Provérbios de Agur

 Provérbios de Agur.


 

Provérbio 30:1-19

 

            Agur destaca a incapacidade do homem de criar a terra e tudo o que há nela. Afirma que as Escrituras Sagradas é um escudo protetor e que tem o poder de nos refinar.

            Destaca quão arrogante e ambiciosa era a geração em que vivia, fazendo um veemente combate à mentira.

1.    Quem foi Agur?

Filho de jaqué, autor de uma coleção de provérbios encontrado na Bíblia, em provérbios 30, ele era um célebre professor que se converteu à sabedoria de Deus. Acredita-se que tenha vivido entre o reinado de Salomão até o reinado de Ezequias.

Por não se ter mais informações adicionais sobre sua identificação, Alguns peritos rabinos têm achado que o nome Agur seja alegórico e que na verdade este nome seja atribuído ao próprio Salomão.

No entanto especialistas ao comparar por inteiro o livro de Provérbios destacam a diferença de escrita e estilo entre os provérbios de Salomão e os atribuídos a Agur, ambos são bem diferentes.

 

2.    De onde era Agur?

Agur era um professor árabe de uma tribo ismaelita do norte da Arábia, nomeada Massá (Gn 25:13-14). Este escreveu a dois de seus alunos: Itiel e Ucal deixando a nós um importante legado.

 

3.    O que nos ensina Agur.

A sabedoria dos filósofos do Oriente era reconhecida em várias partes do mundo (Jr 49:7; Jó 2:11; Mt 2:1-2). Agur nos ensina sobre a sabedoria, o tema dominante no livro de Provérbios.

 

Destacam-se três preciosas lições de sábio Agur:

1. A INCAPACIDADE HUMANA DIANTE DAS QUESTÕES DA VIDA  (VERS. 1-3).

“...Eu sou mais bruto do que ninguém...”.

Com esta expressão, Agur queria dizer que estava perplexo. Da mesma forma, sua negação de ter conhecimento do Santo também é um floreio retórico (como se vê pela comparação a suas palavras nos v. 5,6).

Agur estava declarando, com forte ironia, que era incapaz de explicar o enigma a sua frente.

 

I – O ser humano deve reconhecer sua incapacidade de lidar com a complexa questão da vida.

A teoria da origem da vida sem àquele que criou a vida sempre será teorias sem bases sólidas, sem fundamentos e sem lógicas. Por exemplo, a teoria da evolução (Darwin) e a teoria da complexidade de Edgar Morin (1970).

É uma noção utilizada no serviço social laborativa (filosofia, pedagogia, matemática, estatísticas, economia, arquitetura, medicina, psicologia e informática), onde afirma que ela envolve tudo.

Em uma visão global interdisciplinar acerca do sistema complexo adaptativos.

Exemplo:

a. Pode-se colocar uma porta de “saída de emergência – porta contra incêndio”, e colocar na sua casa como porta de sala?

b. A chave de ignição de um avião e colocar em um “fusca”?

Em ambos os exemplos a resposta é sim. Exigindo adaptações.

Pode não ficar bem esteticamente, mais ambos funcionaram em suas atividades.

 

Detalhe

Isso pode funcionar ate bem entre nós seres humanos em um mundo paradoxo (com contrassensos e contradições).

O sistema de complexidade apresenta traços inquietantes de confusão ao não se adaptarem, a tal operação ocasionam em: cegar, neutralizar ou eliminar os outros componentes.

Agur mostra. Que com Deus é diferente.

·         Deus fez todas as coisas sem complexidade, organizada e ajustada.

·         Onde cada elemento tem suas funções e que não podem ser adaptadas.

·         São: Heterogêneos, inseparáveis e associáveis.

Onde a falta de um ou a adaptação de outro, ocorrera uma funcionalidade comum, mas põe a ação em rejeição o trabalhara sob riscos.

I Corintio 12:12-26 (Está previamente estabelecido e constituído)

·         Um só corpo (Vers. 12): Não pode haver mutilação.

·         Todos os órgão do corpo devem agir em bloco (Vers. 13)

 

Não há complexidade nem adaptação. TEM QUE HAVER UM CONJUNTO E RELACIONAMENTO ONDE AS AÇÕES VÃO FUNCIONAR.

A)   Orgânico (Vers. 15-20): Onde dependemos uns dos outros.

B)   Cooperativismo: “Onde eu não posso você pode; onde eu não tenho você tem; e onde não damos tanto valor ou honra,  deve-se observar suas propriedades particular (Vers. 21-23).

C)   Os componentes do bloco, onde através do Espírito Santo tem a capacidade de compreender e relacionar-se com em atividades uns com os outros.

 

2. QUE O CONHECIMENTO HUMANO NÃO CONSEGUE VER UM DEUS ENIGMÁTICO MÁS QUE NÃO É AMBÍGUO (Misterioso, sem confusão nem dúvida). (Vers. 4)

“... Quem subiu ao céu e desceu? quem encerrou os ventos nos seus punhos? mas amarrou as águas no seu manto? quem estabeleceu todas as extremidades da terra? qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho? Certamente o sabes!...”. 

Este versículo mostra um mistério que deixou Agur intrigado.

As questões são enigmáticas.

Culminam em:

·         Qual é o seu nome,

·         E qual é o nome de seu filho,

·         Se é que o sabes.

Neste ponto, não há resposta a esse mistério deixando dúvidas.

Então O AT responderia que a expressão seu nome refere-se ao Senhor, mas não havia uma solução para um nome para o seu filho.

Esta dúvida ficaria sem solução até que Jesus a respondeu a Nicodemos (Jo 3.13).

Então estes versículos enquadram entre os textos mais messiânicos em toda a Bíblia.

 

3 ATITUDES HUMANAS REFLETEM QUEM REALMENTE NÓS SOMOS

5 A Palavra de Deus é comprovadamente pura, Ele é um escudo para quem nele confia totalmente.

6 Não acrescentes nada às suas palavras; jamais declare algo que Deus não disse, para que Ele não te contradiga e passes por mentiroso.

7 Duas bênçãos peço a Ti que me dês, não mas negues, antes que eu morra:

8 Afasta de mim a falsidade e a mentira; também não me permitas viver em extrema pobreza nem em grande riqueza; concede-me o sustento diário necessário.

9 Para que não ocorra que, tendo em demasia, venha eu a imaginar que não preciso do Senhor. Ou, passando miséria, acabe roubando e envergonhando o teu Nome, ó meu Deus!

10 Não calunies o servo diante de seu patrão; ele te amaldiçoará, e serás castigado.

11 Há quem amaldiçoa o pai e não abençoa a mãe;

12 há quem se considera puro e não se lava de sua imundície;

13 há pessoas de olhares altivos; e de semblantes arrogantes;

14 há quem ostente dentes como espadas afiadas, cujas mandíbulas estão sempre armadas de facas com o objetivo de devorar os fragilizados desta terra e os pobres da humanidade.

15 A sanguessuga tem duas filhas que se chamam: ‘Me dá!’ e ‘Me dá!’ Há três grandes demandas que jamais estão completamente satisfeitas, quatro que nunca declaram: ‘É o bastante!’:

16 O Sheol, a mulher sem filhos; a terra seca que precisa sempre de chuva; e o fogo de um incêndio!

17 Os olhos de quem ridiculariza seu pai, ou de quem trata sem consideração e obediência a própria mãe serão arrancados pelos corvos do vale, e serão devorados pelos filhotes dos abutres!

 

(Vers. 5) A Palavra do Senhor é Pura.

Puro significa “sem contaminação, em que não há presença de substâncias estranhas; sem mácula, virtuoso, de grande sinceridade, franco e verdadeiro”.

