Figuras de linguagem são formas de expressão
que destoam da linguagem comum ou denotativa. Elas dão ao texto um significado
que vai além do sentido literal, portanto permitem uma plurissignificação do
enunciado. Por exemplo, na frase “Fabiano tem muita cara de pau em aparecer
aqui depois de tudo que ele me fez”, a expressão “cara de pau” indica que
Fabiano não tem vergonha na cara e não que a cara dele, literalmente, é feita
de madeira.
Figuras de Comparação
A. Símile.
É a figura mais simples e consiste em uma
comparação formal, geralmente precedida, no hebraico pela partícula K.(como),
entre duas coisas ou ações, entre duas coisas ou ações, mantendo-as distintas.
Exemplos:
“Então ele será como uma árvore plantada junto as correntes de águas” – Sl 1.3.
A comparação é que os que meditam na Lei do
Senhor estão seguro, protegido e fortes, da maneira como uma árvore que está
plantada onde existe água. Ambos, o homem e a árvore, são beneficiados e
produzem frutos.
“Não é, pois, a minha palavra como fogo, dito
de Yahweh, e como martelo que
esmiúça a penha” – Jr 23. 29.
B. Metáfora.
É outra figura de comparação, mas que não se expressa formalmente onde a idéia de um objeto é transmitida para outro sem que se diga que são ‘semelhantes’. Bullinger diz que na Metáfora não há aviso prévio na transferência de significados entre os elementos. Por exemplo, Is 40. 6 diz que “toda carne é erva”.
Ainda sobre a Figura de Comparação temos as
Parábolas (Is 5.1–7) e as Alegorias (Sl 80.8–16).
Figuras de Dicção
A. Pleonasmo.
Consiste na redundância de expressão com o
objetivo de enfatizar o argumento ou dar vivacidade a linguagem. Por exemplo,
em Gn 40. 23 o pleonasmo se pela repetição de “dele se esqueceu”. Em Gn 9. 5 a
repetição do substantivo “mão” enfatiza que Deus requereria o sangue de quem
derramasse o sangue do homem (vv. 5, 6).
B. Hipérbole. Consiste em um exagero consciente
ou um tipo de exagero para aumentar o efeito do que se disse. Por exemplo, diz
o salmista “cansei em meus gemidos; faço nadar todas as noite a minha cama, em
lágrimas a faço alagar” (Sl 6.6). Só um leitor desatento não perceberá o
exagero do escritor.
Figuras de Relação
A. Sinédoque.
Consiste na substituição de todo pela parte
onde existem associações de idéias. Em Gn 3.19 temos esta figura, pois, diz o
texto: “no suor de teu rosto comerás o
teu pão”. Temos ‘rosto’ por todo ‘corpo’ e
‘pão’ por ‘alimento’.
B. Metonímia.
É a substituição de um nome por outro em que o
primeiro guarda alguma relação com o segundo. Por exemplo, diz ISm 7. 16 que a
‘casa’ de Davi e o seu ‘trono’ durariam para sempre. Será que é uma construção
física e um trono físico? É certo que não, pois, neste caso, ‘casa’ é
substituído por ‘dinastia’ e ‘trono’ por reinado’.
Figuras de Contraste
A. Ironia.
Quando um escritor utiliza palavras para
transmitir o oposto de seu sentido literal. Por exemplo, em IIRs 18 temos o
que, talvez, seja a mais perfeita ironia. Elias dizia aos profetas de Baal:
“Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou
que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo,
e despertará” (v. 27). É óbvio que Baal não era ‘deus’. Outro exemplo é a palavra
de Deus a Jó, no capítulo 38. Ao fazer uma série de perguntas a Jó (vv. 4–20)
Deus pede que Jó responda, pois, como diz o Senhor, “De certo tu o sabes,
porque já então eras nascido, e por ser grande o número dos teus dias!” (v.
21).
B. Eufemismo.
É a substituição de uma forma mais ríspida ou
indelicada, por uma mais branda e agradável. Por exemplo em Gn 15. 15 diz de
Abrão que “tu irás a teus pais” para dizer “morrerás”; outro exemplo é quando
Davi perguntou a Cusi: “Vai bem com o jovem, com Absalão?” a resposta de Cusi
foi: “Sejam como aquele jovem os inimigos do rei meu senhor, e todos os que se
levantam contra ti para mal” (IISm 18. 32). Observe o eufemismo de Cusi. Cusi
disse que a todos os inimigos de Davi aconteça o mesmo que aconteceu com
Absalão, ou seja, sejam mortos.
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