituras, que nossa
salvação está garantida perante Deus. (a igreja
de Jesus).
D) ADOÇÃO
Como
já ficou muito evidente, não existe dignidade suficiente no homem
que o faça merecer Tão Graciosa Obra da
Salvação.
Mas,
não há tão maior prova de ausência de mérito senão a expressão
“eivjui`oqesi,an” (para a adoção) em Ef.1.5 (cf.Gl.4.5; Rm.8.15), “por que um
filho adotado deve sua posição à graça e não ao direito, e, ainda mais, é
trazido ao seio da família, passando a ter os mesmos privilégios e deveres de
um filho de nascimento”.
Adoção é uma palavra normalmente utilizada no meio romano. Em uma
cerimônia legal, o filho adotado era
determinado a todos os direitos de um filho natural. É possível que Paulo tenha
emprestado este termo para o empregar eficientemente à salvação. A palavra em
pauta, na literatura paulina, “descreve os direitos e privilégios como também a
nova posição do crente em Cristo18”.
Segundo Hendriksen, a adoção vai ainda um pouco
além, pois “ela outorga
aos seus recipientes não apenas um novo nome,
um novo status legal e uma nova
relação familiar, mas também uma nova imagem, a
imagem de Cristo (Rm.8.29)19”.
J.I Packer afirma que no mundo de Paulo a
“adoção era ordinariamente de
homens jovens de bom caráter, que se tornavam
os herdeiros e mantinham o
sobrenome dos ricos sem filhos. Porém, o NT
proclama a adoção cortesa de Deus a
pessoas de mal caráter para se tornar „os
herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rom. 8:17).
Mais
uma vez é digno de nota que o adotado não tem qualquer mérito pela escolha do
“Adotador”, embora possa desfrutar de todos os benefícios e principalmente,
responsabilidades de um filho natural, pois a “soberania divina exclui com
eficácia qualquer mérito”.
Paulo
ensina que o presente de justificação (i.e., aceitação presente por Deus como o
Juiz do mundo) traz com isto o estado de filho por adoção (i.e., intimidade
permanente com Deus como o Pai divino da pessoa, Gl. 3:26; 4:4-7). Justificação
é a bênção básica na qual adoção é fundada; adoção é a bênção de coroamento
para a qual justificação é direcionada. O status de adotado pertence a todos
que recebem o Cristo (Jo.1:12). Agora, os crentes estão debaixo do cuidado
paternal de Deus e de sua disciplina (Mat.6:26; Hb.12:5-11) e é dirigido,
especialmente por Jesus, a viver suas vidas levando em conta o reconhecimento
de que Deus é seuPai celestial. .
Adoção e regeneração acompanham um ao outro como dois aspectos da
salvação que o Cristo traz (Jo.1:12-13), mas
eles serão distinguidos. Adoção é o favor
de uma relação, enquanto regeneração é a
transformação de nossa natureza moral.
Ainda a ligação é evidente; Deus quer as
crianças dele quem ele ama, agüentar o
caráter dele, e entra em ação adequadamente.
E) GLORIFICAÇÃO
A
Glorificação é a confirmação dessa certeza obtida pela doutrina da Perseverança
dos Santos. A Glorificação é o estágio final da salvação e é aplicado a todos
os salvos incondicionalmente. Essa doutrina impulsiona a Perseverança no texto
de Rm.8.28, 30:
Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou,
a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
Se
analisado com cautela o texto, notar-se-á que todos os verbos relacionados a
Salvação são ativos e reportam para uma atividade realizada por completo no
passado: Conheceu, Predestinou, Chamou, Justificou, Glorificou. Ou seja, aquele
que é salvo, já era conhecido por Deus e predestinado por ele para a salvação,
mesmo que ainda seria chamado, justificado e glorificado. O que nota-se com
clareza aqui é que Deus, quando resolveu conceder salvação eterna aos homens
ele o fez de maneira completa. Logo, aquele que já foi Predestinado para
salvação, já está Glorificado, mesmo que isso seja um evento futuro.
F) RÉPLICA
Em
primeiro lugar, necessita-se compreender de forma adequada a pessoa de Deus. É
ponto pacífico que Ele seja amoroso, gracioso bem como misericordioso. Contudo
não podemos encerrar Seus atributos apenas nesses aspectos. Fazer isso é
cometer heresia, que por definição é superestimar aspectos da verdade.
Precisamos compreender que Deus é, na mesma medida justo, poderoso, reto. Logo,
não age apenas em uso do amor ou misericórdia ou graça, mas no exercício pleno
de Seus atributos.
A
ideologia é exposta dentro da teologia ortodoxa e defendida por cristãos
sinceros. A idéia primeira é de que o homem tem
Livre Arbítrio. Ou seja, ele pode
optar por ser salvo ou não. Contudo, isso não
exclui a Soberania de Deus, onde este
escolhe aqueles que o escolheram. Ou seja, na
salvação existe co-participação entre
Deus e os homens, mas o livre arbítrio do homem
precede a decisão de Deus.
A idéia nasce a partir da leitura de Rm.8.29
com uma conexão direta com
(1Pe.1.2)
Vejamos os textos:
“...Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para
serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus
Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas...”
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