1.I - A plenitude dos tempos

 

1.I - A plenitude dos tempos

 


"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos." Gálatas 4.4,5

Neste texto, Paulo chama a atenção para a Era histórica da preparação providencial que antecede a vinda de Cristo a terra em forma humana. Para termos uma compreensão melhor dessa preparação para o advento do cristianismo, precisamos considerar a contribuição de três grandes povos, cada um ao seu tempo: romanos (política), gregos (cultura), e judeus (religião).

 

A.   ROMANOS - CONTRIBUIÇÃO POLÍTICA

Embora houvesse outras regiões e outros povos fora do domínio do Império Romano, a parte que governavam era a que estava realizando os mais notáveis progressos. Por volta do ano 50 dC, o Império abrangia a Europa ao Sul dos rios Reno e Danúbio, a maior parte da Inglaterra, o Egito e toda a costa norte da África e grande parte da Ásia, desde o Mediterrâneo à Mesopotâmia, ou seja, todas as terras seriam alcançadas pelo cristianismo durante os três primeiros séculos da era cristã.

Todos os governos foram derrubados e um poder único dominava em toda parte. O código das Doze Tábuas (sistema de Leis codificadas durante a Primeira República, no século 5 aC) foi enriquecido pelas leis de outras nações. Desse modo, todos os povos estavam debaixo de um sistema jurídico como cidadãos de um só reino (a ideia de unidade foi a garantia de cidadania romana aos não romanos).

Enfatizando a dignidade do indivíduo e o seu direito à justiça e à cidadania romana, além de agrupar homens de raças diferentes numa só organização política, a lei romana antecipou um Evangelho que proclamaria a unidade da raça ao anunciar a pena do pecado e o Salvador deste, ou seja, salvação de todos os que iriam integrar-se numa organização universal, a Igreja de Cristo - Corpo de Cristo.

Com o aumento do poder imperial romano, uma era de desenvolvimento pacífico começou a ocorrer ao redor do Mediterrâneo. Sob um mesmo governo, os povos não mais precisariam estar em guerras, pelo contrário, as viagens e intercâmbio comercial tiveram grande incremento.

As estradas romanas, de concreto, chegavam aos pontos mais distantes do império. As cidades estrategicamente localizadas às margens das estradas puderam concretizar a missão de Paulo. A Palestina era um importante cruzamento que ligava os continentes da Ásia e da África com a Europa por via terrestre (At 26.26).

 

 B. GREGOS - CONTRIBUIÇÃO CULTURAL

Graças à influência grega, a cultura rural da antiga República deu lugar à cultura intelectual do Império. Daí a denominação greco-romana ao mundo da época.

1. Uma Língua Universal

Foi através do dialeto do homem comum (koiné), diferente do grego clássico, que os cristãos foram capazes de se comunicar com os povos do mundo antigo, usando-o inclusive para escrever o Novo Testamento, o mesmo fazendo os judeus de Alexandria para traduzir o Velho Testamento do hebraico, trazendo-nos a Septuaginta. O grego koiné tornou-se a língua que Alexandre, seus soldados e os comerciantes do mundo helenístico (338 aC) modificaram, enriqueceram e espalharam através do Mediterrâneo.

A influência dos gregos se estendeu por todo o mundo antigo, aprofundando o pensamento dos homens nas ideias e pesquisas relacionadas com as grandes perguntas da vida: origem  e significado do mundo, existência de Deus e do homem, bem e mal, etc. A curiosidade intelectual e prontidão de raciocínio prevaleciam nos principais centros greco-romanos. Houve um grande movimento intelectual sobre assuntos teológicos e filosóficos (VI a III aC). Verificou-se daí um desenvolvimento da mentalidade do povo que aprendeu a pensar.

 

C.  JUDEUS - CONTRIBUIÇÃO RELIGIOSA

As contribuições dos judeus formam a herança do cristianismo. O cristianismo pode ter-se desenvolvido no sistema político de Roma e encontrado ambiente intelectual criado pela mente grega, mas seu relacionamento maior foi com o judaísmo.

Os judeus, ao contrário dos gregos, não intentaram encontrar Deus pelo intelecto (razão). Eles pressupunham Sua existência e já Lhe prestavam culto, movidos pela missão recebida de Deus que Se revelara a respeito de Si mesmo e de Sua vontade soberana em tempos antigos. À medida que recebiam nova revelação progressiva, eles preservaram tais ensinos na pureza e integridade até cumprir-se a "plenitude dos tempos". O judaísmo tornou-se o berço do cristianismo.

A fé em um só Deus foi espalhada por numerosas sinagogas localizadas em volta da área mediterrânea durante os três últimos séculos antes de Cristo.

Em parte alguma havia uma vida religiosa tão pura e forte como a judaica, cujas características essenciais eram "a mais alta concepção de Deus resultante dos ensinos do Antigo Testamento; e o mais alto ideal de vida moral resultante desta concepção de Deus."

Só os judeus poderiam compreender melhor o cristianismo, a princípio, e pregá-lo a outros povos, por causa das semelhanças entre o judaísmo e o cristianismo.

Um Messias é quem estabeleceria a justiça na terra. O que possibilitou aos judeus e a outros povos receberem a nova religião foi a esperança de um Salvador divino, já que, no mundo greco-romano, pairava completo desespero, cansaço e desilusão.

 


Share:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Hernandes D. Lopes - Jó

Wayne Gruden

Ariovaldo Ramos