Ao Deus desconhecido

 A Filosofia do Deus Desconhecido!

 

Texto

Atos 17:22-31

 

Paulo chega em Atenas por volta do ano 50 – 52 d.C., e faz um dos discursos mais interessantes de todo o novo testamento. Veremos agora mais uma aventura do Apóstolo Paulo para levar o verdadeiro Evangelho na capital cultural do planeta: Atenas!

 

Como era Atenas nos tempos de Paulo?

Segundo Petrônio, um escritor romano que viveu entre 27 e 66 D.C., em Atenas era mais “fácil encontrar um deus do que um homem, já que cada portal ou pórtico tem um deus protetor”. Desta fala podemos definir Atenas como uma cidade onde os altares, sacrifícios e templos eram tão comuns quanto as placas de trânsito em uma grande cidade brasileira. Com isto em mente, imagine um homem destemido e seguro, que era totalmente contrário a idolatria e seguia os preceitos de um Deus que os gregos até conheciam, mas não sabiam quem ele era.

É com este cenário que Paulo passa por em Atenas, enquanto aguardava a Timóteo e Silas, que deixara em Éfeso.

 

Quem eram os Epicureus e os Estóicos?

Como já vimos em Éfeso e também em Filipos, Paulo era uma figura que não se segura quando o assunto é o Evangelho e a fé. Sendo assim, ele parte para a sinagoga e fala contra a idolatria. Mas como na sinagoga todos concordavam com ele, Paulo passa a pregar também na praça (ágoras) e é lá que ele debate com dois grupos filosóficos: Epicureus e Estóicos.

 

Ágoras

A Ágora era o nome que se dava às praças públicas na Grécia Antiga. Nestas praças ocorriam reuniões onde os gregos, principalmente os atenienses, discutiam assuntos ligados à vida da cidade (pólis).

 

As assembleias

As assembleias aconteciam na Ágora e os gregos podiam decidir sobre temas ligados a justiça, obras públicas, leis, cultura, etc. Os cidadãos votavam e decidiam através do voto direto. Também era um espaço público de debates para os cidadãos gregos.


Outras finalidades

A Ágora também possuía finalidades religiosas (eventos, cerimônias) e econômicas (negociações, acordos econômicos, comércio de mercadorias, etc).


Vejamos mais sobre estes grupos:

Epicureus

A filosofia dos Epicureus foi criada por Epicuro de Samos (341 a.C – 270 a.C.). Está filosofia consistia no prazer! Para eles, o maior bem a ser alcançado é o prazer moderado, pois o prazer exagerado pode ser fonte de perturbações e a limitação do desejo gera um sofrimento corporal. Para os Epicureus não havia ressurreição (veremos sobre isto mais a frente), já que a morte é o “nada”, pois a morte causaria o “extermínio das sensações”.


Estoicos

Já o estoicismo foi criado por Zenão de Cítio, um filosofo nascido em Chipre e que lecionou em Atenas. Os Estóicos ensinam que o homem deve ser indiferente a tudo o que ocorre a sua volta, mantendo a serenidade seja perante as tragédias ou perante as boas emoções. Portanto neste caso, a ressurreição também é algo inimaginável pois até a morte seria uma projeção.


O discurso de Paulo no Areópago

Paulo estava em sua segunda viagem missionária. Ele e alguns irmãos haviam deixado Tessalônica, passando por Bereia e vindo até Atenas, fugindo de uma grande perseguição.

Em Atenas, eles deveriam esperar aqueles que haviam ficado para trás, no caso aqui Silas e Timóteo, seus companheiros de viagem.

“E os que acompanhavam Paulo o levaram até Atenas, e, recebendo ordem para que Silas e Timóteo fossem ter com ele o mais depressa possível, partiram”. Atos 17:15

Enquanto Paulo esperava a vinda de seus companheiros em Atenas, teve em seu espírito uma grande comoção, por ser a cidade tão entregue a idolatria.

“E enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue a idolatria”. Atos 17:16

Diante disso começou a discutir com os judeus, alguns religiosos, filósofos epicureus e estoicos que achavam um tanto estranho a mensagem e o conduziram a um lugar apropriado chamado Areópago.

“De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam. E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhe anunciava a Jesus e a ressureição. E tomando –o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa que falas?”. Atos 17: 17- 19

“E estando Paulo no meio do Aerópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque passando eu vendo os vossos santuários, achei também um altar eu que estava escrito: ao deus desconhecido. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo é o que eu vos anuncio”. Atos 17:22-23

 

Atenas e a história do “Deus desconhecido”

(Fundo Histórico)

 

Conta-se que no ano de 600 a.C. uma praga letal caiu sobre Atenas.

Corpos insepultos estavam por todo lado.

