Introdução: Evangelho Sinótico

 

Introdução: Evangelho Sinótico



A Bíblia – Escritura Sagrada para os cristãos – é dividida em dois grandes blocos: O Antigo e Novo Testamento. Os Evangelhos Sinóticos estão contidos no Novo Testamento.

 

1.1 - Cronologia: composição dos Livros Bíblicos

Os textos bíblicos tiveram um longo período de composição, não foram escritos de uma só vez e é obra de vários autores humanos, todos inspirados por Deus, que é o Autor Divino.

 

1.1.1 - Antigo Testamento

A grande primeira parte da Bíblia chama-se Antigo Testamento (Primeira Aliança) e é a parte de maior tempo de composição, tendo inicialmente uma tradição oral e posteriormente esta tradição oral passou a ser escrita. Assim temos:

 

Abrangência histórica

: 18 séculos – A partir de Gn 12,1, começa a história da Revelação com a história do povo de Israel onde ocorre a eleição – escolha – de Abraão (aproximadamente ano 1.800 a.C.). Entre o século XVIII a.C. até o século XI a.C. temos o período oral da Escritura Sagrada, ainda não havia texto escrito.

 

Abrangência literária:

A partir do séc. XI Israel começa a escrever sua história, colocar por escrito, inicia-se a fase redacional. Este período de inicio de redação começa sob à fase da monarquia (Saul, Davi e Salomão).

A fase de redação dos Livros do Antigo Testamento (46 livros) compreende um período de 11 a 12 séculos.

 

1.1.2 - Novo Testamento

O Novo Testamento (Segunda Aliança) também tem duas fases distintas:

Abrangência histórica: É o período que compreende a vida e pregação de Jesus até a morte do último apóstolo (João Evangelista, que é atribuída por volta do ano 100 de nossa era.)

 

Abrangência literária:

É o tempo em que se levou para escrever os 27 livros do Novo Testamento. Este período vai do ano 51 d.C. até por volta do ano 100 d.C..

Os escritos neotestamentários podem ser distribuídos da seguinte forma:

Cartas de Paulo:

do ano 51 d.C. até o ano 63 d.C.

Evangelhos Sinóticos:  Marcos – ano 65 d.C; Mateus e Lucas – entre anos 70-80 d.C.

Cartas Católicas: 1ª, 2ª e 3ª Carta de João, Carta de Tiago, de Judas e a 1ª e 2ª Carta de Pedro – entre os anos 80-90 d.C.

Escritos joaninos: Evangelho de João e Apocalipse e as cartas católicas

joaninas – entre os anos 90-100 d.C.

Nota-se que os Evangelhos (segundo Mateus, Marcos Lucas e João) encontram-se na parte da Bíblia que se chama Novo Testamento, mas se fazem necessárias algumas considerações preliminares.

 

1.2 - Antigo e Novo?

A terminologia que se tem hoje para denominar as duas grandes partes do Livro Sagrado traz em seu bojo algumas questões que devem ser esclarecidas.

Na sociedade hodierna ocidental há um problema depreciativo quanto à palavra “antigo” dando a idéia de ultrapassado, antiquado, retrógrado, etc.. Na Teologia Bíblica muitos teólogos propõem a utilização dos termos “primeira” e “segunda” para se referir ao “antigo” e “novo” e “aliança” ao invés de “testamento”. Assim, temos a Primeira Aliança para nos referir ao Antigo Testamento e a Segunda Aliança para nos referir ao Novo Testamento.

A Primeira Aliança e a Segunda Aliança não se opõem e nem se excluem, ao contrário há uma interação dialética, há uma complementaridade entre as duas grandes partes da Bíblia. O próprio Jesus afirma: “Eu não vim abolir a Lei, mas dar pleno cumprimento dela”.

 

A Bíblia, Palavra de Deus revelada, é sempre atual.

1.3 - Testamento ou Aliança?

No século IV d.C. o Papa São Dâmaso (pontificado de 366 – 384 d.C.) pede para seu secretário São Jerônimo (347? – 419 d.C.) compilar uma única versão latina para a Bíblia, pois havia muitas versões no vernáculo latino.

Jerônimo faz esta nova versão que passa a se chamar Vulgata. Para executar este trabalho São Jerônimo abandonou os textos latinos existentes e traduziu direto do grego para o latim. Ora, na língua grega a palavra para se referir a testamento é “diatheke”(διατηεκε) que tem duas possíveis traduções: “aliança” e “testamento”.

 

São Jerônimo adotou o termo grego e traduziu para o latim como “testamentum”.

A palavra grega diatheke vem da tradução da palavra hebraica “berit”, que significa “aliança”.

A Teologia Bíblica dá ênfase a palavra “aliança” por entender que traz a idéia dinâmica de relação entre duas partes, entre duas pessoas e a palavra testamento pode dar a idéia restritiva de um documento apenas jurídico.

Em toda a Bíblia temos inúmeros exemplos de Deus fazendo alianças com o gênero humano (Noé, Abraão, Moisés, Davi, Jesus, etc.).

O estudioso André Chouraqui coloca em seu comentário a Gn 9,11: “O pacto supõe uma escolha, uma acordo fundamental entre as partes que reúne.”

A aliança tem um caráter relacional. É necessária uma resposta do ser humano à proposta de Deus. Assim, ao adotar a palavra “aliança” ao invés de “testamento” a Teologia Bíblica quer salientar esta realidade relacional entre Deus e o gênero humano.


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