Os Quarenta Dias

 

Os Quarenta Dias

 



O primeiro capítulo do livro de Atos é uma introdução. Os “atos” começam verdadeiramente no capítulo 2, quando o Espírito Santo já capacitou os apóstolos e outros para agirem com eficácia. O primeiro capítulo estabelece uma ligação entre os Evangelhos, terminando com a ascensão e o início da história da igreja no Pentecostes. O conteúdo consiste em uma breve afirmação daquilo que ocorreu nos quarenta dias entre a ressurreição e a ascensão de Cristo (1-11), e é a única descrição que temos do que aconteceu durante os dez dias entre este período e o Pentecostes (12-26). Assim, este primeiro capítulo é de grande importância histórica.

 

Os Quarenta Dias, 1.1-11

Embora esteja implícito que Jesus apareceu aos seus discípulos de tempos em tempos durante os quarenta dias (veja o quadro B), somente duas dessas aparições são mencionadas aqui. Na primeira (4-5), Jesus ordenou que eles esperassem pelo Espírito Santo prometido. Na segunda (6-9), Ele fez a promessa do poder para testemunhar.

 

1. O Mandamento (1.1-5)

Este parágrafo pode ser adequadamente chamado de prefácio ou prólogo ao livro de Atos, embora alguns restrinjam o prólogo aos dois primeiros versículos. Talvez a melhor conclusão seja esta: “O livro de Atos começa com uma transição, e não com um prefácio”.

1 Na atualidade, os estudiosos no Novo Testamento geralmente opinam que a

intenção do prefácio do Evangelho de Lucas (1.1-4) era a de servir também como o prefácio do livro de Atos. Lucas se refere imediatamente ao primeiro tratado

 

(1). A palavra grega para “primeiro” é protos, que no grego clássico era usada para designar o “primeiro” de três ou mais itens. Com base neste fato, alguns julgaram que Lucas pretendia escrever um terceiro volume. Eles opinam que isto talvez ajude a explicar por que o livro de Atos termina tão abruptamente. Mas a maioria dos estudiosos da atualidade concordaria com Lumby, que escreve: “O uso de protos como a anterior ou a primeira entre duas coisas não era incomum no grego mais recente”.2 Exemplos disso no Novo Testamento estão em Mateus21.28; 1 Coríntios 14.30; Hebreus 8.7; 9.15; Apocalipse 21.1.

 

O uso de “primeiro” em A palavra grega para “tratado” é logos, que é traduzida como “palavra” em 218 de suas 330 ocorrências no Novo Testamento. Somente aqui ela é traduzida como “tratado”. Mas este uso está confirmado por Xenofontes (século IV a.C.), que se refere a um “livro” de sua obra Anabasis como um logos? O primeiro tratado é, sem dúvida, o Evangelho de Lucas, que também é dedicado a Teófilo.

O Evangelho de Lucas e o livro de Atos são os dois livros mais longos do Novo Testamento. Juntos, eles totalizam cerca de uma quarta parte do conteúdo total. E provável que os limites destes dois livros fossem definidos pelo fato de que era impraticável elaborar um rolo de papiro com mais de onze metros, aproximadamente.

 

O Evangelho de Lucas e o livro de Atos atingem, cada um deles, cerca de dez metros — um rolo suficientemente incômodo para se carregar!

O nome Teófilo (“amigo de Deus”, ou “aquele que ama a Deus”) é encontrado somente aqui e em Lucas 1.3, onde ele é chamado de “excelentíssimo” (ver comentários sobre aquele versículo). Houve alguma especulação quanto ao motivo pelo qual o título é omitido aqui. Blaiklock menciona três possíveis motivos: “um aprofundamento da amizade, o abando do ofício ou a conversão ao cristianismo”. Mas talvez a justificativa mais simples seja a de que Lucas não viu a necessidade de repetir o título.

Lucas diz que no primeiro tratado ele escreveu acerca de tudo que Jesus começou não só a fazer, mas a ensinar. Muitos dos estudiosos mais recentes negaram que a palavra “começou” tenha qualquer significado, sustentando que se trata meramente de uma palavra auxiliar semita — “começou a fazer” significa um pouco mais que “fez”.