Ela é plenamente (totalmente) pura. “As palavras do Senhor são puras, são como prata purificada num forno, sete vezes refinada” (Salmos 12.6).

Em Salmos 19.8b, está escrito: “Os mandamentos do Senhor são límpidos e trazem luz aos olhos”.

Os ensinamentos de Deus são limpos, puros, refinados e iluminam os nossos olhos.

A Sua Palavra é comprovadamente verdadeira. Não é falsa, como muitos dizem. Ela é um escudo para todos que em Deus confiam (2 Samuel 22.31b). Além de escudo, a Palavra é o nosso alimento. Jesus disse, em Mateus 4.4, que ‘nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’. Ou seja, aquele que crê em Cristo não alimentará somente o corpo, mas também o espírito, com a Palavra do Senhor, que é pura e, consequentemente, purifica o nosso interior.

 

(Vers. 6) O homem não pode contradizer a palavra de Deus.

Paulo é claro como cristal quando escreve à Igreja em Corinto dizendo que ninguém está autorizado a “ir além do que está escrito”. Podemos e devemos interpretar o texto, usando para isso todos os recursos a nossa disposição (exegese, hermenêutica, alguns escritores sacros, etc.), mas sob hipótese alguma a nossa interpretação do texto pode extrapolar os limites do que o Espírito Santo inspirou e fazer divagações desnecessárias e perigosas à vida espiritual do povo de Deus, pois ele jamais irá tolerar tais coisas.

Que Deus nos guarde e nos dê o espírito que havia nos bereanos, pois examinavam “tudo” o que Paulo pregava para ver se conferia com as Escrituras (Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, porquanto, receberam a mensagem com vívido interesse, e dedicaram-se ao estudo diário das Escrituras, com o propósito de avaliar se tudo correspondia à verdade – Atos 17.11

 

(Ver. 7) Dois pedidos.

Agur desejava muitíssimo que duas coisas lhe fossem dadas pela graça divina. Ele queria que elas fossem outorgadas antes de sua morte, e isso forma a segunda linha, sinônima. Agur era homem que realmente queria saber, e assim apelou para o Ser divino em busca de informação. Ele também precisava de certas provisões divinas que contribuíssem para o seu bem-estar, e isso é enfatizado nas linhas que se seguem.

 

(Ver. 8) ...afasta de mim a mentira...

1. Agur precisava da providência divina para ser resguardado da mentira e da falsidade, para que aquilo que ele sabia e expressava estivesse em acordo com a Palavra de Deus revelada (vs. 6). Ademais, em sua vida pessoal, ele desejava a integridade e a verdadeira espiritualidade, livre das corrupções que os homens promovem. “Falsidade”, no hebraico, é shaw, “vazio”, mas também mentiras, destituídas da verdade divina.

2. Ele queria ter dinheiro suficiente para continuar a vida, mas não queria cair na armadilha que as riquezas trazem. Ele queria estar em boa situação em meio à classe média, nem pobre nem rico, o que promove mais prontamente a espiritualidade, sem a inconsciência acompanhante (como se dá na pobreza) ou as tentações (como se dá na riqueza).

3. Ele precisava de alimento adequado e do suprimento de suas necessidades básicas. Ele não queria contender com a pobreza e sua luta absurda contra até as coisas mais necessárias. Ele queria “o pão de sua porção”, conforme diz o hebraico, literalmente. Cf. Mat. 6.11. Ele não via virtude alguma em ser pobre, e só enxergava armadilhas nas riquezas.

Agur buscava o meio-termo dourado em sua vida, a moderação sem as privações negativas da pobreza e sem os excessos das riquezas.

Um homem que sabia o que pedir.

 

(Vers. 9) Um alerta a abastança

O homem abastado, aquele que vive pleno em todas as coisas, pode terminar negando sua necessidade de Deus, fazendo perguntas estúpidas, como: “Quem é o Senhor?”, como se fosse independente e não precisasse da graça ou ajuda divina. Cf. Deu. 8.12-17.

Vivemos todos em estado precário. Todos somos dependentes do Ser divino até mesmo para viver o dia-a-dia. Naturalmente, espera-se que trabalhemos e planejemos, e não nos comportemos como idiotas que dependem de outros para conseguir o pão diário.

a. Em contraste, um homem realmente pobre, que não tem o suficiente para comer, pode terminar a vida como ladrão. Essa condição extrema também foi rejeitada por Agur. Ele não haveria de fazer um voto de pobreza.

b. Um ladrão termina desonrando Deus, o qual requer que o homem labute e proveja para as suas próprias necessidades, O indivíduo que faz de outros sua presa incorrerá no desprazer e juízo divino.

Deus é justo, e os homens precisam evitar as coisas que laboram contra a santidade, como a desonestidade, que é um pecado contra os mandamentos básicos da lei mosaica (ver Êxo, 20.15).

 

(Vers. 10) Não caluniar ao próximo

Consideremos os seguintes pontos:

1. Um escravo não deve caluniar seu proprietário. Pelo contrário, cabe-ihe obedecer e prover um trabalho honesto, sem queixar-se. Cf. Pro. 29.19, outro “provérbio de escravo”. Além disso, um homem não deve caluniar o escravo de outro homem, pois nada tem que ver com os negócios alheios. É melhor uma pessoa não imiscuir-se nos problemas domésticos dos outros.

2. Um escravo certamente amaldiçoará o homem intrometido, mas a declaração deste versículo refere-se à maldição do proprietário. Ele amaldiçoará a pessoa e dirá: “Importe-se com seus próprios negócios”, e os dois se tornarão inimigos. A vida de um escravo já era intolerável, sem as complicações dos amigos do proprietário. Talvez tenhamos de pensar em uma acusação falsa, e isso certamente merecerá repreensão mais aguda do proprietário (Cf. Pro. 26.2), mas, mesmo que a acusação seja veraz, um amigo não tinha razão de envolver-se no relacionamento entre o escravo e seu proprietário.

3. Vivemos em um mundo que exige que sejamos competitivos, onde ser grande é quase uma obrigação à qual nos sentimos atraídos para dar o nosso melhor e alcançar os melhores resultados. Isso faz com que muitas pessoas pisem nos outros para poderem ser as melhores e alcançar este primeiro posto tão desejado. Mas pisar nos outros não é algo lícito e isso traz consequências.

O ensino de Jesus é bem diferente do desejo humano. (Mt 20:26-27) ...26-Não será assim entre vós. Ao contrário, quem desejar ser importante entre vós será esse o que deva servir aos demais... 27-E quem quiser ser o primeiro entre vós que se torne vosso escravo...

4. Como resultado, o acusador será considerado culpado, em vez do escravo, e os amigos serão alienados um do outro, inutilmente. Entre outras coisas, este versículo desencoraja o mexerico.

 

(Vers. 11) quem perverteu os valores

Há daqueles que amaldiçoam o seu pai. Os vss. 11-14 apresentam quatro tipos de homens. Cada uma das declarações começa com a mesma expressão “há daqueles”. Em nossa versão portuguesa, essa expressão parece significar uma classe de homens, e não um período de quarenta anos da vida humana. A primeira das declarações deve ser comparada com Pro. 20.20, que descreve esse tipo de homem, aquele que amaldiçoa e abusa dos próprios pais. Ver também o vs. 17, mais a seguir, deste capítulo. Ver II Tim. 3.1 ss. quanto a algo similar.

Sinônimo. O indivíduo que amaldiçoa a seu pai também não bendiz a sua mãe, a pessoa que, acima de todas, mais merece seu respeito e suas bênçãos. Portanto, esse é um homem que perverteu os valores e está vivendo uma vida de extremo egoísmo. Ele está quebrando o mandamento de Êxo. 20.12 e, assim sendo, não viverá por muito tempo.