O povo estava enlutado e atônito.

Os sacrifícios expiatórios dedicados a muitos deuses gregos eram inúteis.

Os principais sábios atenienses que buscavam explicações para a realidade do mundo estavam confusos. Apenas diziam que algum deus ficou enfurecido com o crime praticado pelo rei Megacles e decidiu puni-los com a praga.

O rei obtivera a rendição dos seguidores de Cilon (Cilón era um ambicioso nobre ateniense, genro do tirano de Mégara, Teágenes, que veio a ser nomeado arconte e pensou que poderia aplicar o mesmo sistema político em sua cidade Atenas.) Com uma promessa de anistia, depois violou sua própria palavra e os matou.

Esta era então a resposta mais apropriada para justificar a mortandade que acometeu a lendária cidade dos deuses.

Sem mais opção mandaram um navio a Cnossos, na ilha de Creta, para buscar um homem chamado Epimênides. Alguns acreditavam que ele conhecia a divindade ofendida, saberia como apaziguá-la e, portanto, poderia livrar Atenas do caos da morte.

Então comissionaram um grupo para ir à procura do profeta de Creta. O possível salvador não recusou o apelo dos gregos. E logo partiu, quando aquele homem chegou a cidade, admirou-se com o vasto número de deuses.

Segundo Petrônio, um escritor romano que viveu entre 27 e 66 D.C, em Atenas era mais fácil encontrar um deus do que um homem.

Entre tantos destacavam-se Zeus, Poseidon, Deméter, Héstia, e tantos outros. Tantos deuses e todos totalmente impotentes diante de tamanho problema que devastava a cidade.

Epimênides, após acercar-se dos fatos, no momento e local determinado, exigiu um rebanho de ovelhas saudáveis, um grupo de pedreiros e matérias necessários para edificar um altar.

As ovelhas precisavam ficar em jejum para que na manhã seguinte estivessem totalmente famintas. Ele então pede que enviassem ovelhas para o Areópago e as deixassem livre, pois elas mostrariam o local onde se deveria criar um altar para o único Deus.

As ovelhas então se instalaram em um local onde não havia nenhum outro altar. Ali, a pedido de Epimênides, foi construído um altar ao “DEUS DESCONHECIDO”.

Seu Deus escolheria os animais para o sacrifício. Esse seria o sinal de sua escolha e aprovação: as ovelhas seriam soltas no pasto verdejante e aquelas que, mesmo famintas, se deitassem sobre a grama em vez de comerem-na, teriam a preferência para o holocausto.

Dito e feito. O Deus do referido profeta fez a escolha deixando os expectadores atônitos, perplexos.

Quando os altares foram edificados, um ancião perguntou qual seria o nome da divindade que ficaria neles gravado. Afinal, a população de Atenas ficara famosa por sua diversidade de deuses; era uma colecionadora de deuses.

Mas no passado nomear um deus equivalia de certo modo atrai-lo ou a possui-lo.

Epimênides, profeta monoteísta, explicou que não conhecia o nome do Deus a quem servia, Isto é curioso: o profeta servia apenas um único Deus e sequer sabia o nome dele.

Mas de uma coisa tinha certeza: aquele Deus não é um ser qualquer nem estava representado por qualquer ídolo de Atenas.

E ainda acrescentou que o ser divino que decidiu auxilia-los, mesmo não tendo no momento e naquele lugar um nome pelo qual pudesse ser chamado, entendia a ignorância da população e que, por não o conhecer, seria incapaz de lhe dar um nome condizente.

Decidiram anotar a palavra “agnosto Theo – a um deus desconhecido, em cada altar. O “Deus desconhecido” que fossem gravadas tais palavras, pois após o holocausto a praga cessou.

Bastaram apenas poucos dias para que ficasse evidente o milagre.

Os doentes sararam, não haviam mais contaminações, e Atenas, como nunca dantes encheu-se de louvor e gratidão ao Deus desconhecido.

Atenas se esqueceu da benção do Deus desconhecido, deixou que vândalos irreverentes demolissem os altares usados para o sacrifício. Restou apenas uma estátua esculpida de Epimênides que foi colocada diante de seus vários templos.

A história do Deus desconhecido não desapareceu por completo porque dois anciãos piedosos contrataram pedreiros para restaurar e polir um dos altares que continham a antiga inscrição: agnosto Theo.

Na esperança de que um dia o Deus desconhecido se manifestaria novamente, deixaram um registro autêntico do milagre que possivelmente salvou a “religiosa” Atenas do extermínio.

 

O discurso de Paulo no Areópago

Os dois grupos filosóficos descritos acima ao ouvirem Paulo, o levam para o Areópago. O Areópago era o local e reunião do conselho de Atenas e do Supremo Tribunal.

