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Miserável homem que eu
sou
Para
quem ainda julga que o apóstolo Paulo continuava sendo ‘carnal’ após ter um
encontro com Cristo, ou que, por momentos breves se deixava levar pela ‘carne’,
ou que, em certos momentos era dominado por ela, já temos o veredicto:
“Rogo-vos que, quando estiver presente, não me veja obrigado a usar com
confiança da ousadia que espero ter com alguns que nos julgam, como se
andássemos segundo a carne. Pois embora andando na carne, não militamos segundo
a carne” ( 2Co 10:2 -3). Ter um corpo carnal não é o mesmo que ‘viver segundo a
carne’. Somente quem não é nascido de novo (da água e do Espírito), ou seja, da
semente incorruptível, ‘militar’ segundo a carne.
Quem ‘conheceu’ o pecado?
“Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não
conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o
pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência;
porquanto sem a lei estava morto o pecado” ( Rm 7:7 – 8).
Uma
análise da carta aos Gálatas é essencial à compreensão do ‘eu’ que ‘conheceu’ o
pecado através da lei. Compare os elementos presentes nestes dois versos:
“Mas eu não conheci o pecado senão pela lei” ( Rm 7:7);
“Pois eu pela lei estou morto para a lei, a fim de viver
para Deus” (Gl 2:19)
Quais são os elementos comuns aos dois versos?
Se
não fizermos uma leitura apurada destes dois versos, perceberemos somente dois
elementos em comum: o “Eu” e a “Lei”. Porém, ao observar melhor, verifica-se um
terceiro elemento implícito nos versículos: ‘conhecer o pecado’ é o mesmo que
‘estar morto para Deus’ ou ‘estar vivo para a lei’.
Na
carta aos Romanos o apóstolo Paulo deixa claro que “pela lei o ‘eu’ conheceu o
pecado”, ou seja, morreu, distanciou-se do Criador, passando a ‘viver’ no
pecado e para a lei. Aos cristãos da Galácia, Paulo demonstra que, para viver
para Deus é necessário o ‘eu’ morrer para a lei.
Precisamente
o apóstolo Paulo diz: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais ‘eu’,
mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho
de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” ( Gl 2:20 ).
Para
chegar a conclusão expressa em Gl 2:20, o apóstolo dos gentios demonstrou que:
Os
cristãos judeus estavam se distanciando do evangelho de Cristo e Paulo se
ocupou em escrever aos Judeus por natureza, ou seja, aos descendentes de Abraão
segundo a carne. Ao utilizar o pronome na primeira pessoa do plural (nós),
Paulo estava demonstrando que os judeus eram pecadores, e não somente os
gentios. Ser descendente da carne de Abraão não tornava os judeus melhores que
os gentios! ( Gl 2:15 );
Os
cristãos judeus sabiam que eram justificados pela fé em Cristo, e não pela
obras da lei ( Gl 2:16 );
Paulo
demonstra que, tanto ele, quanto os cristãos judeus, procuraram ser
justificados em Cristo “Se nós, que procuramos ser justificados em Cristo…” (
Gl 2:17 ), e que eles (Paulo e o cristãos judeus) já não eram mais pecadores,
pois Cristo não é ministro do pecado. Ora, se eles ainda estavam buscando
justificação na lei, isto instava contra eles de que ainda eram pecadores, e
teriam de admitir que Cristo era ministro do pecado ( Gl 2:17 – 18).
Paulo
apresenta sua nova condição e compreensão em Cristo, destacando-se dos demais
cristãos judeus, visto que eles não precisavam da lei: “Pois eu pela lei estou
morto para a lei, a fim de viver para Deus” ( Gl 2:19 ). Quem estava morto para
lei? Paulo responde: ‘eu’! ‘Eu’ quem?
Ora,
o Paulo que escreveu aos Gálatas estava ‘vivo para Deus’, porém, o ‘eu’ que ele
faz referência foi crucificado com Cristo e morreu. Para que ele alcançasse a
condição de ‘vivo para Deus’, antes precisou morrer com Cristo. O ‘eu’ que,
pela lei está morto, diz de Saulo, e quem realmente vivia para Deus diz de
Paulo, o apóstolo dos gentios.