 

(Vers. 12) Puritanos legalistas

Há daqueles que são puros aos seus próprios olhos. Outra classe de homens é introduzida pela declaração “há daqueles”. Existem os homens auto iludidos que chamam a si mesmos de limpos (livres da corrupção moral e da culpa); mas isso só acontece “aos seus próprios olhos”. O olho divino vê outra coisa, totalmente contrária, e até os olhos dos homens os consideram mentirosos.

Grande parte é composta por homens fingidos, mas alguns poucos simplesmente não compreendem a profundidade do pecado, e como o pecado permeia um homem.

 

Antítese.

Esses homens julgam-se limpos, mas nunca foram lavados de sua imundícia, nem mediante sacrifícios nem (o que é ainda mais importante) pelo arrependimento e pela mudança da conduta. A maior parte dos homens pensa ser melhor do que realmente é; mas alguns deles são totalmente hipócritas, declarando-se grandes, a despeito de sua vida corrupta. Alguns deles chegam a acreditar no mito da perfeição impecável.

O que Paulo quis dizer em Tito 1:15: “... Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas?...

 

Vamos por partes: Todas as coisas.

Paulo está falando da pureza ritual judaica.  Distingue entre os que tratam de compensar uma falta de pureza moral com purificações cerimoniais, e os que crêem que os ritos cerimoniais não são essenciais para alcançar a aprovação de Deus. Paulo não quer dizer que o cristão está na liberdade de se ocupar em práticas condenadas pelas Escrituras, ou que as proibições bíblicas acerca da conduta moral ou das práticas alimentares não se aplicam aos cristãos.

Os puros – Os puros de coração…, os que entendiam a justificação pela fé, e estavam atentos dos perigos do sistema judaico de ritos, cerimoniais e fábulas (Tito l: 14).

Os corrompidos – Os que não se haviam convertido e não conheciam a paz que acompanha a justificação pela fé.  Esses eram os “incrédulos”, que resistiam a obrar de acordo com o Evangelho de Paulo, os contraditores (v. 9).

SUA MENTE – Quer dizer, sua forma de pensar, sua atitude.  Confira, por gentileza, Romanos 7:23; Efésios  4:23; Filipenses 4:7; II Timóteo 3:8.  Os “corrompidos e incrédulos” permitiam que sua mente fosse governada por desejos profanos…

Obs: (Detalhe) – Um irmão que vem do culto as 21:00, e vê uma irmã (seja qual for seu estado civil) descer do carro de um irmão (seja qual for sua posição da membresia).

O Puro de imediato os saúdam com a Paz de Cristo, e em sua mente imagina “...A irmã foi a uma congregação distante e o irmão lhe trouxe, Jesus é bom...”.

Mas o impuro, passa distante pode até cumprimentar, mas sua mente, a diversas indagações, porque ele não é puro, e seria assim que ele estaria se comportando no lugar daquele irmão

Consciência – A compreensão entre o falso e o correto se obscurece quando a mente prefere se ocupar em desejos ímpios.  A consciência não pode ser eficaz em tais circunstâncias; deixa de ser uma guia segura e fidedigna tal como ocorre com uma bússola imantada.                                                           

Também gostaria de destacar que nem tudo é puro, para o puro! Revistas pornográficas, filmes obscenos, violentos… Estas coisas são puras para os puros? Claro que não, você dirá! Então o que quer dizer Paulo? É muito fácil, irmão querido, o contexto esclarece…” Paulo está dizendo com a expressão “Todas as coisas são puras” Isso quer dizer que quem pratica tais coisas, não estão purificados (santificados) esses não são puros. “Todas as coisas são puras para os puros” independente de rituais de purificação; mas estas coisas são aquelas aprovadas por Deus em sua Palavra.

 

(Vers. 15) Ganância e insatisfação

“... A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, dá...”.

Encontramos aqui outras declarações de ordem numérica. Ver as notas sobre o vs. 7. Existem duas filhas da sanguessuga; e existem três, ou melhor, quatro coisas que jamais se satisfazem e nunca dizem: “Para mim basta”.

A sanguessuga. No hebraico, ‘aluqah, que, embora seja uma palavra obscura, é traduzida por sanguessuga no siriaco e por autores rabínicos posteriores. Ver sobre o termo no Dicionário. Esse pequeno animal vive somente para obter sangue. A sanguessuga não dá coisa alguma. Diz, a cada nova sugada de sangue: “Dá! Dá!”.

E o quadro ainda fica mais complicado quando a sanguessuga se divide em duas filhas, as quais, por sua vez, se multiplicam em quatro, piorando a situação enquanto o processo prossegue, e as sanguessugas exigem cada vez mais sangue.

A sanguessuga é o modelo do egoísmo e da ganância, e é vista como animal que vive do sangue de outro animal, uma apta metáfora para as pessoas gananciosas. Ver o detalhado artigo chamado Cobiça, no Dicionário.

Sinônimo. Existem quatro coisas ou entidades gananciosas representadas pela sanguessuga. Essas coisas nunca dizem: “Bastai”. Como as sanguessugas, são modelos da ganância, formando um quarteto perene de insatisfeitos.

O princípio moral e espiritual é o da ganância, do egoísmo, da autossatisfação que leva  pessoas, grupos, entidades a se beneficiarem  de coisas de forma desonesta, de maneira ilimitada e insaciável, querendo sempre mais e mais, sugando, chupando, extraindo, explorando para proveito próprio.


Um escritor afirmou:

“Há pessoas tão excessivamente gananciosas e cobiçosas que elas deixarão sem nada qualquer ser vivo,  elas se agarram a qualquer coisa que possa dar lucro e nunca largarão até que tenham extraído até a última porção  que haja de bom.”

 

4. O MISTÉRIO DO CAMINHO DA JORNADA QUE DEIXAM RASTROS DOS OBSTÁCULOS VENCIDOS.

“... Estas três coisas me maravilham; e quatro há que não conheço: 19. O caminho da águia no ar; o caminho da cobra na penha; o caminho do navio no meio do mar; e o caminho do homem com uma virgem...” Pv 30:18-19.

O CAMINHO DA ÁGUIA NO AR.

Todos nós admiramos a águia, ave notável “... pelo seu tamanho, força, figura imponente, agudeza de vista e voo poderoso" (Dic. Michelas–UOL). Devido ao seu vigor e imponência, ela pode designar pessoas de grande engenhosidade e perspicácia.

I – O vôo da águia nos sugere que o verdadeiro filho de deus deve ter uma mente voltada para coisas elevadas

1. Sabemos que a águia vive nas alturas e constrói seu ninho nos mais altos picos!

2. Embora sejamos crentes, não podemos perder de vista que estamos inseridos neste mundo. Quer queiramos, ou não, estamos do mundo e fazemos parte dele. Quando Jesus orou a "oração sacerdotal", fez a seguinte observação acerca de seus discípulos: "E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo...", Jo 17.11. Observe a expressão "eles estão no mundo". O mundo é nosso campo de vida e ação!

3. Porém, embora inseridos a este mundo não precisamos e nem podemos nos envolver com suas práticas pecaminosas. Na mesma oração Jesus disse ao Pai: "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal", Jo 17.15.

Esta palavra de Jesus nos relembra o fato de que somos cidadãos dos céus e por esta razão não podemos permitir que o mal nos domine, e ainda devemos lutar para que nossas mentes sejam voltadas para o alto, para os valores mais elevados, para aquilo que é eterno.

 

II - O voo da águia nos sugere que o verdadeiro filho de deus deve ter uma real visão dos valores do reino

1. A Principal característica da águia é sua visão privilegiada. Ela pode ver uma presa de tamanho minúsculo numa terra arada, estando a três mil metros de altura.

