Igreja Complicada. Conhece Alguma? - Lição 08

 

Igreja Complicada. Conhece Alguma?


Lição 08
O caminho (Mais excelente)
Para a maturidade.



 


Para ler e meditar durante a semana

D - Mt 5.44 - Amor aos inimigos;

S - Dt 10.19 - Amor aos estrangeiros;

T - Lc 10.25-37-Amor ao próximo;

Q - Jo 13.34 - Amor ao irmão;

Q - 1Jo 4.7- Amor é de Deus;

S - Cl 3.14 – Amor é o vínculo da perfeição

S - Gl 5.22-Amor é fruto do Espírito

 

Leitura Bíblica em Classe

1 Coríntios 13


INTRODUÇÃO

Como viver na unidade em um mundo onde as pessoas estão cada vez mais distantes e individualistas. Há algum tempo, vi em matéria de um telejornal brasileiro alguém dizendo que metade dos jovens brasileiros considera o celular seu melhor amigo. Estarrecedor, não? Como podemos ser unidos? É possível a harmonia diante de tantas polarizações?

Assuntos como política tem separado os amigos e irmãos mais chegados. As redes sociais tem sido palco de muitos debates inflamados. De acordo com a Safernet (uma ONG que mapeia crimes cibernéticos no Brasil), as denúncias por crimes de ódio na internet triplicam perto das eleições.

A unidade é sabotada o tempo todo por razões diversas. Nossa sociedade contemporânea está dividida por "tribos urbanas", chamadas pelos sociólogos de "subculturas" ou "subsociedades." Estes grupos compartilham hábitos, valores culturais, estilos musicais e ideologias políticas semelhantes. E o número de tribos urbanas se multiplica nas grandes cidades. Quando contaminada pela intolerância, essa diversidade cultural gera divisão, ódio, conflitos. A igreja precisa se precaver para não permitir que a diferença entre seus membros seja causa de divisão. Somos diferentes e divergimos. Unidade não é sinônimo de uniformidade. Unidade na igreja significa amar pessoas diferentes.

A igreja de Corinto foi desafiada a viver essa dimensão da espiritualidade cristã. Apenas através do amor preservamos a unidade e alcançamos a maturidade.

 

I. DATA E OCASIÃO

Paulo encerra o capítulo 12 aconselhando os coríntios a buscar os melhores dons. O apóstolo corrige uma visão distorcida dos espirituais naquela comunidade. Essas disputas na igreja de Corinto precisam parar. Quando todos querem proeminência, o resultado é um só: pessoas se empurram, derrubam e pisam umas nas outras e se machucam. Os dons jamais deveriam ser o combustível do orgulho. Neste momento, o após- tolo evidencia o único caminho capaz de transformar dons vantajosos e edificantes para a igreja. O amor é preferível aos dons mais espetaculares. O amor é o "caminho sobremodo excelente": "(...) procurai, zelo, os melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobre- modo excelente" (1Co 12.31).

 

II. A SUPERIORIDADE DO AMOR (v.1-3)

Paulo ensina a respeito dos dons espirituais e como eles devem contribuir para o bem-estar da igreja. Mas, isso só é possível quando cada pessoa exerce seu dom balizado pelo amor. O amor é o caminho sobremodo excelente para a edificação da igreja. A espiritualidade do cristão tem mais a ver com seu amor pelas pessoas, do que com a quantidade de dons que ele possui. Ter todos os dons sem amor é inútil. Alguém é melhor conhecido como seguidor de Jesus pelo fruto do Espírito e Paulo diz que o amor é superior à capacidade de falar a língua dos anjos (1Co 13.1), à profecia (v.2), ao conhecimento (v.2), à fé (v.2), ao altruísmo (v.3) e à própria morte sacrificial (v.3). Sem amor, nossas palavras se tornam vazias. Sem amor, nada vale.

Somos chamados a amar uns aos outros (1Ts 4.9). Deus, o Pai, nos chama a amar uns aos outros (1Jo 4.19). O Deus Filho, nos chama a amar uns aos outros (Jo 13.34-35). O Deus Espírito Santo nos chama a amar uns aos outros (Rm 5.5).

