1 - Introdução

 

1 - Introdução

 


Todo estudo da História é também um recorte da própria História, nesse sentido, ao estudarmos História da Igreja, escolhemos por bem alguns recortes para facilitar a compreensão do aluno dos fatos gerais e mais importantes que tiveram suma importância nos caminhos seguidos pela Igreja. As controvérsias acerca de doutrinas de difícil interpretação que tumultuaram sucessivamente a Igreja, provocando cismas, serão deixadas em segundo plano, uma vez que, pelo menos academicamente, parecem ser, hoje, em sua maioria, de pouca relevância.

A metodologia que abordaremos é muito simples: no âmbito de cada período é dada, em primeiro lugar, uma síntese da história política e cultural de toda a sociedade (o pano de fundo da história da Igreja); em segundo lugar, é delineada a história da Igreja propriamente dita, em seus acontecimentos principais, levando em conta, sobretudo, aqueles fenômenos culturais, literários e monumentais que exprimem, a seu modo, as várias formas de “autoconsciência eclesial” que se foram sucedendo no tempo. O corte, portanto, é histórico-cultural; para a época antiga da Igreja, de tipo patrológico-arqueológico.

“O que resolvi escrever reflete as sucessões dos santos apóstolos, o tempo que o nosso Salvador passou entre nós, todos os grandes fatos acontecidos e dos quais se fala na história eclesiástica, as personagens dela que, com louvor, exerceram o governo e a presidência, particularmente das Igrejas mais ilustres, aqueles que em cada geração, de viva voz ou por escrito, foram os mensageiros da divina palavra, os nomes, a qualidade, a idade daqueles que, por desejo de inovações, se precipitaram em grandes ruínas ao se proclamarem autores de uma ciência misteriosa, os quais, sem piedade, como lobos ferozes, infestaram a grei de Cristo. Reflete também as desgraças que se abateram sobre a nação judaica logo após o atentado contra o Salvador, quando, em quantos e de quais modos, a doutrina divina manteve a luta contra os pagãos, os gloriosos [irmãos] que por ela, tempos atrás, enfrentaram a batalha até a efusão do próprio sangue e ao suplício, e os mártires dos nossos dias; enfim, o alegre e bem-vindo socorro que veio do nosso Salvador”. Estas são afirmações de Eusébio de Cesareia (aproximadamente 263-339) no início da sua história eclesiástica, composta entre os anos 311 e 325: Lib. I, cap. I, 1-2.

Desse trecho, conclui-se que a historiografia eclesiástica projetada por Eusébio de Cesareia incluía seis assuntos fundamentais: as sucessões episcopais, os eventos, as personagens, os hereges, os judeus e os pagãos. É fácil constatar que esses seis temas organizam-se em quatro centros de interesse: a) a comunidade cristã em sua vida interna, caracterizada por estruturas (=sucessões episcopais), acontecimentos, personagens; a comunidade em suas relações cada vez mais externas b) com os hereges, c) com os judeus, d) com os pagãos.

É, enfim, particularmente significativo que Eusébio, devendo falar dos primeiros tempos da Igreja, aborde, durante o tratado (embora sem falar dela no prólogo), a história do cânon dos livros sagrados, isto é, a história da obra principal à qual o cristianismo antigo teve que se dedicar pelo espaço de aproximadamente quatro séculos.

O programa de trabalho exposto por Eusébio caracterizava o gênero literário chamado desde então de “história eclesiástica” e até hoje se apresenta plenamente atual. Infelizmente, o próprio Eusébio e muitos dos seus imitadores não souberam ou não quiseram desenvolver plenamente o programa proposto.

Tentativas de história eclesiástica, na realidade, já tinham se verificado mesmo antes de Eusébio. Lucas, nos Atos, em estreita relação com o seu Evangelho, havia oferecido um esboço de história da comunidade cristã primitiva, seguindo antes a atividade de Pedro e, depois, a de Paulo. Através da historiografia eclesiástica, pois, a história da Igreja se manifesta e se confirma, mais precisamente, como a Igreja na história.