2. Como filhos de Deus, precisamos também aguçar nossa visão espiritual. Muitos que se dizem cristãos apresentam uma visão míope dos valores do reino de Deus. São crentes que não cresceram em sua vida cristã e apresentam deficiências espirituais crônicas. Nós devemos ter um objetivo específico: "olhar para Jesus" – "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus", Hb 12.2.

3. Dependendo de nossa conduta visionária, os valores do reino terão ou não a primazia em nossa vida. Observemos alguns textos da Escritura que nos mostram o valor de uma visão espiritual correta:

a) Aquele que tem uma visão correta não olha para traz, Lc 9.62,

"E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus". O arado, instrumento de lavrar a terra, representa nosso trabalho e investimento no reino de Deus. O objetivo daquele que manuseia o arado é trabalhar obedecendo a uma linha reta, num vai e vem constante, até que toda gleba de terra esteja devidamente preparada ao plantio. Qualquer descuido, qualquer desvio no olhar, pode comprometer o trabalho. Assim também nós que militamos no reino precisamos ter uma visão clara dos valores pertinentes ao serviço de Deus.

b) Aquele que tem uma visão correta, não é apegado aos bens materiais, Mt 19.21,

"Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me".

O contexto do presente versículo nos mostra um jovem fazendo uma pergunta importante ao Senhor: "Que farei para conseguir a vida eterna"?

Depois de um importante diálogo, Jesus chegou à conclusão de que aquele jovem era prisioneiro de seus bens materiais. Por esta razão sugeriu-lhe que vendesse seus bens, distribuísse aos pobres, para ter a garantia de vida eterna. Não querendo abandonar suas posses materiais, o moço foi embora muito triste, o que ficou claro que ele tinha uma visão distorcida do reino de Deus.

Muitos de nós, agimos da mesma forma quando temos que fazer opção entre os valores do reino e os valores mundanos, o que demonstra de maneira clara o tipo de visão que temos.

c) Aquele que tem uma visão correta sabe aonde quer chegar, 2 Tm 1.12,

"Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia". Temos em Paulo um exemplo significativo do que é ter uma visão correta dos valores do reino. Observe como ele é contundente: "eu sei em quem tenho crido"! Mesmo vivendo em intenso sofrimento e vergonha em razão de seu amor a Jesus, Paulo mantinha uma conduta irrepreensível, uma vez que havia nele uma visão clara do reino, que sobrepunha qualquer valor mundano!

4) Sem uma visão clara do que somos e queremos não vamos chegar a lugar algum. Todo filho de Deus precisa saber para onde caminha. Assim como Paulo prosseguimos "...para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus", Fp 3.14.

 

III - O vôo da águia nos sugere que o verdadeiro filho de deus, embora tenha sua mente nos céus, seus olhos não se afastam da terra.

1. A águia alça seu vôo na tentativa de encontrar alimento para si mesma e para seus filhotes. Embora esteja nas alturas, sua fonte de alimentos é a terra.

2. A Palavra de Deus nos mostra como o Filho de Deus, deixou a glória celeste para descer ao mundo como salvador do homem: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo", Jo 6.51. Ao descer para terra por obra e virtude do Espírito Santo, Jesus, mesmo "...sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz", Fp 2.6-8. Tudo Ele fez tendo em vista o benefício do homem, objeto do amor eterno de Deus!

3. Também nós como crentes, agora regenerados pela ação da Palavra e Espírito de Deus, mesmo estando "ressuscitados com Cristo" (Colossenses 3.1) e "assentados nas regiões celestiais" (Efésios 2.6), não podemos tirar nossos olhos da terra, que é o nosso campo de ação. Nossa vida foi transformada pelo poder de Deus para sermos usados como instrumentos na libertação e salvação de vidas. Veja o que diz a Palavra de Deus:

a) A visão de Abraão, "9 Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. 10 Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus", Hb 11.9-10.

Mesmo tendo vivido num tempo diferente do nosso, Abraão tinha consciência de que sua verdadeira pátria não era Canaã – considerada a "terra da promessa", mas conforme o próprio texto nos diz ele aguardava a "...cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus". Tinha ele uma visão clara de sua postura neste mundo, que era a de ser uma bênção, ou seja, representar Deus para os povos de seus dias. Tinha certeza de que através dele seriam "...abençoadas todas as famílias da terra", Gn 12.3.

b) Somos embaixadores do reino, "De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus", 2 Co 5.20.

A função principal do "embaixador" é representar sua nação numa outra nação que não é a sua. Embora sejamos cidadãos dos céus pela graça de Deus, temos a responsabilidade de representar os céus na terra! Vivemos na terra, mas não pertencemos a ela! Nossa função é trazer o céu para a terra!

c) Porém, um dia seremos tirados da terra para habitar em nossa verdadeira pátria, "Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo", 2 Tm 4.6.

Observe a expressão "...o tempo de minha partida está próximo". Paulo antevia sua morte e o recebimento de sua herança na eternidade. Suas convicções são descritas nos versículos seguintes: "7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. 8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda" 2 Tm 4.7-8. Enquanto estamos neste mundo, precisamos viver como cidadãos dos céus, como representantes legítimos de nossa pátria celeste. Porém, quando chegar o tempo de nossa partida, que possamos declarar como Paulo: "combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé".

 

IV – Vôo da águia, e o mito da renovação sua renovação.

À época do apóstolo Paulo a exposição de fábulas em meio aos cristãos já ganhava notoriedade, tanto que ele alertou os irmãos Timóteo e Tito, a quem incumbia o cuidado de algumas igrejas, acerca dos ‘mitos’ que circulavam entre os primeiros cristãos.

“Nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora (…) Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade” (1 Tm 1:4 e 4:7);

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Tm 4:4);

“Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens, que se desviam da verdade” (Tt 1:14).

A questão é seríssima, pois, o apóstolo Pedro lembra que o poder de Cristo e a sua vinda não foi anunciado aos irmãos através de estórias inventadas (fábulas artificialmente compostas), antes, os apóstolos viram a majestade de Cristo e, por isso, tornaram notório aos homens quem era Jesus de Nazaré: o Filho de Deus (2 Pe 1:17).

“Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas, nós mesmos vimos a sua majestade” (2 Pe 1:16; 1Jo 1:3).

Vale destacar que, lá pelos idos do século VI a. C., viveu entre os gregos um escravo que foi liberto pelo seu senhor: Esopo, um hábil contador de estórias, cujos personagens eram animais e que se encerrava com uma deixa de cunho moral. Esopo foi citado por vários escritores como Heródoto, Aristófanes e Platão e várias de suas estórias foram editadas e citadas por diversos autores.

Muitos escritos judaicos sofreram forte influência das filosofias e dos ensinos pagãos que, pela tradição dos anciãos, foram incorporados à chamada lei oral e, por fim, ao Talmude. Os escritos apócrifos possuem inúmeras estórias fictícias, produto da imaginação humana, mas que utilizam personagens bíblicos como Moisés, Daniel, etc.

Os apóstolos Paulo e Pedro alertam os cristãos contra os mitos judaicos, ou seja, as suas invenções, que tinham por base genealogias, filosofias, mandamentos de homens, misticismo, etc., mas, apesar do alerta, a quantidade de fábulas que, em nossos dias, circulam em meio aos cristãos, é surpreendente.

Dentre elas, destaco a estória da renovação da águia, de autoria desconhecida e muito divulgada nos círculos cristãos, em redes sociais, e, até mesmo, em sermões.

 

O renovo da águia

A primeira informação que o mito da renovação da águia apresenta é acerca da longevidade desse predador: de que a águia possui a maior longevidade entre as aves e, que a média de expectativa de vida de uma águia é de 70 anos. Fontes mais confiáveis afirmam que a média de expectativa de vida da maioria das águias, dependendo da espécie, é de 30 anos, e que grandes águias e abutres podem viver em cativeiro até 60 anos.