Ao
falar aos Gálatas da sua antiga condição em pecado (condição de vivo para o
pecado e vivo para a lei), Paulo utilizou o pronome na primeira pessoa do
singular: ‘eu’. Paulo não estava morto, antes o seu ‘velho homem’ é quem estava
crucificado com Cristo, e já não vivia o seu ‘eu’, antes Cristo vivia em Paulo.
A vida de Paulo na carne já não era segundo a descendência de Abraão (carne),
antes, por ter sido gerado de novo, segundo a mesma fé que teve o crente
Abraão, Paulo passou a viver para Deus ( Gl 2:20 ).
Através
da Carta aos Gálatas é possível determinar que o ‘eu’ que Paulo fez referência
diz da antiga natureza pecaminosa herdada de Adão. Paulo demonstra aos Gálatas
que o ‘eu’ sujeito ao pecado e que nele habitava, não mais vivia, contrastando
com a nova vida em Cristo, quando Cristo passa a habitar o homem.
Surge
a pergunta: Quando Paulo escreveu aos cristãos Romanos, ‘eu não conheci
pecado’, ele escreveu acerca da sua nova condição em Cristo, ou fez referência
a sua antiga condição, quando ele ainda era escravo do pecado e sujeito à lei?
Seria
possível o apóstolo ter morrido para o pecado e para a lei e continuar
‘conhecendo’ o pecado através da lei? ( Rm 6:2 ) Ou melhor, seria possível ao
apóstolo estar liberto do pecado, livre da lei e depender da lei para ter
‘conhecimento’ do pecado? ( Rm 6:22 e Rm 7:6 ) De que ‘eu’ Paulo escreveu no
verso 7, do capítulo 7?
No
capítulo 5 de Romanos, verso 12 à 13, vemos que o pecado entrou no mundo por
causa da transgressão de Adão, e, por ele, o pecado alcançou todos os homens (
Rm 5: 12 – 13). O pecado estava no mundo bem antes da lei, pois desde Adão até
Moisés a morte estabeleceu o seu reino ( Rm 5:14 ).
Alguém
poderia argumentar que sem a lei o pecado não é imputado, porém, a realidade
demonstra que todos os homens, desde Adão até Moisés, morreram, e isto
demonstra nitidamente que o pecado é imputado, mesmo sobre quem não peca à
semelhança da transgressão de Adão.
Através
da lei instituída no Éden o homem carnal (eu) conheceu o pecado “Mas eu não
conheci o pecado senão pela lei” ( Rm 7:7 ). Enquanto escrevia aos cristãos
Romanos, Paulo não mais conhecia o pecado, antes o seu ‘eu’ noutro tempo
conheceu o pecado por intermédio da lei ( Ef 2:2 e Ef 2:3 ). Observe que o
verbo ‘conhecer’ está no passado, o que indica uma situação remota e diversa da
nova vida que Paulo alcançou em Cristo.
O
‘eu’ de Paulo é o mesmo que ‘ser carnal’. Ele mesmo declarou: “Eu sou carnal”,
ou seja, se ele deixa de ser carnal, deixa de existir o ‘eu’. Todos os homens
são carnais, e, portanto, possuem um ‘eu’ segundo a natureza de Adão. Para
serem salvos necessariamente precisam ser gerados de novo, para deixarem de ser
carnais, aniquilando o ‘eu’.
O
‘eu’ define o homem carnal, ou seja, o homem que ainda não nasceu de novo. Ser
carnal é essencial à existência do ‘eu’. Basta crucificar a carne com Cristo
para não mais existir o ‘eu’.
É
por isso que Paulo demonstra que todos que são de Cristo precisam despojar-se
da carne, pois através dela o ‘eu’ proveniente de Adão vive para o pecado “E os
que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (
Gl 5:24 ). A natureza pecaminosa herdada de Adão, representada pelo ‘eu’ é que
produziu a morte (condenação), e para a morte (iniquidades).
Em
Cristo, Paulo crucificou o ‘eu’, e desta forma, as concupiscências que foram
conhecidas através da lei, também foram crucificadas ( Gl 5:24 ). Todos
cristãos já crucificaram a carne, o que demonstra que todos os homens sem
Cristo possuem um ‘eu’ que deve ser crucificado.
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