I e II Pedro

 

I e II Pedro: Sofrer por Amor a Cristo
e Conhecimento Bíblico

 



A primeira epístola de Pedro admoesta aos crentes da Ásia Menor a se lembrarem de que nasceram para uma esperança eterna, uma herança incompatível e para serem protegidos pelo poder de Deus através da fé; e, de que são um povo escolhido, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de Deus. A segunda epístola trata do perigo das divisões na Igreja por causa do ensino dos falsos profetas. Os leitores são instruídos a conhecerem cada vez mais sobre Deus e Sua Palavra para que possa combater os falsos mestres; e, cita que é importante crescer em seis outras áreas: virtude, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor.

 

O Autor

O Apostolo Pedro foi um dos primeiros e mais chegados discípulos de Jesus. Ambas as epístolas começam identificando o autor: “Pedro apóstolo de Jesus Cristo...” (I Pe 1:1) e “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo...” (II Pe 1:1). Sendo assim nenhuma identificação a mais é necessária. Na primeira epístola, Pedro testifica que a escreveu com a ajuda de Silvano (ou Silas em grego), como seu escriba. O grego fluente de Silvano e seu estilo literário marcam esta epístola. Esta carta é dirigida aos “ estrangeiros dispersos” nas províncias romanas da Ásia Menor. É provável que Pedro escreveu esta carta em resposta a informes dos crentes da Ásia Menor sobre a crescente oposição a eles. Foi escrita provavelmente entre 60 e 63 d.C., certamente antes do terrível banho de sangue em Roma, ordenado por Nero (64 d.C.).

A segunda epístola é dirigida aos mesmos crentes da Ásia Menor. O estilo do grego é diferente nesta epístola, provavelmente, por ter sido escrita pelo próprio apóstolo, sendo ele um homem com poucos recursos literários. Visto que, Pedro, assim como Paulo, foi executado por decreto do perverso Nero, provavelmente ela foi escrita entre 66 e 68 d.C.

 

A primeira epístola de Pedro

Os crentes que Pedro tinha em mente estavam sendo pressionados continuamente. O sofrimento por causa da perseguição não era algo que acontecia somente naquela região. Diante disso Pedro escreve algumas instruções, os consola e exortaos a enfrentarem as situações e a não desistirem da fé. O tema desta epístola é: “Sofrimento por amor a Cristo”. O cuidado de Pedro com os cristãos ao escrever esta epístola era no sentido deles seguirem o exemplo de Jesus no sofrimento: portando-se com retidão e dignidade.

 

Saudação (I Pe 1:1-2)

A saudação é diferente das outras porque o autor define a posição dos destinatários: eleitos e separados para uma vida de obediência a Jesus.

 

A Salvação para uma viva esperança (I Pe 1:3-2:10)

Pedro encoraja os crentes que sofrem, trazendo-lhes à memória certas coisas que já sabiam. Ele relembra três motivos para terem de novo a alegria da salvação:

(1) Uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus (1:3); (2) Uma herança incorruptível, incontaminável, guardada para nós nos céus (1:4); (3) Uma vida guardada pelo poder de Deus mediante a fé (1:5). Devemos regozijar-nos nas nossas muitas provações, porque permanecendo fiéis a Jesus em meio a elas, servirão de ajuda e benção, pois como conseqüência, nossa fé se mostrará genuína e redundará em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1:7).

Dos versículos 10 ao 12, Pedro declara que o Espírito Santo revelou aos profetas

o plano da Salvação que requeria como ato principal, o sofrimento de Jesus. Por isso nossa fé não se baseia somente no Novo Testamento, mas também na Palavra de Deus do Antigo Testamento. O mesmo Espírito que inspirou os profetas do Antigo Testamento, inspirou a verdade do Evangelho.

A partir do versículo 13, Pedro exorta os crentes com relação à santidade. Primeiro ele enfatiza os seguintes aspectos:

(1) Sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que nos está sendo trazida na revelação de Jesus (1:13);

(2) Não vos conformeis com as concupiscências (paixões) que antes tinham na

época da ignorância (1:14)

(3) Sede santos em toda a maneira de viver (1:15);

(4) Andai em temor ao Senhor, durante o tempo que estais no mundo (1:17).