As asserções seguintes, acerca do renovo da águia, são mais absurdas ainda, pois dá conta que, para atingir a casa dos 70 anos, primeiro a águia precisa tomar uma difícil decisão. Ora, sabemos que os animais, em determinadas fases do seu desenvolvimento, adotam comportamento instintivo, portanto, é temeroso o argumento de que um animal deve tomar uma decisão e com um complicador: uma decisão séria e difícil.

A descrição que fazem de uma águia quando envelhece é descabida, pois as unhas de qualquer animal, quando na natureza, são afiadas pelo uso, e, com o passar do tempo, se fortalecem ainda mais. O mesmo principio se aplica ao bico, uma estrutura de queratina com crescimento continuo durante a vida da ave.

Se uma ave de rapina, pela velhice, não consegue agarrar uma presa, não é porque suas unhas se tornaram flexíveis, antes a causa está na falta de agilidade decorrente da debilidade muscular que é próprio à velhice.

As considerações acerca das asas, de que elas se tornam pesadas, em função das penas envelhecidas pelo tempo, também são descabidas, pelas imprecisões terminológicas. Ave alguma arranca as suas penas para renová-las, o que pode ocorrer em função de alguma patologia como o estresse, o que pode ocorrer quando uma ave está em cativeiro.

A águia, como todas as aves, troca as suas penas ao longo da vida, num processo denominado ‘muda’, o que depende do clima, alimentação, período de reprodução, etc., nunca por uma decisão que envolva intencionalidade ou instinto.

A descrição do processo de renovação que o mito da águia apresenta, não encontra paralelo na natureza. Não há achados de penas, bicos ou unhas de águias que comprovem que elas se renovam quando se refugiam no alto dos picos das montanhas, em ninhos construídos próximos a um paredão de pedras.

As aves, geralmente, afiam seus bicos nas pedras, mas a estória do renovo da águia diz que ela arranca o bico batendo na parede de pedra e que espera um novo bico crescer para arrancar as unhas. Ora, bicos e unhas são irrigados com sangue e possuem terminações nervosas, o que impossibilita um animal sadio de se automutilar.

A estória do renovo da água diz que a águia, quando decide não morrer aos 40 anos, arranca as penas com as unhas e a sua restauração se dá através de um processo que dura míseros 150 dias. Vale destacar que uma pena arrancada do seu folículo, se não for naturalmente durante a ‘muda’, demora no mínimo um ano para nascer e o mito do renascimento da águia diz que, após cinco meses, a águia está renascida para o seu ‘famoso’ voo de renovação, quando viverá por mais 30 anos.

 

As Escrituras

Questões da natureza à parte, ou até mesmo referências à mitologia grega, de um pássaro, a fênix, que, quando morria, entrava em autocombustão e, depois de um tempo, renascia das próprias cinzas, voltemos às Escrituras para analisar a figura da águia.

No Pentateuco, ao falar aos filhos de Israel, Deus utiliza as asas da águia para indicar que eles estavam sob a proteção de Deus:

“Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias e vos trouxe a mim” (Êx 19:4);

“Como a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os e os leva sobre as suas asas“ (Dt 32:11).

A passagem de Deuteronômio evidencia qual a ideia que a frase: ‘levei sobre asas de águia’ evidencia. Os filhos de Israel, ao serem resgatados do Egito, eram uma nação que havia acabado de alcançar a liberdade, portanto, sem experiência e sem condições de se defender, de modo que precisaram da proteção de Deus, assim como um filho necessita do cuidado do pai, ou uma ninhada necessita do cuidado da águia.

Em algumas passagens, a águia é utilizada como figura para fazer referência à rapidez, à velocidade desse predador:

“O SENHOR levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás” (Dt 28:49; Jr 4:13; Hc 1:8);

“Saul e Jônatas, tão amados e queridos na sua vida, também na sua morte não se separaram; eram mais ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões” (2 Sm 1:23; Jó 9:26).

 

Subirão com asas

O profeta Isaias utiliza a figura da águia para descrever aqueles que confiam em Deus: eles renovarão as forças. O verso não diz que os que esperam em Deus se renovarão como águias, antes, que renovarão as forças, pois Deus é o que concede força ao cansado: “Dá força ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor” (Is 40:29).

A abordagem de Isaías deixa evidente que o renovo proposto por Deus é da força e do vigor dos que confiam o que difere do equivoco de considerar que os que confiam em Deus se renovam como uma águia se renova o que poderia dar supedâneo à má ideia expressa no mito do renovo da águia.

O renovo da águia não possui comprovação cientifica e, muito menos, decorre ou fundamenta-se em alguma asserção das Escrituras. Há farto material na internet que denuncia a farsa que o mito da águia promove, mas poucos se detém a comentar o Salmo 103, verso 5.

O entendimento equivocado acerca da águia, que muitos depreendem e atribuem ao Salmo 103, verso 5, essencialmente decorre de má leitura. A má leitura e a falta de compreensão de alguns, permeia todo o verso.

 

O CAMINHO DA COBRA NA PENHA

No presente capítulo, não queremos usar a principal simbologia da serpente nas Escrituras, que é a figura do próprio diabo, tido como a "antiga serpente" (Ap. 12.9; 20.2), mas nos ater ao comportamento deste animal, quando vive em meio às rochas. Devemos lembrar que certa vez, Jesus orientou seus discípulos a que fossem "...prudentes como as serpentes e simples como as pombas", Mt 10.16. É sobre esta sagacidade, prudência, esperteza deste animal que queremos falar.

Os Filhos de Deus vive num mundo cheio de situações de risco, de cuidados, em que ele deve ser prudente e usar a sabedoria de Deus para sair vitorioso. O objetivo do diabo é nos colocar em enrascadas, em becos sem saída, em situações de risco, na tentativa de minar nossa fé cristã. Diante da sagacidade do diabo, precisamos aprender a nos comportar, desarmando seus laços através do uso correto das Escrituras. Foi assim que Jesus resistiu as artimanhas do inimigo ao ser tentado por ele no deserto (Mt 4.1-11). A Palavra de Deus nos mostra que a sabedoria e a prudência são capacitações que recebemos de Deus. No dizer de Paulo, Deus "...fez abundar para conosco ... toda a sabedoria e prudência", Ef 1.8.

4. Vamos ver quais são as aplicações do comportamento da serpente em sua passagem pela penha, que são aplicáveis à nossa vida em Deus:

 

I – a passagem da cobra pela penha nos aponta para a retidão do filho de deus – não deixa marcas por onde ele passa

1. Certamente ao passar pela penha, a serpente não deixa quaisquer marcas ou vestígios ao tirar a atenção do seu predador o Ratel, também conhecido comumente pelo vernáculo inglês texugo-do-mel ou texugo. Que a persegue por onde quer que ela passe, porque onde ela passar deixa seu odor em seu rastro, até que ela encontre uma rocha, pois essa não absorve seu aroma. O olho nu não pode afirmar que por aquele local passou uma cobra.

2. O comportamento deste animal pode ser aplicado simbolicamente ao comportamento de retidão do filho de Deus que não pode deixar quaisquer vestígios de imoralidade, mal caráter, desonestidade, etc., por onde ele passa. Pelo contrário, devemos marcar o lugar que passarmos com uma vida cheia de Deus. É necessário que o filho de Deus dê bom testemunho não somente entre os irmãos de fé, mas também aos que "...estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo", 1 Tm 3.7.