 

III. "AINDA QUE..."

Essa linguagem é hiperbólica e hipotética. Paulo está dizendo: "Suponha que eu tivesse tudo isso no grau máximo imaginável. Suponha, por exemplo, que eu falasse a línguas dos anjos". Ele não está afirmando que alguém realmente possa falar as línguas dos anjos, nem mesmo que haja uma língua dos anjos. Paulo se vale de um re- curso para exagerar ao máximo algumas coisas, destacando a impossibilidade de determinadas práticas. "Suponha que eu fizesse tudo isso sem ser animado, motivado e movido pelo amor aos outros. Que utilidade teria realmente?" A capacidade hipotética de falar em línguas angelicais, conhecer tudo e oferecer tudo, seria tão inútil e vazio quanto um latão barulhento. Os coríntios pensaram que eles eram realmente algo por causa de seus dons, porém, usar esses dons da maneira mais impressionante possível sem amor não significa nada: "ainda que."

 

IV. CARACTERÍSTICAS DO AMOR (v.4-8)

A. O amor é conhecido pelo que é:

1. É paciente. Ele permite que a pessoa suporte danos causados por alguém, sem ressentimento ou retaliação. Quem ama com esse amor (v.4-7) caminha uma segunda milha com quem o feriu, oferece a outra face e suporta os insultos (Mt 5.39-41). O amor tem pavio longo. A Igreja de Corinto tinha muitos membros que haviam sido injustiçados (1Co 6.8; 11.21-22). A resposta do amor à injustiça sofrida é a demonstração de bondade

 

2. É benigno. O amor de Deus em nós vence o mal com o bem. "Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem" (Lc 6.27). José tinha desse amor para com seus irmãos que lhe fizeram tanto mal (Gn 50.15-21).

 

B. O amor é conhecido pelo que não faz

1. Não arde em ciúmes. Quem ama não age com, nem alimenta ciúmes ou inveja.

2. Não se ufana. Quem ama com o amor do Espírito (Cl 1.8), nunca ostenta as suas próprias virtudes, cha- mando atenção para si, mas sempre faz o possível por seu semelhante e atribui toda glória a Cristo.

3. Não se ensoberbece. O amor não é orgulhoso, arrogante, presunçoso, exibido, extravagante. Não trata os outros como inferiores. Quem ama não busca a própria honra e admiração.

4. Não se conduz inconvenientemente. O amor nunca se porta com indecência, desonra ou imoralidade. O cristão não pode ser vulgar. O amor nunca envergonha, fere ou humilha o outro, mas busca o bem-estar de todo o corpo de Cristo.

5. Não procura os seus interesses. O amor não é cobiçoso, egoísta, ava- rento. Não pensa só em si mesmo. "Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros" (Fp 2.4).

6. Não se exaspera. O amor não se cansa de amar e perdoar. O amor leva você a fazer o bem para quem dá muitas razões para você não o amar. O amor é demonstrado não apenas "por causa de", mas principalmente "apesar de". Por exemplo, Deus nos ama não por causa de nossas virtudes, mas apesar de nossos vícios.

7. Não se ressente do mal. Há quem guarde ressentimentos e viva sempre desconfiado dos outros, imaginando que as pessoas sempre querem fazer-lhe mal. O amor, porém, sempre perdoa e não guarda rancor (Cl 3.13).

8. Não se alegra com a injustiça. O amor não se regozija com a iniquidade. Os coríntios estavam se gabando do pecado em sua igreja (1Co 5). O amor detesta a injustiça. O amor não celebra a maldade. O amor é puro.

 

C. O amor é conhecido pelo que faz

1. Regozija-se com a verdade. O amor de Deus está sempre do lado da verdade, mesmo quando ela lhe traz algum desconforto ou prejuízo.

2. Tudo sofre, crê, espera, suporta. O amor sempre defende, confia, tolera e persevera. O amor é obediente, fiel e esperançoso.

3. O amor jamais acaba. Profecias desaparecerão, "(...) havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará (...) (v.8). Estes eram dons que alguns dos coríntios valorizavam, especialmente o dom de línguas. Não são dons eternos, mas o amor durará para sempre.

O amor é a maior das virtudes, o maior dos mandamentos, o cumprimento da lei de Deus. O amor é a maior evidência de maturidade espiritual, a mais eloquente comprovação do discipulado e a garantia mais sólida da genuína conversão. Quando Jesus voltar em sua majestade e glória, inaugurando o que é perfeito; então, o que é em parte, será aniquilado (v.10). No céu não precisaremos mais de fé nem mesmo de esperança, porém, o amor será o oxigênio do céu, o fundamento de todas as nossas relações pelo desdobrar da eternidade.