Em segundo ele diz que o privilégio da salvação cobra de nós a responsabilidade

do crescimento pessoal em santidade e por isso devemos:

(1) Purificar a nossa alma obedecendo a Verdade (1:22);

(2) Praticar a caridade fraternal não fingida (1:22);

(3) Amar ardentemente uns aos outros com coração puro (1:22);

(4) Deixar para trás malícia, engano, fingimento, inveja e murmurações (2:1);

(5) Desejar pelo leite puro da Palavra de Deus (2:2).

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio espirituais, aceitável a Deus por Jesus Cristo” (2:5). Agora, por meio de Jesus, todo crente é constituído sacerdote para o serviço de Deus. O povo de Deus é “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (2:9). Os crentes são separados do mundo a fim de pertencerem totalmente a Deus e de proclamarem o evangelho da salvação para a glória e louvor de Deus.

 

A boa conduta e a submissão às autoridades (I Pe 2:11-3:12)

Por sermos estrangeiros nesta terra, devemos abster-nos dos prazeres malignos

deste mundo, que procuram destruir nossa alma (2:11) e devemos ter um viver honesto

entre os gentios, sermos boas testemunhas de Cristo neste mundo (2:12). O bom

testemunho nesse mundo inclue submissão às autoridades, tendo como motivo a vontade de Deus e a liberdade que ele nos deu em Cristo. Por isso “sujeita-vos, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior. Quer aos governadores. Honrai a todos, amai a fraternidade. Temei a Deus” (2: 13,14,17). Pedro prossegue com suas instruções:

1º) Os deveres dos servos cristãos (2:18-25). Os servos devem servir bem aos

seus senhores, tanto bons como maus, incentivados pelo exemplo de Jesus que: não pecou, foi ultrajado, maltratado, não revidou, e, não ameaçou.

2º) Os deveres das mulheres e dos maridos cristãos (3:1-7). Na relação entre marido e mulher, deve prevalecer à submissão por parte dela e o entendimento e honra por parte dele. Pedro também ensina como uma esposa deve agir a fim de ganhar para Cristo o marido não salvo: (1) ela deve ser submissa ao marido e reconhecer a sua liderança na família; (2) ela deve conduzir-se de modo santo e respeitoso, com espírito manso e quieto; (3) ela deve esforçar-se para ganhar o marido para Cristo, mais pelo comportamento, do que por suas palavras.

Em Tiago 3: 8 a 12 encontramos palavras de exortação ao amor fraternal, à paciência diante do sofrimento, não retribuindo o mal feito pelo mal, mas abençoando os outros. Após falar sobre o relacionamento humano, Pedro diz que, se realmente queremos ver dias felizes, temos que:

1. Refrear a língua, evitar que os lábios falem engano (3:10);

2. Apartar-se do mal e praticar o bem (3:11);

3. Buscar a paz e empenhar-se em alcançá-la (3:11).

Ele completa:

“Pois os olhos do Senhor estão sobre os justos e os ouvidos atentos à sua súplica, mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal” (3:12).

 

O Crente e o sofrimento (I Pe 3:13-5:14)

Pedro nesse trecho não fala de uma batalha física, mas de acontecimentos diários, no qual causam sofrimentos - de padecer injustamente por causa de se praticar o bem. Ele encara este sofrimento como uma disciplina na vida do crente. Mas, qual deve ser nossa atitude diante do sofrimento? Pedro responde que é zelando pelo bem, sem temor, vivendo uma vida de santidade, tendo uma boa consciência e compreendendo que o sofrimento é a vontade de Deus. Neste caso, diz Pedro, a pessoa pode se considerar “bem-aventurado”. “E não temais, nem vos turbeis; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (3:15). Não é fácil sofrer por haver praticado o bem (manter silêncio, deixar de queixar-se, não vingar-se), mas Jesus Cristo exige de nós: “ter uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós..., fiquem confundidos os que blasfemam do nosso bom procedimento em Cristo, porque melhor é que padeçais, fazendo o bem (se a vontade de Deus assim o quer) do que fazendo o mal” (3:16, 17). Jesus Cristo, nosso Senhor, em 33 anos de vida só praticou o bem, e sofreu mais que nenhum

outro homem.

