É uma das disciplinas que se constitui numa das
divisões da filosofia. Tem por objeto o estudo da dimensão espiritual do homem
desde uma perspectiva filosófica (metafísica, antropológica e ética), indagando
e pesquisando sobre a essência do fenômeno religioso: "O que é, afinal, a
Religião?".
Método
Para o estudo da Filosofia da Religião são
usados os métodos histórico-crítico comparativo, o filológico e o
antropológico. O primeiro deles compara as várias religiões no tempo e no
espaço, em busca de seus aspectos mais comuns e suas diferenças, para verificar
o que constitui a essência do fenômeno religioso. O segundo faz o estudo
comparativo das línguas, visando encontrar as palavras utlizadas para descrever
e expressar o sagrado e suas raízes comuns e o terceiro método procura
reconstruir o passado religioso tendo por base a etnologia (estudo dos povos
primitivos e atuais, suas instituições, crenças, rituais e tradições). A Filosofia
da Religião deve fazer uma adequada conjugação desses métodos "para obter
a melhor soma de elementos para chegar à conclusão mais correta sobre a essência
da religião e suas características universais."
Desenvolvimento da Filosofia da Religião
Até o século XX, a história do pensamento filosófico ocidental encontrava-se intimamente associada às tentativas de esclarecer certos aspectos do paganismo, do judaísmo e do cristianismo, enquanto que em tradições como o hinduísmo, o budismo ou o taoísmo, há uma distinção ainda menor entre a investigação filosófica e a religiosa.
O problema clássico de conceber um objeto apropriado para a crença religiosa consiste em compreender se é possível lhe atribuir algum termo: fará sentido dizer que esse objeto cria e conhece coisas, que deseja certos acontecimentos, que é bom ou providencial, que é uma ou muitas coisas?
Na teologia da via negativa afirma-se que Deus só pode ser conhecido quando negamos que os termos vulgares possam ser-lhe aplicados; outra sugestão influente é a de que os termos vulgares só se lhe aplicam metaforicamente, não existindo qualquer esperança de eliminar essas metáforas. Mas mesmo que se chegue a uma descrição do Ser Supremo, continuamos com o problema de encontrar um motivo para se supor que exista algo correspondente a essa descrição.
A época medieval foi a mais fértil em pretensas
demonstrações da existência de Deus, como as cinco vias de Santo Tomás de
Aquino, ou o argumento ontológico de Santo Anselmo. Essas provas deixaram de
ter ampla aceitação desde o século XVIII, embora ainda convençam muitas pessoas
e alguns filósofos. De uma maneira geral, até os filósofos religiosos (ou
talvez estes em especial) têm sido cautelosos em relação às manifestações
populares da religião. Kant, um simpatizante da fé religiosa, distinguiu várias
perversões dessa fé: a teosofia (uso de concepções transcendentais que
confundem a razão), a demonologia (favorecimento de concepções antropomórficas
do Ser Supremo), a teurgia (ilusão fanática de que esse ser pode nos comunicar
sentimentos ou de que podemos exercer influência sobre Ele) e a idolatria ou a
delusão supersticiosa de que podemos nos tornar aceitáveis perante o Ser
Supremo através de outros meios que não o de ter a lei moral no coração
(Crítica da faculdade do juízo, II.28).
No entanto, essas tendências para o contato arrebatado têm se tornado cada vez mais importantes na teologia moderna. Desde Feuerbach há uma tendência crescente na filosofia da religião em se concentrar nas dimensões sociais e antropológicas da crença religiosa (ver também jogo de linguagem, magia), ou para a conceber como uma manifestação de várias necessidades psicológicas explicáveis.
Outra reação consiste numa fuga para o elogio
do comprometimento existencial puramente subjetivo (ver também existencialismo,
Kierkegaard). No entanto, o argumento ontológico continua a atrair a atenção, e
as tendências antifundacionalistas (ver fundacionalismo) da epistemologia
moderna não são inteiramente hostis às pretensões cognitivas que se baseiam na
experiência religiosa.
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