"Agora (...) permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, porém o maior destes é o amor" (v.13).

O amor é o maior deles, o amor é eterno, é supremo. O amor é inerente- mente maior por ser o mais semelhante a Deus. Deus não tem fé, nem esperança, mas "Deus é amor" (1 Jo 4.8). Ainda que o sol perdesse sua luz e claridade; ainda que as estrelas deixassem de brilhar no firmamento; ainda que os mares secassem e os prados verdejantes se tornassem desertos tórridos, ainda assim, o amor continuaria sobranceiro, vivo e vitorioso para sempre. O amor jamais acaba. O amor é a verdadeira marca do cristão.

 

V. MENSAGEM PARA HOJE: AME SACRIFICIALMENTE

Infelizmente, em português a pala- vra "amor" significa muitas coisas. Você diz que ama seu carro, ama sua esposa, ama seu cachorro, ama seu novo vestido, ama seu seriado. O nosso idioma não ajuda a entender o significa de "amor". A língua grega pode nos ajudar nisso. Os gregos tinham uma palavra específica para o amor erótico (eros), que é o amor que conhecemos como uma atração física entre um homem e uma mulher em um nível sexual. Há outra palavra grega relacionada ao afeto romântico ou à amizade (filos), o tipo de carinho e auto identificação que vem quando duas pessoas se tornam muito próximas, independentemente de qualquer atração sexual. Mas o "amor" mencionado em 1 Coríntios é a palavra grega ágape, que significa "o ato final de auto sacrifício". O sacrifício de si mesmo pelo bem de outra pessoa. "Se eu falasse a língua dos homens e dos anjos e não tivesse um espírito de auto sacrifício, eu nada seria." Essa é a essência do amor em 1 Coríntios 13. É um ato de auto sacrifício, de serviço a alguém que não necessariamente gosta de você. Amar seus inimigos não se refere ter um relacionamento maravilhoso, caloroso e feliz com eles. Significa dar o que eles precisam, não o que eles merecem.

Em outras palavras, ame seus inimigos como Deus faria. E como seria? Deus amou seus inimigos o suficiente para morrer em seu favor e estabeleceu o padrão para esse tipo de amor. Não é emoção, é autos sacrifício.

Não importa como essa pessoa se comporta ou relaciona com você. Bus- que o seu bem maior. Isso é o que Deus fez. Assim como Deus envia sua chuva sobre os justos e os injustos, você deve amar merecedores e indignos. O amor ágape não está meramente relacionado a sentimentos, mas a uma atitude deter- minada de fazer o bem por quem é bem diferente e oposto a você.

Esse é o sinal da verdadeira maturidade.

 

CONCLUSÃO

O problema do uso e abuso dos dons passava pelo fascínio dos coríntios. Alguns dons em detrimento de outros, como o "dom de línguas", que aparentemente estava mais relacionado à vida de devoção pessoal (1Co 14.4). Paulo não desencorajou o emprego de qualquer dom (1Co 14.39; cf. 1Ts 5.19-20), mas insistiu que cada exercício de dom se regulasse pelo amor. Os dons do Espírito devem ser controlados pelo fruto do Espírito (Gl 5.22). Exercer dons com amor beneficia a igreja como um todo (1Co 14.5) e honra a Deus (1Co 14.25,33,40). Sem a presença e a prática do amor, os dons do Espírito são inúteis (v.1-3). A principal tarefa do Espírito em nós não é distribuir dons, mas nos fazer crescer em maturidade conforme o caráter de Cristo.

 

APLICAÇÃO

Uma das coisas que mais impressionam o mundo é a maneira como os cristãos se amam. Pelo menos deveria ser. As pessoas ouvirão mais o que temos a dizer, se observarem consistência naquilo que fazemos. O evangelho precisa ser anunciado aos ouvidos e aos olhos. Como vamos falar do amor de Deus, se as pessoas não conseguem enxergar a concretização desse amor em nós? Deus decidiu vincular o que está realizando em nosso tempo a partir do que estamos fazendo uns aos outros e uns pelos outros.



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