Igreja Complicada. Conhece
Alguma?
Igreja restauradora
Severidade na disciplina e afeto na restauração
Para
ler e meditar durante a semana
D
- 2Co 5.18-Ministros da reconciliação;
S
- Gl 6.1-5-Carregar as cargas;
T
- C 3.12-14-Perfeita unidade,
Q
- S151-Confissão genuína:
Q
- S1 32-Felizes são os perdoados:
S
- 1Jo 1.19- Fiel e justo para perdoar;
S
- Ef 4.32-Perdoar como Cristo
2 Coríntios 2.5-11
INTRODUÇÃO
Já estudamos sobre disciplina na igreja. Este é
um tema delicado. Existe o perigo dos extremos também neste campo. Por um lado,
podemos ser omissos diante do pecado que perturba a comunidade. Enterramos
nossas cabeças na areia e esperamos que os problemas desapareçam, mas também
podemos tentar substituir essa "graça barata" por uma postura
legalista e inflexível, destituída de graça, que castiga pessoas ao ponto de
desanimá-las, bloqueando o caminho da restauração. Neste trecho das escrituras
o apóstolo orienta a comunidade a tratar com pessoas que erraram, mas que se
arrependeram.
I. DATA E OCASIÃO
É perceptível o amor de Paulo pela Igreja de
Corinto, apesar das duras palavras contidas em suas cartas. Em 2Coríntios, ele
enfatiza o perdão. Paulo havia feito uma visita àquela igreja, ocasião em que
se deparou com alguns falsos mestres que haviam liderado uma resistência contra
a sua autoridade apostólica. Mas o ponto de Paulo neste texto básico é como os
irmãos devem tratar uma pessoa específica que havia causado grande turbulência
na Igreja de Corinto.
Alguns estudiosos argumentam que o homem para o
qual Paulo intervém com o pedido de perdão da comunidade é o mesmo acusado de
possuir a esposa do pai (1Co 5.1-5). Paulo havia insistido em que os coríntios
disciplinassem este homem expulsando-o da comunidade, visto que fazer vistas
grossas àquela infâmia seria uma influência corruptora para igreja. O apóstolo
já os havia instruído a não se associarem com aqueles que se diziam cristãos,
mas notadamente imorais (1Co 5.9-11). Por alguma razão, porém, os coríntios não
acolheram a orientação de Paulo e a conduta do crente rebelde rendeu má
reputação para a igreja de Jesus (1Co 5.2), fazendo com que a comunidade
inteira sofresse com os erros desta pessoa (cf. 2Co 2.5). Por isso, Paulo disse
à igreja para expulsar o imoral do meio dela. Outros teólogos defendem que o
culpado era um desconhecido que liderou uma revolta contra Paulo.
Independentemente de quem tenha sido, se Paulo realmente se refere ao caso
mencionado em 1 Coríntios 5 ou não, essa recomendação indica que a igreja
realizou uma reunião e disciplinou o homem, ele se arrependeu de seus pecados e
agora o apóstolo pede para a comunidade crista abraçá-lo e restaurá-lo. A
igreja madura disciplina o pecador, e celebra a restauração do arrependido.
II.O CUIDADO PASTORAL COM QUEM ERRA
Embora se faça esse esforço para identificar o
pecador arrependido, é digno de nota que o nome dele não é mencionado pelo
apóstolo, nem o pecado cometido. Paulo demonstra sensibilidade ao abordar o
assunto publicamente. Ele está preservando essa pessoa de tristeza ainda maior
e assim demonstra seu cuidado fraterno, Citar o nome, o pecado, e a disciplina
aplicada apenas causaria mais sofrimento e vergonha aquele que já se
arrependeu. O objetivo de Paulo é promover restauração, não recontar os eventos
para provar como seus argumentos anteriores foram corretos. Paulo não tripudia
sobre o faltoso, ao contrário, o ama e celebra a restauração do irmão
arrependido. O apóstolo conduz esse momento de restauração com muito amor
cristão. Paulo não diz: "Que bom que ele teve o que mereceu", mas
diz: "tragam-no de volta. Reafirmem seu amor por ele. Seja concedido
perdão e restauração".
