A importância do culto aos antepassados levou
filósofos e historiadores - como Evêmero, no século IV a.C. - a considerá-lo a
origem da religião. As sepulturas paleolíticas corroboram essa opinião, pois
comprovam já haver, naquele período, a crença numa vida depois da morte e no
poder ou influência dos antepassados sobre a vida cotidiana do clã familiar.
Os integrantes do clã obrigavam-se a praticar
ritos em homenagem a seus defuntos pelo temor a represálias ou pelo desejo de
obter benefícios ou, ainda, por considerá-los divinizados.
No século XIX, os estudos realizados pelo
antropólogo britânico Edward Burnett Tylor deram origem ao conceito de
animismo, aplicado desde então a todas as religiões primitivas. Tylor sustentou
que o homem primitivo, a partir da experiência do sonho e do fenômeno da
respiração, concebeu a existência de uma alma ou princípio vital imaterial que
habitava todos os seres dotados de movimento e vida. O temor diante dos
fenômenos naturais ou a necessidade de obter seus benefícios impeliu-o a
render-lhes veneração e culto.
O deus sol, a divindade lunar, o trovão, a
montanha sagrada, os espíritos da água, do fogo, do vento... A crença de que os
fenômenos e forças da natureza são capazes de intervir nos assuntos humanos
constitui o fundamento de todas as idéias religiosas dos povos primitivos, que
viviam em harmonia com a natureza e sentiam em todas as suas manifestações a
presença do sagrado.
O fetichismo e o totemismo podem ser
considerados variantes do animismo. O fetichismo refere-se à denominação que os
portugueses deram à religião dos negros da África ocidental e que se ampliou
até confundir-se com o animismo. Consiste na veneração a objetos aos quais se
atribuem poderes sobrenaturais ou que são possuídos por um espírito.
Mais que uma religião, o totemismo seria um
sistema de crenças e práticas culturais que estabelece relação especial entre
um indivíduo ou grupo de indivíduos e um animal -- às vezes também um vegetal,
um fenômeno natural ou algum objeto material -- ao qual se rende algum tipo de
culto e respeito e em relação ao qual se estabelecem determinadas proibições
(uso como alimento, contato etc.).
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