Mas F. F. Bruce acertadamente objeta esta opinião. Ele interpreta a frase da mesma maneira como o fazem muitos dos comentaristas mais velhos: “Da mesma maneira como o Evangelho nos conta o que Jesus começou a fazer e ensinar, assim também o livro de Atos nos conta o que Ele continuou a fazer e ensinar pelo seu Espírito na vida dos apóstolos, depois da sua ascensão”.

A expressão em duas partes — fazer e ensinar — chama a atenção para os dois

principais aspectos do ministério de Jesus — as suas obras e palavras. Ambas tinham em si o poder divino. Lucas indica que no seu primeiro tratado, o

 

Evangelho que leva o seu nome, ele

descrevera as palavras e as obras de Cristo até o dia em que Ele foi recebido em cima.

(2). E um fato intrigante que o Evangelho de Lucas, e somente ele, termine com

uma descrição da ascensão. A expressão ter dado mandamentos é um particípio em grego, “tendo mandado”.

É melhor traduzido no singular — “ter dado mandamento” (ASV). Isto se refere à Grande Comissão (Mt 28.18-20), que foi o mandamento final de Cristo para os seus discípulos.

Padecido (3) é usado apenas aqui no Novo Testamento significando o sofrimento e a morte de nosso Senhor. As primeiras versões em inglês apresentam a palavra paixão em cerca de meia dúzia de passagens, segundo a Septuaginta, que apresenta passio (grego, pathema, “sofrimento”).

Apresentou (3) é a melhor tradução, em lugar de “mostrou”. Literalmente, “Ele se colocou ao lado deles” nas suas aparições depois da sua ressurreição, de tal maneira que eles não poderiam duvidar que fosse Ele (cf. Lc 24.30-31).

Infalíveis provas é uma palavra, “provas” (ASV). Mas existe uma outra mais forte

(;tekmerion), encontrada somente aqui no Novo Testamento. Ela significa “um sinal seguro, uma prova positiva”. Thayer define isto como “meio pelo qual algo é certamente e plenamente conhecido; uma evidência indubitável, uma prova”. Arndt e Gingrich dizem que significa “uma prova convincente, decisiva”, e eles assim traduzem a frase: “muitas provas convincentes”.

Sendo visto por eles por espaço de quarenta dias (lit., “durante quarenta dias”)

significa que Jesus aparecia aos seus seguidores periodicamente durante este período (ver o quadro B), como sabemos a partir dos relatos dos Evangelhos. Esta é a única passagem no Novo Testamento onde é mencionada a extensão do seu ministério pósressurreição.

 

O assunto das conversas de Cristo com os discípulos durante esses quarenta dias era o Reino de Deus. Esta expressão, freqüentemente encontrada nos Evangelhos, quer dizer o reinado ou a lei de Deus no coração dos homens. Sem dúvida, Jesus falava sobre a natureza espiritual do Reino. Mas a verdade penetrava muito lentamente. O fato de que os discípulos ainda vislumbravam este Reino como um reino político é demonstrado na sua pergunta no versículo 6: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?

Estando com eles (4) é uma única palavra em grego (synalizomenos). Cadbury e Lake adotam uma leitura alternativa, encontrada em Eusébio, synaulizomenos, que quer dizer “passar a noite com, hospedar-se com”. Esta é evidentemente a base da tradução “estando com eles”. Provavelmente, a melhor tradução é aquela encontrada na margem das versões mais atuais em inglês: “comendo com eles”. Esta opinião é compartilhada por C. S. C. Williams em sua tradução “compartilhando refeições com eles”.

Determinou, em grego, não é a mesma palavra encontrada no versículo 2 (ver os comentários sobre este texto). Abbott-Smith indica que a palavra usada na passagem anterior “aponta mais para o conteúdo do mandamento”, ao passo que o termo encontrado aqui é usado “especialmente para as ordens transmitidas por um comandante militar”. Os discípulos ainda não estavam adequadamente capacitados para a sua principal ofensiva contra o inimigo. Assim, o seu General ordenou que eles esperassem (lit., “esperar nas redondezas”) até serem autorizados pelo Espírito Santo a executarem a sua tarefa. O mandamento de que não se ausentassem de Jerusalém sugere que os discípulos estavam planejando retornar ao seu território natal na Galiléia. Os governantes judeus de Jerusalém tinham causado a morte do seu Mestre, e naturalmente espera va-se que perseguissem os seus seguidores. Além disso, os anjos no sepulcro vazio tinham avisado, por meio das mulheres, que os discípulos deveriam encontrar o seu Senhor ressuscitado na Galiléia (Mt 28.7; Mc 16.7). Jesus os tinha encontrado ali (cf. Mt 28.16-20; Jo 21.1-14). Portanto, parece completamente lógico que os discípulos retornassem para lá.