III. RESTAURAÇÃO PARA O BEM DO FALTOSO
"(...) para que não seja (...) consumido por excessiva tristeza" (2Co 2.7-8). Perdão é o remédio que ajuda a curar corações partidos. A igreja precisava assegurar seu amor ao arrependimento, Todo pai que disciplina uma criança deve fazer isso como expressão de amor e perdão, ou a disciplina fará mais mal do que bem, afinal, a verdadeira disciplina é uma evidencia de amor (cf. Hb 12). Alguns pais com "visões modernas" se recusam a disciplinar seus filhos desobedientes alegando que os amam demais, mas, se realmente amassem seus filhos, eles os disciplinariam.
Disciplina na igreja se tornou uma prática
impopular e, por isso, muitas varrem essas coisas para "debaixo do
tapete" em vez de obedecerem às Escrituras e confrontarem a situação
corajosamente "falando a verdade em amor" (Ef 4.15). "Paz a
qualquer preço não é um princípio bíblico, pois não pode haver verdadeira paz
na igreja sem com- promisso com a pureza (Tg 3.13-18). Pecados não tratados se
multiplicam e geram problemas ainda maiores para o faltoso e para toda
comunidade. Quem se omite diante do pecado não está olhando para a importância
da igreja com os olhos de Jesus e Paulo ensina que o arrependido seja perdoado
e restaurado, ou a tristeza excessiva poderá sobrecarregá-lo.
IV. A RESTAURAÇÃO EMERGE DO PERDÃO
"De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo (...)" (v.7).
Paulo ecoa neste texto as palavras de Jesus no
Evangelho de Lucas 17.3-4: "Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti,
repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar
contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido,
perdoa-lhe (cf. Jo 20.22; Mt 18.15- 18). O verdadeiro perdão não desculpa o
pecado nem ignora o que aconteceu, mas produz restauração e reafirma o amor.
sobretudo com atitudes de bondade, a despeito do que aconteceu. O perdão não
exige que a igreja restabeleça a pessoa a uma posição de liderança. por
exemplo, mas requer a restauração dela ao convívio da comunidade para desfrutar
do amor, da confiança e da comunhão da família da fé
V. A RESTAURAÇÃO PÚBLICA
"(...) vos rogo que confirmeis para com
ele a vosso amor" (v.8).
A reafirmação do amor da igreja requer atitudes
concretas, não simples- mente expressões verbais de amora O verbo
"confirmar" ou "ratificar" tem uma conotação legal em
Gálatas 3.15. A comunidade de Corinto precisou dar demonstração pública de que
aquele homem foi restaurado. Assim como a disciplina, a restauração também deve
ser notoriamente pública.
VI. RESTAURAÇÃO POR AMOR AO SENHOR
"(...) foi por isso também que vos escrevi, para ter prova de que, em tudo, sois obedientes. A quem perdoais alguma coisa, também eu perdoo; porque, de fato, o que tenho perdoado, se alguma coisa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de Cristo" (2Co 2.9-10).
A disciplina é tanto uma questão de obediência
ao Senhor, quanto de dever ao irmão. O problema não era simplesmente entre o homem
rebelde e Paulo, mas entre um filho desobediente e um Pai Celeste entristecido.
Houve sim, um pecado cometido contra a igreja e seu Senhor, portanto, a tristeza
é maior quando a igreja não lida seriamente com o pecado. A disciplina restauradora
se constitui na demonstração do amor da igreja por Jesus
VII. A RESTAURAÇÃO PARA O BEM DA IGREJA
"(.) para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios (2Co 2.11).