3. Olhemos para a Palavra de Deus como deve ser nossa vida no mundo:

a) Como "sal da terra" e "luz do mundo", "13 Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte", Mt 5.13-14. Assim como o sal dá sabor modificando o gosto dos alimentos, para torná-los apetitivos, assim também a vida do crente deve oferecer tempero agradável àqueles que não conhecem a graça de Deus; assim como a luz desempenha o papel de dissipar as trevas, o cristão deve iluminar as vidas ao seu redor. Devemos ser "...irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandecemos como astros no mundo", Fp 2.15.

b) Uma vida casta, "Considerando a vossa vida casta, em temor", 1 Pe 3.2. Temos no texto o termo grego "agnov - hagnos", que tem a ver com um procedimento "respeitável", "santo", "isento de sensualidade", "imaculado", "limpo". O termo em apreço vem indicar que o cristão deve abster-se de quaisquer atos que cheirem imoralidade ou comportamento sexual pecaminoso. Sabemos que uma parte das obras da carne é composta por pecados desta natureza: "Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia", Gl 5.19.

c) Irrepreensibilidade, "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor", Ef 1.4. A palavra irrepreensível vem do grego "amwmov - amomos", que era uma palavra aplicada aos animais oferecidos em sacrifício, que deveriam ser "sem mancha", "sem defeito". Assim deve ser o filho de Deus diante do mundo! Não podemos ser expostos à repreensão. Devemos saber que esta é uma característica exigida daqueles que vão participar do arrebatamento: "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo", 1 Ts 5.23.

4. Assim como a serpente se esfrega pelas fendas da rocha sem deixar rastos ou vestígios, assim deve ser a vida daquele que serve ao Deus Santo!


II - A passagem da cobra pela penha nos indica que o filho de deus deve fugir do mal

1. A serpente que vive na penha, quando percebe uma presença ameaçadora, seja do homem ou de um animal predador, rapidamente foge para escapar do perigo.

2. Esta fuga rápida nos indica que o cristão deve estar atento aos perigos que o mundo oferece. Quantos filhos de Deus incautos, são seduzidos pelos cuidados e prazeres mundanos, que os sufocam a ponto de naufragarem na fé. Jesus alertou: "E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera", Mt 13.22. Embora Jesus esteja falando de vidas que não estão ainda devidamente convertidas, renascidas, podemos aplicar suas palavras àqueles que coxeiam, manquitolam, entre a graça de Deus e o mundanismo. São presas fáceis do diabo!

3. Recorramos a alguns exemplos na Palavra de Deus:

a) Devemos reagir inconformados com o mundanismo, "E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus", Rm 12.2. Os padrões mundanos não se adaptam e nem servem para os filhos de Deus. Qualquer semelhança não é mera coincidência! Aquele que de fato serve a Deus, jamais se deixará levar pelas atrações e insinuações mundanas. Nunca tomará a forma do mundo!

b) Devemos reagir com indignação, "18 Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, 19 Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas", Fp 3.18-19. Olhando atentamente para o texto, iremos observar que o apóstolo Paulo manifesta grande indignação contra certos falsos apóstolos que seduziam o povo de Deus com bela linguagem e retórica impressionante. Porém suas vidas desordenadas os denunciavam! Precisamos fugir de certos elementos que no dizer de Judas "...convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo", Jd 4. Tais elementos se comportam aparentemente de maneira piedosa, mas seus frutos os denunciam, "Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te", 2 Tm 3.5.

c) Devemos reagir com inteligência, atentos à Palavra escrita, "MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios", 1 Tm 4.1. Não somente precisamos observar a vida de certos elementos, que pervertem a graça de Deus, mas também ficar atentos a seus ensinos distorcidos e adulteradores da Palavra de Deus. Paulo fala de alguns que adulteravam a palavra de Deus: "Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus...", 2 Co 2.17. Hoje não é diferente! Tais indivíduos, com fala eloquente, exímios comunicadores, "brincam" com a verdades de Deus, levando irmãos menos esclarecidos ao engano diabólico. Observe que Paulo fala de "espíritos enganadores", e "doutrinas de demônios". Qualquer perversão das Escrituras tem o dedo e a assinatura do diabo e seus comandados!

4. Além de fugir das contaminações mundanas, precisamos ter o cuidado de detectá-las em certos indivíduos que, às vezes convivem conosco, não raramente na mesma igreja, que na qualidade de "expositores" da Palavra de Deus, têm contaminado a fé cristã, pervertendo o ensino bíblico. Reajamos com veemência!

 

III - A passagem da cobra pela penha mostra que filho de deus deve refugiar-se na verdadeira rocha – Cristo.

1. As fendas da rocha não somente facilitam a fuga da serpente quando está ameaçada pelo predador, mas também serve de abrigo, de esconderijo, quando se sente ameaçada.

2. Todo aquele que professa o nome de Cristo, também está exposto a inúmeros perigos. Sabemos que o inimigo de nossas almas "...anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar", 1 Pe 5.8. Basta uma brecha e ele nos ataca com ferocidade! Ele usa de situações, de momentos difíceis, de pessoas amigas e inimigas, de irmãos de fé, para tentar nos colocar na lona! Se dependermos exclusivamente de meios de defesa puramente humanos, certamente seremos derrotados.

3. Porém, ao nos sentirmos ameaçados, podemos contar com um abrigo seguro! Olhemos para as Escrituras e iremos encontrar em Deus:

a) Refúgio para o oprimido e angustiado, "O SENHOR será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia", Sl 9.9. Muitas são as situações que nos arrastam para a opressão e angústia, porém tenhamos convicção de que o Senhor será sempre "...o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia", Sl 46.1. Lembre-se do que Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei", Mt 11.28. Na opressão e angústia, podemos contar com o socorro e refúgio divinos!

b) Refúgio e torre forte contra o inimigo, "Pois tens sido um refúgio para mim, e uma torre forte contra o inimigo", Sl 61.3. As torres eram lugares altos, fortalezas, que abrigavam os vigias que noite e dia vigiavam a cidade contra invasões inimigas. Muitas destas torres serviam também como suportes para instrumentos de guerra e contra-ataque aos inimigos: "Também fez em Jerusalém máquinas da invenção de engenheiros, que estivessem nas torres e nos cantos, para atirarem flechas e grandes pedras; e propagou a sua fama até muito longe; porque foi maravilhosamente ajudado, até que se fortificou", 2 Cr 26.15. Na torre, o guarda se sentia protegido! Deus é nossa torre forte!

c) Refúgio de geração em geração, "SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração", Sl 90.1. Não somente a minha geração, que inclui minha esposa e filhos são abençoados pelo Senhor, como "refúgio", mas também minhas gerações futuras. A Palavra de Deus é clara no sentido de nos mostrar que Deus "...guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos", Dt 7.9. Quando nos mantemos obedientes ao Senhor debaixo de sua aliança, nossos netos, bisnetos, tataranetos, etc., serão também atingidos pela graça de Deus!

 

O CAMINHO DO NAVIO NO MEIO DO MAR

Queremos observar o caminho do navio no mar, outra fonte simbólica de recursos espirituais inesgotáveis! Quem nunca se imaginou fazendo um cruzeiro marítimo desfrutando das delícias advindas de tal pretensão? Com certeza, muitos de nós pagaríamos se pudéssemos o devido preço para um passeio como este! Porém a rota do navio no mar poderá apresentar incontáveis perigos para os navegantes, como tempestades, rochas submersas, icebergs, etc..

3. Neste capítulo queremos focalizar as aplicações simbólicas do caminho percorrido pelo navio no oceano:

 

I – A rota do navio no mar nos fala da dependência do filho de deus

1. Sabemos que o caminho do navio no mar está sujeito aos mais intensos perigos. Dois deles devem merecer especial atenção: as rochas submersas e as tempestades. Tanto um como a outro podem levar uma embarcação a pique.