Mas o Mestre tinha outros planos para eles. Ele ordenou que esperassem em Jerusalém pela promessa do Pai, i.e., a promessa feita pelo Pai (cf. Is 44.2-5; Ez 39.28-29; J1 2.28-29). Esta é uma promessa que de mim ouvistes (cf. Lc 24.49; Jo 14.16, 26; 15.26). Rackham observa que “a repentina mudança do estilo direto para o indireto (a expressão disse ele não consta no texto grego) é característico do estilo dramático de Lucas”.

 

A afirmação do versículo 5 é intimamente correspondente às palavras de João

Batista encontradas em Mateus 3.11; Marcos 1.8 e Lucas 3.16. Da mesma maneira que Jesus repetira o principal texto da pregação de João (cf. Mt 3.2; 4.17), agora Ele também ecoava a antiga declaração de João Batista. Esta forte ênfase no batismo no Espírito Santo como maior e mais essencial do que o batismo nas águas antecipa o impulso central do livro de Atos. Qualquer cristianismo que negligencie o batismo pelo Espírito é incompleto e pré-pentecostal. Na verdade, ainda não se iguala à pregação de João Batista. Sem esse batismo, não teria existido o livro de Atos, e na verdade nem a Igreja de Cristo hoje. Sem o batismo no Espírito Santo como uma experiência pessoal, não existe uma capacitação adequada para uma vida vitoriosa e um serviço eficaz.

A última frase do versículo 5 é, literalmente: “não depois destes muitos dias”. Williams comenta: “A ordem curiosa das palavras... pode ser do aramaico (Torrey e Burney) ou possivelmente um latinismo (Blass). Ela provavelmente significa “não muitos dias depois de hoje”.

 

2. A Promessa (1.6-11)

Aqui se inicia um novo parágrafo. Isto está indicado claramente no texto grego pelo uso de hoi men oun — literalmente: “portanto eles verdadeiramente...” Esta fórmula introdutória aparece nada menos do que oito vezes no livro de Atos,1além de cinco vezes em que men oun é usado com outro pronome. Esta aparição de Jesus aos discípulos em conexão com a ascensão é provavelmente uma variação da descrição de 4 e 5.

Nesta reunião entre o Mestre e os seus discípulos, eles lhe perguntaram: Senhor,

restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? Williams comenta: “Eles esperavam

um reino material, porque o Espírito ainda não havia descido sobre eles para dar-lhes uma concepção mais esclarecida sobre os fatos”. De maneira similar, Lumby escreve: “A mudança do espírito que estabelece a pergunta neste versículo, para aquele segundo o qual Pedro pregou arrependimento e perdão a todos aqueles a quem o Senhor chamou (At 2.38,39), é uma das grandes evidências do milagre do Pentecostes”.

Em certo sentido, não nos surpreende que os discípulos tenham feito essa pergunta. Na ressurreição, Jesus tinha triunfado sobre os seus inimigos. Não era esse o sinal para o estabelecimento do Reino? Além disso, o seu ministério ficara quase inteiramente restrito a Israel. Isto não indicava que as promessas do Antigo Testamento, da glória futura do povo de Deus, deveriam ser cumpridas, agora que o Messias tinha vindo? Ficara conclusivamente provado, pela ressurreição, que Jesus era o Messias. Mas Cristo lembrou aos seus discípulos que a escolha da época adequada era um segredo pessoal do Pai (cf. Mt 24.36; Mc 13.32). Não lhes cabia conhecer tempos ou estações (7). A palavra grega para tempos é chronos, que significa simplesmente “o tempo no sentido de duração”. Mas a palavra para estações (kairos) significa tempo “no sentido de um período fixo e determinado”. Trench diz que as estações são “os períodos

críticos que marcam época, pré-ordenados por Deus”. F. F. Bruce assim destaca a diferença entre as duas palavras: “Chronous refere-se ao tempo que deve transcorrer antes do estabelecimento final do Reino; kairous, aos acontecimentos críticos que acompanham esse estabelecimento”. Winn diz que os discípulos não conheciam “a duração do tempo, nem os momentos-chave”.25

