Transtorno de personalidade Borderline

 
Transtorno de personalidade borderline (tpb)
 
 


O termo "borderline", que em inglês significa "fronteiriço", teve origem na psicanálise: esses pacientes não podiam ser classificados como neuróticos (ansiosos e exagerados), nem como psicóticos (que enxergam a realidade de forma distorcida), mas estariam em um estado intermediário entre esses dois espectros.
 
É um transtorno de personalidade que acarreta instabilidade em relacionamentos interpessoais, autoimagem, humor e comportamento, além de hipersensibilidade à possibilidade de rejeição e abandono. “Os transtornos de personalidade são padrões persistentes e generalizados no modo de pensar, perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo à pessoa e/ou prejudicam sua capacidade funcional”
 
As pessoas com o transtorno de personalidade borderline temem ser rejeitadas e abandonadas e não toleram estarem sozinhas, fazem esforços para evitar que isso aconteça e podem gerar crises, como tentativas suicidas, fazendo com que as outras pessoas a resgatem e voltem ao cuidado para com elas. Assim, são comuns comportamentos destrutivos e impulsivos, que podem acarretar outros transtornos, bem como ocorrer de forma simultânea: depressão, transtornos de ansiedade (como síndrome do pânico), transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtornos alimentares, transtornos por uso de substâncias. O transtorno borderline está classificado em um espectro B, que reúne aqueles sujeitos que costumam ser chamados de "complicados", "difíceis", "dramáticos" ou "imprevisíveis". Nesse grupo B estão, ainda, os narcisistas, os histriônicos e os antissociais.
 
O transtorno de personalidade borderline se origina a partir de estresses durante a primeira infância, como por exemplo abuso físico e sexual, negligência, separação de responsáveis ou perda de um destes. Além disso, algumas pessoas apresentam tendência genética ou ainda fatores ambientais e f isiológicos podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno.
 
SINAIS E SINTOMAS DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE
 
 
Medo de abandono
A pessoa teme ser abandonada, em parte porque ela não quer ficar sozinha. Às vezes, ela sente que absolutamente não existe, frequentemente quando não tem alguém que se preocupe com ela. A pessoa com frequência sente um vazio por dentro. Assim, quando acha que está sendo abandonada ou negligenciada, a pessoa sente medo intenso ou raiva. Por exemplo, pode ficar em pânico ou furiosa quando alguém importante para ela está alguns minutos atrasada ou cancela um compromisso. Ela pensa que esse abandono significa que ela é ruim.
 
Ainda, as pessoas com borderline são empáticas e cuidam de outra pessoa somente se acharem que essa outra pessoa estará disponível sempre que necessário.
 
 
Raiva
Há dificuldades para controlar a raiva, e, muitas vezes, sente raiva intensa e não justificada. “Ela pode expressar sua raiva com sarcasmo cortante, amargura ou ataques de raiva. Essa raiva com frequência é direcionada a amigos íntimos, parceiros românticos, familiares e, às vezes, médicos, porque a pessoa se sente negligenciada ou abandonada“ (Zimmerman, 2021). Após o episódio de raiva, sente vergonha e culpa, reforçando sentimentos de ser uma má pessoa.
 
 
Instabilidade
As pessoas com borderline tendem a mudar o ponto de vista que têm de outras pessoas de forma abrupta e dramática. Há uma repentina mudança da idealização para desvalorização, acarretando nesse último caso o desprezo ou irritação com a pessoa.
 
O sentimento de carência e raiva é constante em relação às outras pessoas. Esse sentimento varia de acordo com a percepção que a pessoa com borderline tem sobre a disponibilidade e o apoio das outras pessoas.
 
Além disso, as pessoas com transtorno de personalidade borderline também podem mudar abrupta eradicalmente sua autoimagem, mostrada pela mudança súbita dos seus objetivos, valores, opiniões, carreiras ou amigos.
 
 
Comportamento impulsivo e automutilação
Muitas pessoas com borderline agem impulsivamente, o que com frequência resulta em automutilação. Portanto, essas pessoas podem apostar em em jogos de azar, praticar sexo inseguro, alimentar-se compulsivamente, dirigir de forma imprudente, ter problemas com uso de substâncias ou gastar excessivamente.
 
Comportamentos suicidas, incluindo tentativas e ameaças de suicídio e automutilação (por exemplo, se cortar ou se queimar) são muito comuns. Embora muitos desses atos autodestrutivos não visem acabar com a vida, o risco de suicídio nessas pessoas é 40 vezes maior do que na população em geral. Entre 8% e 10% das pessoas com o transtorno de personalidade limítrofe morrem por suicídio. Esses atos autodestrutivos são geralmente desencadeados pela rejeição, sensação de abandono ou decepção com alguém com quem a pessoa tem um relacionamento próximo. Além disso, a pessoa pode se automutilar para expressar seus sentimentos de ser uma má pessoa ou para reanimar sua capacidade de sentir quando ela sente que não é real ou distanciada de si mesma (um quadro clínico denominado dissociação). Às vezes, essas pessoas praticam automutilação para se distraírem de emoções que lhes causam mágoa.
 
 
Outros sintomas
A autossabotagem também pode ser sintoma. Isso ocorre para que os outros tenham a impressão de que a pessoa está tendo dificuldades. Por exemplo, o abandono da faculdade pouco antes de se formar, o término de um relacionamento promissor, etc.
 
 
Comorbidades: duas condições ao mesmo tempo:
Transtornos de personalidade são diferentes de transtornos mentais (como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, psicose etc), embora seja difícil para leigos e desafiante até para especialistas fazer essa distinção, já que sobreposições ou comorbidades (existência de duas ou mais condições ao mesmo tempo) são muito frequentes. Não é raro que o borderline desenvolva transtorno bipolar, depressão, transtornos alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-traumático, déficit de atenção/hiperatividade e transtorno por abuso de substâncias, entre outros.
 
 
BORDERLINE E A ESCOLARIZAÇÃO
O borderline necessita de atenção e cuidados que podem vir da escola, quando apresenta psicólogos, mas devido ao contato maior com os professores, estes devem estar preparados para observar e fazer uma prática inclusiva para os estudantes.
 
Salvador-Carulla e colaboradores (2013) referem como frequentemente relacionadas ao borderline:
(a) Dislexia;
(b) Discalculia e/ou outras dificuldades matemáticas;
(c) Perturbação da Aprendizagem Não Verbal;
(d) Síndrome Fetal Alcoólica;
(e) Síndrome do X Frágil;
(f) Síndrome Velocardiofacial;
(g) Síndrome de PraderWilli;
(h) Síndrome de Williams; e
(j) Perturbações do Espectro do Autismo.
 
Assim, cada caso necessita ser analisado individualmente identificando se há outros transtornos relacionados ao trabalho mais adequado.


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