Pacha Mama ou Pachamama (do quíchua Pacha, "universo", "mundo", "tempo", "lugar", e Mama, "mãe", "Mãe Terra") é a deidade máxima dos povos indígenas dos Andes centrais. Vários autores consideram Pachamama como uma divindade relacionada com a terra, a fertilidade, a uma mãe, ao feminino.
Pacha Mama é uma deusa, que gera. Segundo a tradição, sua morada está no Cerro Blanco (Nevado de Cachi), cujo cume há um lago que rodeia uma ilha habitada por um touro de chifres dourados e salivantes que, ao mugir, expele nuvens de tormenta pela boca.
Segundo o historiador boliviano Rigoberto
Paredes (1870–1950), a princípio, o mito de Pacha Mama devia referir-se ao
tempo, "talvez vinculado de alguma forma à terra; ao tempo que cura as
maiores dores, tal como extingue as alegrias mais intensas; ao tempo que
distribui as estações, fecunda a terra, sua companheira; dá e absorve a vida
dos seres no universo. Pacha significa originariamente "tempo", na
língua kolla; só com o transcurso dos anos - as adulterações da língua e o
predomínio de outras raças - pôde confundir-se com a terra e fazer com que a
esta e não àquele se rendesse preferente culto [...] Pacha Mama, segundo o
conceito que tem entre os povos originários do Peru, poderia ser traduzido no
sentido de terra grande, diretora e sustentadora da vida". A terra, como
geradora da vida, será então assumida como um símbolo de fecundidade.
Celebração
1º de agosto é o dia da Pacha Mama. Nesse dia,
enterra-se, em um lugar próximo da casa, uma panela de barro com comida cozida.
Também se põe coca, yicta, álcool, vinho, cigarros e chicha para alimentar
Pacha Mama. Nesse mesmo dia deve-se por cordões de fio branco e preto,
confeccionados com lã de lhama, enrolando-os à esquerda. Esses cordões se atam
nos tornozelos, nos pulsos e no pescoço.
Pachamama como sujeito de direito
O novo constitucionalismo latino-americano
reconhece Pachamama como um novo sujeito de direito, com base no princípio do
sumak kawsay ou Buen Vivir ou Vivir Bien, o qual se contrapõe aos ideais de
desenvolvimento econômico. Pachamama é referida no preâmbulo das constituições
do Equador e da Bolívia. Nesta última, também são citados os conceitos de suma
qamaña (viver bem), ñandereko (vida harmoniosa), teko kavi (vida boa), ivi
maraei (terra sem mal) e qhapaj ñan (caminho ou vida nobre) como princípios
ético-morais da sociedade. O buen vivir ou sumak kawsay também aparece na
Constituição Equatoriana.
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