Poder deveria ser “autoridade”. A palavra grega não é dynamis, como é no versículo 8, mas sim exousia. Assim, significa propriamente: “liberdade para exercer a força ou a faculdade interior expressa por dynamis”, portanto “direito” ou “autoridade”.26 De maneira similar, Cremer chama a atenção para o fato de que exousia e dynamis são também encontradas em conexão íntima em Tucídides e Plutarco. Ele observa esta diferença: dynamis implica a “posse da capacidade de fazer sentir o poder”, ao passo que exousia “afirma que o movimento livre está garantido para aquela capacidade”.

Em Atos 1.8, está o versículo-chave deste livro significativo. Ele mostra, simultaneamente, o poder e o programa da Igreja de Jesus Cristo. O poder é o Espírito Santo. O programa é a evangelização do mundo. Para uma pessoa, reivindicar ser cheia do Espíritoe apesar disso não estar vitalmente preocupada com as missões do mundo é equivalente a negar a sua profissão de fé. Quando o Espírito Santo enche o coração humano com o seu poder e a sua presença, Ele gera a necessidade de obedecer aos mandamentos de Cristo. O inverso também é verdadeiro: a Grande Comissão não pode ser realizada sem o poder do Espírito.

Este versículo também indica as três principais divisões do livro de Atos:

1. O testemunho em Jerusalém (caps. 1—7);

2. O testemunho em toda a Judéia e Samaria (caps. 8—12);

3. O testemunho no mundo gentio (caps. 13—28).

Assim, a Igreja seguiu a definição das suas atividades, dadas pelo próprio Senhor.

A adequação deste esquema ao conteúdo do livro pode ser vista claramente. Todos os eventos registrados nos sete primeiros capítulos aconteceram em Jerusalém, ou nas suas proximidades — a ascensão de Jesus e a escolha de Matias (cap. 1), o Pentecostes e o primeiro sermão de Pedro (cap. 2), a cura do homem coxo e o segundo sermão de Pedro (cap. 3), a primeira perseguição e uma reunião de oração (cap. 4), a morte de Ananias e Safira e a segunda perseguição (cap. 5), a escolha dos sete e a prisão de Estevão (cap. 6), a defesa e a morte de Estêvão (cap. 7). Semelhantemente, os capítulos 8 a 12 descrevem a expansão dos testemunhos por toda a Judéia e Samaria.

No capítulo 8, Filipe vai em direção ao Norte, até Samaria, e então para o Sul, em direção a Gaza (o Sul da Judéia). No capítulo 9, Saulo é convertido e Pedro evangeliza Lida e Jope (a oeste da Judéia, perto do Mediterrâneo). No capítulo

10, Pedro tem uma visão em Jope e ministra em Cesaréia — ambas na costa do mar Mediterrâneo (Cesaréia era a capital romana da Judéia). No capítulo 11, Pedro se apresenta em Jerusalém e uma igreja é fundada em Antioquia, na Síria (fora da Judéia e Samaria).

No capítulo 12, temos a libertação de Pedro (em Jerusalém) e a morte de Herodes (em Cesaréia).

Nos capítulos 13 a, encontramos a propagação dos testemunhos do Evangelho pela Asia Menor, pela Macedônia, pela Grécia, e finalmente em Roma. Para o povo de Jerusalém, isto seria “os confins da terra”. Na verdade, esta expressão é usada referindo- se a Roma em um livro apócrifo — Salmos de Salomão 8.16 (século I a.C.).

A palavra grega para poder, como já foi observado, é dynamis (cf. “dinamite”, “dínamo”). Isto significa “poder, força”. Alford diz que aqui ela significa “aquele poder, especialmente mencionado em 4.33, relacionado com o ministério de dar o testemunho da ressurreição; mas também com todos os outros poderes espirituais”. A primeira frase desse versículo afirma claramente que o poder (a virtude) vem quando o Espírito Santo vem. Isto porque Ele é poder. Não existe poder espiritual da parte de Deus, separado da presença do Espírito de Deus. E por isso que todo cristão precisa estar cheio do Espírito.