2. Para que uma embarcação marítima possa seguir sua rota frente aos perigos acima, ela precisa ter em sua direção um bom comandante e uma equipe experiente, que conheça todos os segredos que possam livrar a embarcação de situações de riscos e possíveis danos e perdas, tanto humanas, como também materiais. A embarcação fica dependente da experiência! Assim também, como cristãos estamos sujeitos aos ataques satânicos com objetivos definidos, de nos afundar na lama do mundo. Em razão disto, precisamos ser dependentes de nosso comandante – Jesus Cristo! Com certeza, estes reais perigos nos sugerem a dependência de Deus! Por estarmos sujeitos às artimanhas do diabo, que podem minar nossa fé cristã, precisamos nos lançar à oração, buscando intimidade com Deus e sua Palavra, caso contrário sucumbiremos diante dos laços, emboscadas e armadilhas demoníacas. Quantos há que já afundaram por embarcarem nas insinuações do diabo!

3. A Palavra de Deus nos ensina como deve ser a nossa dependência do Senhor:

a) Dependência de Deus, não do homem, "Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos; e têm confiança em carros, porque são muitos; e nos cavaleiros, porque são poderosíssimos; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao SENHOR", Is 3l.1. Esta profecia foi transmitida por Isaías num tempo em que a nação de Judá aterrorizada pelas ameaças inimigas, faziam alianças com os egípcios – um povo forte e preparado belicamente, na tentativa de tê-los como aliados na iminente guerra. Achavam que a batalha seriam vencida se estivessem devidamente aparelhados com aliados poderosos, exército forte, muitos cavalos, carros, hábeis cavaleiros, etc.. Este é o erro de muitos filhos de Deus! Preferem confiar em homens, no dinheiro, num bom emprego, etc., quando deveriam depender exclusivamente do Deus de poder!

b) Dependência paciente, "ESPEREI com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor", Sl 40.1. Quantas vezes o socorro é lento! Aparentemente nunca chega! Há aqueles que querem um Deus que aja como relâmpago, como num passe de mágica, vindo com socorro imediato! Porém Deus intervêm no tempo certo! Quando aparentemente Deus retarda, existem crentes que entram em desespero, chegando até mesmo à loucura, desacreditando de tudo e de todos.

d) Dependência independentemente da circunstâncias, "Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares", Sl 46.2. Mesmo em situações caóticas, avassaladoras, quando parece que tudo está perdido, precisamos nos colocar debaixo do cuidado de Deus, que certamente nos guardará. Não podemos deixar que as circunstâncias nos atinjam. Devemos andar não pelo que vemos, mas pela fé no Deus que é maior do que nossas dificuldades. No dizer de Paulo "...andamos por fé, e não por vista" (1 Co 5.7) e devemos "crer contra a esperança", como Abraão – "O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência", Rm 4.18.

 

4. Vamos depender de Deus, independemente das circunstâncias que nos atingem!


II – A rota do navio no mar nos fala da direção do filho de deus

1. Nos tempos bíblicos, toda embarcação marítima para traçar uma rota certeira, dependia da direção do sol – instrumento este, indispensável para qualquer viajante do mar. Embora hoje os navios não dependam mais deste rudimentar sistema de navegação, tendo em vista os avançados meios comunicação que estão ao nosso dispor, nos dias de Salomão sem observar a trajetória do sol, não se chegaria a lugar algum.

2. Assim como o navio dependia da observação do sol para traçar sua rota, como filhos de Deus não podemos caminhar neste mundo sem a direção do Todo-Poderoso. Quando Deus não dirige nossos passos, caminhamos sem direção, vagando de um lado para outro, desorientados! Não podemos esquecer que os caminhos, muitas vezes trilhados por nós, não são os caminhos de Deus. Assim expressou Isaías pela boca de Deus: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR", Is 55.8. É preciso descobrir qual é o caminho de Deus para nossa vida, pois só assim andaremos seguro!

3. Como a Palavra de Deus nos ensina a verdadeira direção divina? Vejamos:

a) Direção pela coluna de nuvem no deserto, "Todavia tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os deixaste no deserto. A coluna de nuvem nunca se apartou deles de dia, para os guiar pelo caminho, nem a coluna de fogo de noite, para lhes iluminar; e isto pelo caminho por onde haviam de ir", Ne 9.19. O contexto desta passagem nos mostra o povo de Deus nos dias de Neemias fazendo uma oração de arrependimento e confissão de pecados. O olhar deles se volta para trás, para os dias de caminhada no deserto, quando a presença constante de Deus ia adiante deles na "coluna de nuvem". Esta coluna de nuvem fazia sombra durante o dia, amenizando o calor escaldante do deserto, mas durante à noite se transformava numa "coluna de fogo", para iluminar o caminho por onde deveriam passar. Era a presença constante de Deus entre eles!

b) Direção em virtude da onipresença divina, "7 Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? 8 Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. 9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, 10 Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá", Sl 139.7-10.

 

III – A rota do navio no mar nos mostra as intempéries do filho de deus

1. Já vimos que a rota do navio no mar está sujeita aos mais intensos perigos, como a ameaça de rochas submersas e a exposição às tempestades marítimas. São as intempéries comuns aos navegantes! Quantas embarcações marítimas estão no fundo dos oceanos vitimadas pela fúria das águas atingidas por tempestades! Um desastre que não podemos nos esquecer ocorreu com o Titanic, o maior, o mais moderno, o mais possante navio de seu tempo! Embora seus construtores achavam que nem mesmo Deus o poderiam afundar, em sua primeira viagem, ele foi para o fundo do mar ao ser atingido por um iceberg, matando a grande maioria de seus ocupantes. Isto também se aplica simbolicamente aos filhos de Deus, e tem a ver com a vida conturbada que levamos neste mundo tenebroso.

2. Quando recebermos a Palavra de Deus em nossos corações, não significa que agora ficaremos isentos de problemas e dificuldades. Pelo contrário, é possível que haja até uma intensificação nas tribulações. É comum o novo convertido sofrer pressões de seus familiares, amigos, patrões, etc., devido à sua nova posição e comportamento. Quantos há que desistem da fé quando são atingidos por tribulações logo no início de sua nova vida em Cristo. Na parábola do semeador, somos alertados pelo Senhor deste fato: "20 O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; 21 Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende", Mt 13.20-21.

3. Olhemos para a Palavra de Deus e vejamos como tribulações e sofrimentos afetam o filho de Deus:

a) O alerta do Senhor, "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo", Jo 16.13. O Senhor não disse que eles também venceriam, Ele disse que Ele venceu. Jesus não queria que seus discípulos ficassem desinformados acerca das tribulações que certamente sofreriam. Porém mostrou-lhes que acima dos sofrimentos, das angústias, eles poderiam contar com a paz interior proporcionada pelo Senhor àqueles que são engajados em sua obra. Devemos suportá-las com ânimo, na confiança de que o se Senhor foi vitorioso contra o mundo, temos também a garantia da vitória!

b) A consciência de Paulo, "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada", Rm 8.18; Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo", 2 Co 1.5. O apóstolo Paulo, viveu em sua carne tremendas dificuldades, perseguições, afrontas, etc.. Todavia, em seu coração havia uma certeza: "...as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada". Embora possamos viver neste mundo debaixo de contrariedades, aparentes frustrações, desilusões, podemos ter a convicção de que o melhor nos está preparado pelo Senhor em sua glória! Muito mais ainda, sejamos convictos da "abundante consolação" que recebemos do Espírito de Deus pelas tribulações que sofremos.

c) Devemos ser co-participantes delas, "Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus", 2 Tm 1.8; "Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo", 2 Tm 2.3. Aqui Paulo convida o jovem Timóteo a que não fique de fora, olhando apenas como espectador os seus sofrimentos, mas que deles se torne um participante.