- Que novidades é essa, que não se fala em outra coisa senão essa suas divindades chamadas de Jesus Cristo e essa ressurreição. Achavam eles que o Apóstolo Paulo anunciava a dois deuses, um masculino (Jesus) e o outro feminino (a ressurreição), como eram dualistas, um deus era masculino gerador e o outro criativo.

O discurso inicia no versículo 22, leia atentamente as palavras de Paulo:

22. E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;

23. Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.

24. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;

25. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;

26. E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;

27. Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;

28. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.

29. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens.

30. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;

31. Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Atos 17:22-31

 

Entendendo o discurso de Paulo

Mas o que causa o “escarnio” em relação a Paulo é a ressurreição. “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.”

Mas a palavra não é perdida: Dionísio, uma mulher chamada Dâmaris e outras pessoas creram na palavra de Paulo.

 

A lição de Paulo em Atenas

A lição mostrada por Paulo em Atenas prova aquilo que Don Richardson chamou de “fator Melquisedeque”.

Ora, como Epimênides poderia crer em um único Deus sem nunca ter ouvido falar sobre ele? Isto se explica, já que o vento sopra aonde quer e Deus se revela as mais diferentes pessoas, porque ele tem a liberdade de dar o dom da salvação a quem ele quiser!

Portanto não fique condenando as pessoas que, em regiões e culturas diferentes da sua, não compartilhem da mesma ideia de fé que você. Já que o espírito se revela a elas conforme a capacidade de consciência delas.

De tal modo que eu particularmente acredito que nenhuma pessoa foi tirada da terra sem ter a oportunidade de conhecer o Espírito que testifica em nós: é claro que as vezes, como ocorreu em Atenas, as pessoas não sabem identificar o que está acontecendo e passam a chamar de “Deus Desconhecido”, mas o importante é que o Espírito está falando de Jesus para milhões de pessoas ao redor do mundo e naquele dia teremos muitas surpresas!

 

Conhecendo o Deus desconhecido

- Podemos fazer em princípio uma observação, que Deus usou de Epimênides (que não era judeu) para fazer a libertação nos enfermos atenienses (que também não eram judeus) provando que os seus dons e a salvação se estende a todo ser humano pela misericórdia de Deus.

- Outra prova disso foi o apreço que Deus tinha por Jó, que viveu na terra de Uz que veio a ser território de Edom, localizado ao norte da Arábia, assim sendo Jó era mais árabe do que judaico.

·         Será como anda a situação dos cristãos brasileiros na atualidade?

·         Será que todo o crente conhece o proceder, a vontade, e o senso de justiça de Deus.

·         Estamos apenas crendo em um Deus desconhecido como foi em Atenas?

·         Conhecer a Deus está intimamente ligado a guardar os mandamentos.

·         Conhecer a Deus deve vir por meio de revelação pessoal direta de Deus.

·         Porém, muitos preferem o caminho largo e porta larga, mas, não compreendem que isso só leva-os a distanciar-se de Deus.

·         Conhecer Deus não resolve os problemas da vida, mas confere a ela propósito e força para sujeita-los.

·         Jesus, mesmo conhecendo perfeitamente a Deus, o Pai Celestial, enfrentou problemas e teve que resolvê-los.

·         Podemos conhecer Deus o Pai Eterno somente através e em Jesus Cristo.

 

Jesus disse:

“Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. (João 14:6)

Para que possamos conhecê-Lo, devemos receber conhecimento através dos meios estabelecidos e através Jesus Cristo, que é o Mediador entre Deus e os homens.

Como uma pessoa pode não somente acreditar que existe um Deus, mas realmente conhece-Lo?

As palavras do apostolo João como registradas em 1 João 2:3-6 oferece uma resposta adequada a questão:

“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou”. (1 João 2:3-6)

 

Alguns atributos de Deus

Deus é imutável: A imutabilidade de divina é atributo que nos assegura que não há mudança em Deus (Salmos 102:26,27).

Deus é perfeito: Deus é infinito em perfeição (Mateus 5 :48).

Deus é eterno: Deus não teve começo e não teve fim (Isaías 40:28).

Deus é onipresente: Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo e da toda assistência a sua criação (Mateus 6 :25,29).

Deus é onipotente: Deus é todo poderoso (Gênesis 17:1).

Deus é onisciente: Deus tem todo conhecimento. Todos nós somos descobertos e patentes a seus olhos. (Hebreus 4:13).

 

Conclusão

Devemos buscar a face do senhor, sempre que podemos em oração, jejum, e estudo da sua palavra para que cada dia possamos conhece-lo e sermos servos instruídos no proceder a agir de Deus.

Share:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Hernandes D. Lopes - Jó

Wayne Gruden

Ariovaldo Ramos