Ser-me-eis testemunhas é, no melhor texto grego, “minhas testemunhas” (mou, em lugar de moi). Isto torna o assunto um pouco mais pessoal. O nosso testemunho de Cristo é subjetivo, baseado na experiência, e também objetivo, baseado na observação. A palavra testemunhas (tanto no singular quanto no plural) aparece treze vezes no livro de Atos.

Os apóstolos deveriam ser testemunhas de Cristo, em primeiro lugar, em Jerusalém, tão logo recebessem o Espírito Santo ali (cf. 4). Em seguida, deveriam sair da capital e espalhar-se por toda a Judéia — de Jerusalém, a leste, até o rio Jordão; ao sul, para Hebrom; e a oeste, para o Mediterrâneo. Diretamente ao norte de Jerusalém está Samaria, habitada por povos que eram parcialmente judeus e parcialmente gentios. A antiga cidade de Samaria, capital do Reino do Norte de Israel, fora conquistada pelos assírios em 722 ou 721 a.C. As pessoas de melhor nível foram levadas como cativas e se estabeleceram em regiões a leste da Mesopotâmia. Ao mesmo tempo, as pessoas desses territórios

do leste foram levadas a Israel. Esta política era adotada pelos assírios para romper com todo o espírito nacionalista e, dessa forma, evitar revoltas contra o seu poder supremo. Conseqüentemente, os samaritanos eram um tipo de raça mestiça, encarados com desprezo pelos judeus da Judéia e da Galiléia. Mas Jesus ordenou que os seus discípulos judeus os evangelizassem.

O limite final da tarefa era até aos confins da terra. Alexander comenta: “aos não

representa plenamente a preposição grega (heos), que só pode ser expressa por formas como até mesmo, tão longe quanto, sugerindo a idéia de grande distância” Esta frase, até aos confins da terra, é encontrada na mesma forma em grego, na Septuaginta, em Isaías 48.20; 49.6; 62.11, assim como novamente em Atos 13.47 (“até aos confins da terra”), onde a citação é de Isaías 49.6. Ela enfatiza o fato de que o Evangelho deve ser transmitido às pessoas em todas as partes do mundo.

Winn faz uma observação significativa sobre a mudança de direção que é enfatizada em Atos 1.8. Ele diz: “Israel já não mais esperará que as nações venham até ela, trazendo ofertas a Jerusalém (ver Is 2.3; 45.14; 60.4-7); ao contrário, as testemunhas de Jesus sairão de Jerusalém e irão até às nações”. E acrescenta: “Pode uma igreja, que permanece no seu lugar e está satisfeita em ministrar simplesmente àqueles que vêm até ela, afirmar ser fiel ao seu mandamento?”

A ascensão é descrita nos versículos 9-11. Jesus foi elevado da terra às alturas e desapareceu em uma nuvem (9). Encontramos uma nuvem mencionada em relação à ransfiguração (Mt 17.5; Mc 9.7; Lc 9.34). A nuvem era um símbolo da glória de Deus.

Enquanto os discípulos tinham os olhos fitos no céu (10) — o verbo “indica um

olhar fixo, imóvel, prolongado”32— dois varões, que eram anjos, apareceram vestidos de branco (cf. Mt 28.3; Jo 20.12). Estes visitantes angelicais anunciavam a segunda vinda de Cristo (11), assim como já haviam anunciado o seu nascimento (Mt 1.20; Lc 1.26-35), e a sua ressurreição (Mt 28.5-7; Mc 16.5-7; Lc 24.4-7). Os anjos se dirigiram aos discípulos como varões galileus. Praticamente todos os seguidores de Jesus tinham vindo desta parte norte da Palestina. Para eles, foi feita a promessa de que esse Jesus - o texto grego assim afirma - haveria de vir novamente. Knowling comenta: “Se a menção a sua pátria, ao norte, lembrou aos discípulos que eles tinham sido anteriormente escolhidos por Cristo, e acerca de tudo o que Ele tinha representado para eles, o nome pessoal Jesus lhes asseguraria que o seu Mestre ainda seria um Amigo humano e um Salvador Divino”. Assim como, ou “exatamente da mesma maneira” (Weymouth), sugere que da mesma maneira que a sua partida foi visível, o seuretorno também o será.

Aqui encontramos “A necessidade desesperada”.

1. A necessidade desesperada (1.4); 2. Apreparação detalhada (1.12-14); 3. Os resultados desejados (2.1-4). (Kenneth H. Pearsall)


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