 

Ele é nosso exemplo.

O versículo 21, do capitulo 3, nos fala sobre o batismo em águas. Esse batismo

tem ver com a salvação - da nossa confissão e promessa de que pertencemos a Cristo. Mas, não remove a imundícia da carne ou pecado. Esse é um processo diário de conversão e santificação, onde se busca a perfeição em Cristo Jesus.

O sofrimento deve nos aproximar de Deus e nos lembrar dos verdadeiros valores

da vida e de que nosso objetivo é fazer a vontade do Pai (4:1-6). “Então, no tempo que vos resta na carne não vivais mais segundo as concupiscência dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (v 2). Pedro diz no versículo 7: “o fim de todas as coisas está próximo”, portanto:

1. Sede Sóbrios (4:7);

2. Vigiai em oração (4:7);

3. Tende ardente amor uns para com os outros (4:8);

4. Sedes hospitaleiros, sem murmurações (4:9);

5. Administre aos outros o dom que recebeu (4:10);

6. Aja conforme a Palavra de Deus (4:11);

7. Administre segundo o poder que Deus dá (4:11).

“...Para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a

glória e o poder para todo o sempre” (4:11a). Quando vivemos assim, nos preparamos para os momentos difíceis, pois desenvolvemos a firmeza e a constância em nossas vidas. O Novo Testamento salienta o fato de que o crente fiel experimenta tribulações e aflições neste mundo ímpio, controlado por Satanás. Aqueles que se dedicam a Jesus Cristo com uma fé firme e leal, que andam segundo o Espírito Santo e que amam a verdade do Evangelho, experimentarão problemas e tristezas. Na realidade, sofrer por amor à justiça é evidência de que nossa devoção a Jesus é genuína. Por essa razão, problemas na vida do crente podem ser um sinal de que está agradando a Deus, sendo-lhe fiel, aceitando a Sua soberania, que é total.

 

Pedro então instrui aos cristãos:

1. Não estranheis a ardente prova, que surgem (4:12);

2. Alegrai-vos no fato de serdes participantes do sofrimento de Jesus Cristo (4:13);

3. Acredite, que bem-aventurados sois, mesmo sendo injuriados (4:14);

4. Não sofra como homicida, ladrão ou malfeitor, mas se sofrer como cristão, não se envergonhe (4:15,16). “Pois já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?

E se é com dificuldade que o justo se salva, onde comparecerá o ímpio e o pecador Portanto. Também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem as suas almas ao fiel Criador, fazendo o bem” (4:17-19).

Nas palavras finais da sua primeira epístola Pedro dá vários conselhos. Primeiro

aos anciãos, que podem ser presbíteros e pastores, pedindo que apascentem o

rebanho de Deus espontaneamente, sem ganância, nem autoritarismo, esperando de Deus a devida restituição (5:1-4). Os pastores e dirigentes de igrejas têm a responsabilidade de cuidar dos crentes, de fazê-los discípulos, de alimentá-los na palavra e de protegê-los. Depois, Pedro exorta os jovens a se sujeitarem aos mais velhos, cingindo-se de humildade uns para com o outros, “porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (5:5).

 

Enfim ele fala a todos:

1. Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, porque Ele tem cuidado de vós (5:6);

2. Lançai sobre Deus toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós (5:7);

3. Sede sóbrios e vigiai, porque o diabo anda em derredor (5:8);

4. Resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os

vossos irmãos no mundo (5:9).

“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá. A Ele seja o poder para todo o sempre. Amém. Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor. Paz seja com todos vós que estais em Cristo” (5:10, 11,14).

 


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