Quando falta seriedade no trato com o pecado e ausência de perdão, Satanás tem uma larga brecha para infiltrar a unidade e santidade da igreja. Nós entristecemos o Espírito Santo, e "damos lugar ao diabo", à medida que fechamos o nosso coração à restauração e ao perdão (Ef 4.27-32). Um dos artifícios de Satanás é acusar os crentes que pecaram para eles desistirem de caminhar rumo à restauração. O objetivo do inimigo é sempre frustrar a obra divina de reconciliação. O Espirito Santo nos convence do pecado para nos restaurar, mas Satanás nos acusa do pecado para desistirmos de voltar aos braços de Jesus e à comunhão da igreja. Quando alguém é disciplinado biblicamente e se arrepende, então a família da fé deve perdoar e colaborar com a restauração do arrependido para que o mal não prevaleça no meio dela. Satanás pode arruinar a igreja de duas formas: na passividade, quando a igreja
deixa de disciplinar os pecadores, ou na rigidez
impiedosa deixando de oferecer o perdão Paulo tratou severamente com o pecador
impenitente, mas lidou afetuosamente com o irmão arrependido. Perdão e
restauração constituem armas poderosas na luta contra o Acusador Paulo teme que
os coríntios deixem Satanás obter vantagem (2Co 2.11), pois sabe que o
adversário tentara minar a paz, a reconciliação e o perdão no meio da igreja de
Jesus.
VIII. MENSAGEM PARA HOJE
A. Confiança no amor de Deus
Deus pode perdoar e cobrir o pecado, de tal
maneira que, em Cristo, o arrependido é aceito como se ele nunca tivesse
errado. Assim como este homem mencionado por Paulo cometeu erros gravíssimos,
cada um de nós também somos passíveis de cair em pecado, secreta ou
publicamente. Este é um momento para você se colocar diante de Deus clamando
por perdão. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1Jo 1.19).
B. Renovação do amor da igreja
O perdão traz cura, consolo e restauração.
Perdão é o cancelamento da dívida, a despeito do seu tamanho. Pode haver em sua
comunidade uma pessoa que foi descoberta em um erro desastroso. A necessidade
da disciplina não deve nos transformar em juízes implacáveis dos nossos irmãos
(cf. Tg 4.11-12). A igreja tem de ser um hospital para recuperar os feridos
pelo pecado. A comunidade dos discípulos de Jesus tem a responsabilidade de
apoiar pessoas para que se fortaleçam na graça de Jesus. Igreja é ambiente de
perdão, conforto e acolhimento. É família cujos laços de amor não devem ser
rompidos pelo pecado. Deve viver em santidade plena sem rejeitar os pecadores
arrependidos, deve, portanto, piedosamente acolhê-los. Esta foi a lição que
Jesus nos deixou. O desafio da comunidade cristã é exercitar a disciplina com o
amor restaurador para os arrependidos.
CONCLUSÃO
Podemos ser tentados a exagerar na disciplina,
para que se torne destrutiva ao invés de construtiva e restauradora. Não
podemos permitir que uma pessoa disciplinada entre em desespero por não
encontrar na igreja o amor, o perdão e o espaço para a restauração. A igreja
madura disciplina tanto quanto restaura o pecador.
APLICAÇÃO
Sentir tristeza e o peso da disciplina tem o
seu lugar. Disciplina resulta em tristeza a princípio. O perigo acontece quando
alguém fica permanentemente no meio da escuridão e perde toda a esperança de
ver perdão e restauração para sua vida. Sentir que não há saída para o erro
representa um risco terrível para continuar no caminho da vida cristã.
A igreja precisa ter atenção a este perigo e
ter os braços abertos para renovar e confirmar o amor pelo crente que caiu, mas
que decidiu se levantar. Afinal, Jesus Cristo morreu e ressuscitou para
garantir que não há pecador que não possa ser perdoado e restaurado. Não há
buraco tão fundo que o braço gracioso e restaurador de Jesus não consiga
alcançar.
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