 

A História da Igreja

Se a história é o homem em comunidade através do tempo, a história da Igreja apresenta esses mesmos dois elementos de maneira peculiar: o homem em comunidade, isto é, a sincronia eclesial, é a koinonia, a comunhão; o tempo (entendido ou como “chrónos” = tempo quantitativo, ou como “kairós” = tempo oportuno, tempo qualitativo), isto é, a diacronia eclesial, e a “parádosis”, a tradição apostólica.

No entanto, essas duas dimensões tipicamente cristãs e eclesiais se realizam no tempo que é comum a todos os homens, a todas as criaturas (o “chronos”, em suma) e acontecem nas durações já descritas, ou seja, nos eventos, nas conjunturas, nas estruturas que se delineiam para todos num dado tempo, num dado espaço.

A Igreja existe de fato no mundo, ou seja, no tempo, ainda que não seja do mundo: por isso a história da Igreja é, mais propriamente, a Igreja na história.

 

Jesus é o fundador do cristianismo e da Igreja (Mt 16:17-19; 28:18-20)

 

O ministério de Cristo foi precedido por João Batista. Sua primeira aparição pública está ligada ao seu batismo por João. Após este acontecimento, Jesus desenvolveu Seu ministério em centros judaicos.

Depois de sua tentação no deserto, Cristo escolheu alguns dos discípulos que continuariam Sua obra sob a liderança do Espírito Santo após sua ressurreição e ascensão.

Uma visita a Caná marcou Seu primeiro milagre. Seguiu-se uma breve visita a Jerusalém, durante a qual purificou o templo e teve uma entrevista com Nicodemos, oportunidade em que revelou a natureza espiritual de Seu ministério. Voltando à Galileia por Samaria, encontrou uma mulher, quando ficou evidenciado que Seu ministério não se limitava por preconceitos de raça ou sexo, embora sua missão fosse primeiramente com judeus.

Rejeitado em Nazaré, fez de Cafarnaum o centro de Seu ministério. Fez três viagens pela Galileia, estabelecendo, então, Seus ensinos e pregações, por parábolas (Mt 13), milagres, curas e maravilhas. (Os numerosos milagres de Cristo revelam a glória de Deus e mostram que Cristo era Filho de Deus (Jo 3.2), a fim de que se seguisse a fé. Os milagres podem ser definidos como fenômenos não explicáveis pela lei natural conhecida, realizados por intervenção especial de Deus com propósitos morais). Estas viagens foram seguidas de curtas retiradas para que Ele ensinasse a Seus discípulos.

Seu ministério na Galileia foi seguido de um pequeno ministério em Jerusalém, por ocasião da Festa dos Tabernáculos, durante o qual Cristo enfrentou oposição de líderes religiosos: fariseus e saduceus. Passou um tempo na Pereia, mas voltou a Jerusalém e ali passou sua última semana, reforçando a crítica à religião mecânica e exterior.

Sua entrega à morte na cruz marcou o fim de Seu ministério ativo no mundo. Depois de Sua ressurreição, Ele apareceu somente aos Seus seguidores.

A culminação do ministério de Cristo veio com Sua ascensão aos céus na presença dos discípulos, ascensão antecipada por Sua promessa de enviar o Espírito Santo em Seu lugar e de retornar novamente a terra.

A Bíblia dá algumas indicações sobre a personalidade de Cristo. A criatividade e a originalidade de Seu pensamento maravilharam as pessoas de Seu tempo (Mc 1.22; Lc 4.32). Os relatos revelam equilíbrio, unidade e transparência de personalidade, o que se explica adequadamente pelo registro de Seu nascimento sobrenatural.

Muitas religiões poderiam subsistir sem fundadores humanos, mas tirar Cristo do cristianismo faria do mesmo uma casca vazia e sem vida. Cristo deu a Sua Igreja duas ordenanças (batismo e Ceia), seus apóstolos, sua mensagem fundamental do Reino de Deus, sua moral básica (Mt 16.16-19; 18.15-20) e o Espírito Santo para cooperar com ela na evangelização do mundo. Ele não deixou qualquer organização, nem algum sistema doutrinário nem articulado. Quem fez isso foram os apóstolos.

A Igreja de Cristo tem a Sua própria vida!


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