O livro de Samuel, dividido pelos gregos e
pelos latinos - não pelos hebreus - em dois, recebe o nome do santo profeta,
cujas gestas constituem os seus primeiros capítulos, e cuja ação o dominam
inteiramente. A matéria tratada divide-se marcadamente em três partes, segundo
as três personagens que governam sucessivamente o povo de Israel: Samuel, Saul
e Davi.
1a parte. Samuel, o último Juiz:
1) Nascimento de Samuel (1:1-2,10); sua
juventude a serviço do templo; reprovação do sacerdote Heli e de seus filhos
(2:11-3,21).
2) Primeira guerra filistéia; derrota, captura
da arca, morte de Heli e de seus filhos (4). Retorno da arca santa (5-7).
3) Judicatura de Samuel: reforma religiosa,
segunda guerra filistéia, vitória; governo de Samuel (7:3-17).
4) Mau governo dos filhos de Samuel. O povo
pede um rei (8) Saul é ungido e proclamado rei (9-10). Vitória sobre os
amonitas (11). Samuel abdica e despede-se do povo (12).
2a parte. Saul, primeiro rei:
1) Terceira guerra filistéia; desobediência de
Saul; audácias de seu filho Jônatas; vitórias. Sumário do reinado de Saul
(13-14).
2) Vitória sobre os amalecitas; e outra
desobediência de Saul, que é por isso reprovado (15).
3) Samuel unge secretamente rei a Davi, que é
chamado à corte de Saul, assaltado por mania furiosa (16).
4) Quarta guerra filistéia. Davi vai ao
acampamento e mata o gigante Golias (17:1-54). Amizade de Jônatas com Davi e
inveja de Saul para com o mesmo (17:55-18:9).
5) Saul procura matar Davi, o qual foge da
corte (18,10-19,17); vai ter com Samuel, renova com Jônatas o pacto de amizade
(19:18-21:1).
6) Davi anda errante por vários lugares
(21:2-22:5) Saul mata os sacerdotes fautores de Davi (22:6-23). Davi em Ceila
(23:1-13); em Zif salva-se de grave perigo (23:14-28) em Engadi poupa a vida a
Saul (24) ofendido por Nabal, é aplacado por Abigail, que de pois desposa (25)
novamente, poupa a vida a Saul (26) vive entre os filisteus (27).
7) Quinta guerra filistéia. Saul consulta a
nigromante de Endor (28). Davi, afastado pelos filisteus (29), vence os
amalecitas (30). Saul morre no campo de batalha (31) e Davi pranteia a sua
perda (2Sam 1).
3a parte. Davi, fundador da dinastia (2Sam
2-24):
1) Rei de Judá em Hebron (2:1-7); guerra civil
entre os dois partidos, progressos de Davi (2:8-3:5) assassínio de Abner
(3:6-39) e de Isboset (4).
2) Rei de todos os Israelitas em Jerusalém
(5:1-16) vitória sobre os filisteus (5:17-25) transladação da arca para Sião
(6) promessa messiânica (7) conquistas no exterior (8) favores ao filho de
Jônatas (9).
3) Desordens domésticas. Guerra amonita (10);
duplo pecado de Davi (11); arrependimento de Davi (12); incesto de Amnon
(13:1-22); vingança de Absalão (13:23-36); seu exílio e repatriação
(13:37-14:33).
4) Revolta de Absalão (15:1-12) fuga de Davi
(15:13-16:14) e entrada de Absalão em Jerusalém (16:15-17:23); guerra civil
(17:24-18:8); morte de Absalão e luto de Davi (18:9-19:8). Davi retorna à
capital (19:9-43) a rebelião de Seba é dominada (20:1-22) governo (20:23-26).
5) Diversos episódios. Cessa a fome, dando
satisfação aos gabaonitas (21:1-14). Heroísmo de alguns homens contra os
filisteus (21:15-22). Cântico triunfal de Davi (22). - Últimas palavras de Davi
(23:1-7). Os heróis campeões (23, 8-39). Recenseamento do reino; a peste;
ereção de um altar sobre o Sião (24).
Todos esses acontecimentos encheram o período
de cerca de um século e meio, aproximadamente os anos 1120-970 a.C., um lapso
de história israelita isento de toda interferência quer do Egito, quer da
Assíria e da Babilônia. Ao escrever o livro, o autor sagrado tem por finalidade
mostrar-nos as vias providenciais pelas quais foi estabelecida no povo de Deus
a monarquia e a dinastia davídica, de cuja cepa devia nascer o Messias, cujas
glórias ter-lhe-ia perpetuado. Em Samuel apresenta-nos o modelo do ministro fiel
de Deus, em Davi o tipo de magnanimidade aliada a uma sincera piedade.
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