 

O CAMINHO DE UM HOMEM E UMA VIRGEM

O caminho da águia no ar; o caminho da cobra na penha; o caminho do navio no meio do mar (uma ele não entendia), porque era por demais misteriosa (O caminho de um homem e uma virgem) Ao fazer o analise das três coisas maravilhosas, creio que o poeta tinha em mente fazer comparações; entender o caminho de dois seres que formam uma simbiose perfeita de cumplicidade e harmonia apesar das vicissitudes da trajetória das marcas dos caminhos da jornada que deixam rastros dos obstáculos vencidos.

O caminho a dois (de um homem e de uma virgem) torna-se por demais misterioso devido aos rumos que na individualidade de cada um surgem mil possibilidades de ações as mais inusitadas e surpreendentes atitudes em cada milésimo de segundo em que decisões são tomadas e que mudam o curso da existência. Quer queira ou não, tais decisões sempre deixam marcas.

Há mil possibilidades diárias das decisões tomadas na individualidade que desenham todo o curso da existência. São atitudes que desembocam em ações que por sua vez trazem a reboque consequências imediatas ou em longo prazo na medida em que tais atitudes assomadas à ação imediata de cada um são impetradas enquanto a vida continua no seu curso determinado pelas ações da individualidade.

Agur não entendia como dois seres que se unem com ideias e ideais tão diferentes podem traçar uma trajetória de sucesso numa caminhada de vida a dois com as marcas que ficam. Para ele isso tais caminhos eram por demais misteriosos. Toda caminhada aprumada entre um homem e uma mulher deixam rastros que ficaram pelos obstáculos vencidos e superados durante a caminhada.

Desejamos analisar outra situação da qual também podemos extrair inúmeras lições de vida – o noivado do homem com uma virgem! Certamente há muito o que aprender ao observarmos o comportamento tanto do noivo como da noiva no pré-relacionamento para o casamento. É uma situação que se não for vivida com sabedoria e discernimento, poderá marcar a vida do casal para sempre, prejudicando inclusive a família futura. Além do mais, se o casal não se comportar dentro dos princípios da santidade e pureza, o relacionamento com Deus será traumático, deficiente.

 

3. Vejamos as aplicações do relacionamento do homem com uma virgem e suas implicações para os filhos de Deus:

I – o noivado do homem com uma donzela nos mostra pureza

1. Esta palavra vem do termo hebraico "rb - bor" e do grego "agneia - hagneia" e tem a ver com "castidade", "inocência", "limpeza". No Velho Testamento esta palavra estava ligada aos rituais de sacrifício; já no Novo Testamento, ela tem a ver com aquele que se conserva "puro", "casto", "isento" de um comportamento sexual inadequado para um filho de Deus. Tem a ver com nossa vida sexual.

2. Na verdade, o filho de Deus é assediado, bombardeado, influenciado, por uma gama de material explicitamente pornográfico. Em todos os meios de comunicação podemos ver as tendências e apelos ao sexo! Podemos observar tal tendência nas revistas do ramo, expostas sem quaisquer critérios nas bancas de jornais, ou pela televisão nos programas de "Gugu", "Faustão", "Adriane Galisteu" entre outros do ramo, que na ânsia por alguns pontos a mais na audiência, primam por exibir mulheres seminuas que coram nosso rosto de vergonha! E, por incrível que pareça, até mesmo nas propagandas televisivas, jornalísticas, etc., há vasto material que induz a fantasias e apelos sexuais, onde homens e mulheres expõem seus corpos "sarados", com "tudo em cima", na linguagem dos esperts no assunto, na tentativa de vender bebidas, alimentos, remédios, produtos dietéticos, etc., etc., etc.!!!

3. Diante deste quadro, devemos nos reportar à Palavra de Deus que nos exorta a fugir e nos abster das contaminações mundanas. A impureza se manifesta:

a) Nas "obras da carne", "Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia", Gl 5.19. Dada a importância e relevância que as Escrituras dão a este tipo de pecado, ele aparece nesta lista de Paulo como "obra da carne manifesta" e que precisa ser combatida sob o risco de trazer contaminação para o filho de Deus.

b) Nos homens sem Deus, "Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza", Ef 4.19. É no meio anticristão, naqueles sem a graça de Deus, que este tipo de pecado tem livre curso. Note como o apóstolo é enfático: "...para com avidez cometerem todo tipo de impureza". Podemos ver pelo que Paulo diz, que há vários tipos de impurezas. É um pecado com várias facetas que se desdobra a todo tipo de gosto maligno! Impurezas nas relações sexuais, impurezas no relacionamento com Deus, impurezas nos relacionamentos humanos, etc., fazem parte daqueles que vivem alienados da família de Deus.

 

II - o noivado do homem com uma donzela nos mostra compromisso

1. Outra particularidade importante no noivado do homem com uma donzela, pode ser observada no "compromisso" que envolve este relacionamento. Quando o casal assume a posição de noivos, inaugura-se uma nova fase! A colocação das alianças implica em assumir uma nova posição, onde os preparativos para o casamento passam a ser uma constante. Se aquele casal conhece de fato o que significam as alianças, dali para a frente tudo fica mais sério, comprometedor.

2. Assim também, como cristãos genuínos, não podemos descartar que precisamos ter um compromisso sério com o reino de Deus e com o Senhor Jesus. Crentes descompromissados, desinteressados jamais poderão ser úteis para Deus. Deus quer arregimentar em suas fileiras vidas que estejam dispostas a guerrear, lutar, fazendo de tudo para que o seu reino seja implantado na terra. Não podemos perder de vista, o fato de que Deus quer que sua vontade seja implantada na terra, assim como ela é realidade nos céus – "Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu", Mt 6.10. Para que esta verdade seja um fato, Deus precisa de nós!

3. Consideremos o que Palavra de Deus nos fala sobre compromisso:

a) Aquele que lança mão do arado, "E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus", Lc 9. 62. A figura do arado era muito conhecida nos dias de Cristo. Todo aquele que almejava uma boa colheita, sabia que precisava preparar devidamente a terra para receber as sementes. Uma terra mal preparada, não arada corretamente e no tempo certo, não estaria apta para produzir uma boa colheita. O agricultor que não levasse a sério a preparação da terra, certamente ficaria frustrado no tempo de colher os frutos. Nós também, como filhos de Deus, estamos engajados na "seara do Senhor" e precisamos nos envolver nela com tudo o que temos e somos, na expectativa da grande colheita do reino. Não fiquemos indiferentes, sabendo que Deus exige urgência! "Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa", Jo 4.35.

 

III - O noivado do homem com uma donzela nos mostra esperança

1. Quando existe a troca de alianças na cerimônia de noivado, surge também a esperança do casamento que fica cada vez mais perto. A partir daquele momento, tanto o noivo, como a noiva começam a se preparar para o grande dia! Jamais alguém espera o dia do casamento com expectativa de uma frustração, algo odioso, ou qualquer coisa semelhante. Ao contrário, ansiamos por aquele dia e o momento mágico do "sim". Um clima de "esperança" do melhor, daquilo que bom, certamente nos envolve.

2. Da mesma forma, aqueles que são envolvidos com o Senhor e seu reino, vivem debaixo da "bendita esperança". Aguardamos "...a bem-aventurada esperança..." (Tt 2.13), na manifestação de Cristo e seu reino.

A esperança é a mola mestre da fé cristã, e sem ela, podemos dizer convictamente que não haverá vida cristã. Se não há esperança, os valores do reino se tornam utopia, sonho irrealizável, fantasia; o cristianismo se desvanece numa invencionice humana, sem qualquer sentido de existência! Todavia, como filhos de Deus, magnificamos a esperança e a colocamos no patamar que lhe é devido.


Editado Por: Joel Silva

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